Ela prendia a respiração ouvindo a conversa "Como ela pode ser tão oferecida assim?!" Anne pensava. 

"Hey deve ser a nova hóspede" disse uma voz masculina vindo de fora e ela se virou assustada. 

"Opa.. Não queria te assustar, desculpe.. Sou Walter, dos Estados Unidos" ele disse se apresentando. 

"Está tudo bem.." ela respondeu sorrindo e recuperando o fôlego do susto "Sou Anne, prazer" disse copiando o que Gabrielle disse mais cedo. 

Walter era branco, com as bochechas rosadas e cabelos loiros lisos. Sentou no sofá e estava bebendo uma latinha. 

"E então Anne, você é daqui mesmo? Percebi pelo seu sotaque". 

"Oh sim.. Sou. Vou trabalhar aqui com Robert" ela respondeu e tomando o restante da lata ele disse "legal!". 

"E você Walter? Veio visitar Londres?" ela perguntou e ele disse que já tinha estado na cidade outras vezes e adorava voltar. Tinha feito amigos por lá. 

"Hey Walter, já conheceu Anne pelo jeito" Robert disse e Walter assentiu. "Ele já está conosco há 10 dias, voltará para seu país no final de semana" explicou para Anne.

Anne fez uma cara de pesar e Walter deu de ombros "É.. Minhas férias passaram muito rápido". 

"Por que não sai com Gabrielle hoje? Ela disse que vai em um pub bem legal" Robert sugeriu quando ela se juntou ao grupo na sala. 

Anne reparou na cara desapontada dela, mas ela foi educada e convidou Walter assim mesmo, que aceitou sem pensar duas vezes. 

Os dois hóspedes resolveram comer fora e irem para o pub direto, ficando apenas Anne e Robert. Ela adorou o macarrão e agradeceu o jantar. 

Sentaram-se na sala e ela perguntou o que era Pub. Robert explicou e disse que a levaria em algum, caso ela quisesse. Ela assentiu e em seguida perguntou o que era aquela caixa preta na parede. 

Robert riu e vendo a cara dela zangada se desculpou e explicou o que era a televisão. Então pegou o controle e ligou. 

"Oh meu Deus!" Anne gritou colocando as mãos na boca espantada. "Isso é como o celular?". 

"Mmm.. Mais ou menos" ele disse a observando. Ele queria acreditar na história dela, mas era muito surreal para ser verdade. 

"Anne.." ele começou e ela se virou para ele "Sim". 

".. Você entende que pra mim é difícil de acreditar em sua viagem no tempo, certo?". 

"Sim, eu sei.. Mas não sei como te provar.. A Sam tinha o celular dela.." ela disse abaixando o olhar e apertando as mãos. 

"Quem é Sam?". 

"Samantha.. Ela é do Brasil. Em 2017 ela encontrou um medalhão, no casarão Pusset, foi para meu tempo.. Não soube como voltar e no fim, eu acabei acabei fazendo a viagem de volta. Estamos em 2017 certo?" falou rapidamente sem respirar.

"Não.. Nós estamos em 2015 na verdade" ele disse devagar. "Ohhh" ela exclamou mas depois se lembrou da história que contaram para Samantha sobre o medalhão. 

"Certo.. Vou te contar toda a história desde que Samantha chegou no século XIX." disse decidida.

Então ela passou um tempo, relembrando todos os detalhes, contou sobre os Pusset, sobre sua irmã e sua família, e nesse momento ela se emocionou. Contou sobre as investigações da irmã sobre o medalhão e como eles pensavam ser Rose e não ela, quem faria essa viagem. 

"... Mas quando vi Rose quase pegando o medalhão, não pensei duas vezes e peguei primeiro. Ela finalmente conheceu o amor, eu não deixaria ela se afastar de Noah. Mas também não pensei naquele momento que eu faria a viagem, entende. Só fui impulsiva, para protegê-la" disse respirando fundo. 

Robert estava chocado com tanta informação. "Ela não poderia inventar aquilo de uma hora pra outra" ele pensou. 

"mmm.. Tenho uma idéia" ele disse após digerir tudo em silêncio. "Podemos procurar sobre sua família, histórias, talvez podemos encontrar alguma informação". 

"Ohhh sim! Claro.. Você tem livros sobre o assunto?" disse olhando ao redor procurando e ele levantou o celular. "Podemos encontrar qualquer coisa aqui" disse sorrindo. Sentou-se mais próximo a ela, para mostrar o aparelho, mas ela se afastou assustada. 

"Vou pegar meu laptop, para você conseguir ler as informações comigo" ele sugeriu se levantando e saindo pela porta de vidro. 

Voltou com um caderno, colocou o laptop na mesa e sentaram-se em frente. 

Anne olhava chocada para tudo aquilo. Tocou a tela do laptop e sorriu "Isso tudo é tão diferente! Vi na sala da médica, algo parecido. Eu achei que vocês usavam para escrever e não usassem mais papéis e pena." 

"Sim.. Usamos papel, mas não pena. Temos caneta e lápis. Mas usamos o computador para várias coisas. Como por exemplo, fazer pesquisas. Pronta?". 

"Sim!" ela disse batendo as mãos feliz "O que quer saber?". 

"Onde você morava?" Robert perguntou e ela disse que era ali, na praça onde ele a encontrou, a casa da família Birdwhistle era lá e gostaria muito de saber o que aconteceu. 

Robert anotou tudo sobre os Birdwhistle, Pusset e Cecília Taylor Berrycloth. 

Para sua surpresa, ele encontrou algumas histórias. Como os Pusset fabricaram os primeiros carros com parceria alemã. Encontrou notícias sobre John Berrycloth, magnata do aço. E encontrou fotos de antigos casarões, entre eles, a casa de Anne. 

Ela chorou tocando a tela, onde aparecia a foto de sua casa. Lá dizia que a família vendeu a propriedade para a cidade de Londres, abrir caminho para ruas, tendo no local uma pequena praça. 

Robert a observava em choque..era tudo real. Então ele soltou um palavrão e pegou uma cerveja para tentar engolir aquela história com mais facilidade.

London London III - Uma Vitoriana no Século XXI Where stories live. Discover now