Que me tirem o coração.

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- Por que está aqui Dralyth? – o rei questionou enquanto passava por ela, para ficar diante da moldura da porta da sacada.

Precisava de ar, sentia-se amarrado, preso. Era uma sensação sufocante e horrível.

- Estou preocupada com você.

- Você entendeu o que o eu disse. – ele rosnou, sentindo seu corpo esquentar com a aproximação dela.

- Eu faço por Brienne.

- Por amor de Eru! – ele rosnou virando-se para encara-la. – eu não sou tolo, e nem ingênuo, sei que faz isto por ele! Não faz qualquer coisa que seja por ele.

- Eu faço por ela, e faço por ele! Os dois são importantes para mim, e não deixaria uma menina como Brienne ter um destino desses, você sabe o que os mortais fazem com pessoas como ela.

O rei respirou fundo, olhando profundamente nos olhos verdes e insondáveis. Era injusto o que sentia, desde de o princípio a relação deles estavam mais do que esclarecida, mas ainda assim era injusto.

- Eu não suporto o que está fazendo, veio se refugiar dentro dos meus salões e está usando o meu filho, em benefício a ele! – o rei rosnou – você não é tola, sabe bem o que está acontecendo, o que eu sinto e como me sinto.

- Por favor, esse não é o momento. – ela implorou, esticando uma mão para toca-lo, o rei se esquivou novamente de seu toque.

- É sim o momento, a situação mais clara. Eu não confio em você, Anaya. – ele sabia que não deveria usar seu nome verdadeiro, mas estava muito irritado.

Ela o encarou com os olhos arregalados.

- Eu não confio que esteja tão perto do meu filho, e eu a quero bem longe de mim e do meu reino. Quero que resolve isso com Firandir o quanto antes, e leve essa garota daqui. – ele decretou – e então, faça o favor de não voltar nunca mais, porque se trouxer problemas para mim, ou qualquer pessoa sob minha proteção, não medirei esforços para acabar com você.

- Mas Legolas pode fazer o que quiser, não pode me tirar...

- Posso sim! – o rei gritou – você abriu mão de qualquer direito que pudesse ter, quando o entregou para mim!

Algo como dor rondou os olhos profundos e verdes, mas desapareceu no mesmo instante. O aroma de trevos saturou o ambiente ao ponto de se tornar enjoativo, as chamas que estavam apagadas nos candelabros e na lareira acenderam-se de uma vez, de forma intimidadora, mas o rei não recuou. Ela o tinha levado para o abismo, mas não permitirá que ela levasse seu filho também.

- Você não sabe o que está fazendo. – ela rosnou – mas eu irei fazer sua vontade, majestade.

Thranduil virou-se para a sacada novamente, na esperança de que ela partisse, mas a bruxa continuou ali, analisando-o de alguma forma.

- Você está certo disso? – ela sussurrou, depois de alguns segundos de silêncio.

Ele não conseguiria responder, embora sua mente estivesse certa de que era o melhor a fazer, seu coração sangrava com o pensamento de nunca mais tê-la para si. Nem que fosse por uma noite. Dralyth se aproximou dele, e descansou a fronte conta suas costas, uma mão subiu para alcançar a túnica, deslizando em uma caricia sobre suas costelas, antes de deslizar para o estômago e subir para peito, pousando em seu coração.

Thranduil odiava isso. Mas ela o conhecia tão bem, e sabia o quanto custaria afasta-la. Ele segurou a mão pequena, forçando-a contra seu coração acelerado, quanto mais permitia a estadia da bruxa em sua casa, mais perto de descobrir a verdade Legolas ficava, e o rei estava disposto a sofrer a dor de perde-la, para proteger o que o unia a Legolas.

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