Río do seu desespero e já vou contando tudo desde o momento em que sai de casa.

— Ele foi tão carinhoso com você. Estou feliz pela minha irmãzinha, você merece tudo de bom mesmo.

Me abraça.

— Obrigada Angel, você também merece. — retribuo o abraço apertado.

— Glória ligou, perguntou quando iremos ao orfanato. Tem uma garotinha nova por lá.

— Por mim poderíamos ir agora.

— Perfeito então, vou me arrumar.

Enquanto espero Angel voltar, mando uma mensagem para Scott avisando que estou com ela e iremos ver as crianças.

— Estou pronta. — Ela aparece.

— Então vamos.

Descemos, pegamos um táxi e tagarelamos até chegarmos lá. Pagamos a corrida e descemos. Quando chegamos na porta, somos recepcionadas com carinho por dona Sofia.

— Que saudades de vocês, minhas meninas.

— Também estávamos, dona Sofia. — Nós a abraçamos.

— Onde estão os meus bebês? — já estou animada.

— Na brinquedoteca, eles ainda não sabem que vocês estão aqui.

— Então vamos até lá, quero meus pequenos. — Angel está tão animada quanto eu.

Seguimos em direção a brinquedoteca e vamos parando em cada canto já que sempre tem alguma criança passando.

Apesar de tudo o que eu passei, esse local me trás uma paz enorme, não foi desse orfanato que eu vim, mas foi de um que eu saí.

Quando os meus pais morreram, eu fui parar em um lugar para crianças onde era chamado de lugar dos rejeitados, porque ninguém os queriam mais.

Aquele lugar era um inferno, jovens batendo em crianças menores. Gritaria, xingos, uma verdadeira revolta.

Apesar de nada justificar a violência, hoje eu sei que aquelas crianças se revoltaram pelos comentários maldosos que as cuidadoras faziam, pela falta de carinho, mas quando eu apanhava, eu sofria calada e por um momento cheguei a cogitar a ideia de agir do mesmo modo, devolver na mesma moeda, mas não seria eu, não seria a criança que minha mãe tinha ensinado e aquela altura do campeonato, eu só queria lembrar dela.

Depois veio a Angel, a conheci quando pude frequentar a escola e apenar de ser uns anos mais velha, nos tornamos amigas. Eu sempre tive uma conexão muito forte com ela, e quando veio a notícia de que seus pais queriam me adotar, foi um dos dias mais felizes da minha vida. Eu lembro da felicidade que eles tinham em estarem me recebendo na família e eles me acolheram como se eu realmente tivesse sido filha deles desde que nasci.

E essa felicidade toda foi durando por quase um ano, até o acidente. Meu novo pai, sempre viajava a trabalho e nós sempre o acompanhávamos, mas nesse dia, eu fiquei doente. Meus pais não queriam me deixar, mas ele precisava ir até a outra cidade e minha mãe precisava o acompanhar. Angel se recusou a ir e acabou ficando comigo na casa da vizinha.

Uma Secretaria em Minha Vida - Livro 1 (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora