— Por isso a casa estava vazia.

— Sim. Eu fiquei chateado, claro. Era meu pai. E eu gostava de Nina como uma irmã. Mas a vida seguiu e, há algum tempo eu decidi reencontrá-la.

Prefiro deixar os detalhes dos motivos que fizeram com que eu decidisse isso de fora.

— E a reencontrou?

— Sim, há alguns meses. Eu contratei um detetive e enfim... — Poupo Sebastian dos detalhes. — Eu a contratei para ser minha secretária.

— E aí? Como foi isso?

— Ela não sabe quem eu sou — confesso e agora ele está assombrado.

— Como é?

— Eu a segui por um tempo...

— Alex, que merda andou fazendo?

— Eu sei, parece coisa de algum maluco obcecado, mas eu não sabia como ela me receberia. Eu disse que ia voltar e encontrá-la e a deixei para trás.

— E daí? Eram crianças.

— Eu só sei que por um tempo hesitei em me apresentar.

— E ela não te reconheceu?

— Eu não tenho mais o mesmo nome. E não somos mais crianças, eu mesmo não a teria reconhecido se passasse por ela na rua.

— E como ela é?

— Linda.

Agora ele levanta a sobrancelha e acho que estou corando como um colegial.

— É este o problema? Está com tesão na sua irmãzinha?

— Porra, cala a boca, ela não é minha irmã.

— Mas era assim que você ainda pensava nela.

— Sim, tem razão. É este o problema .

— Este e o fato de que não contou a ela ainda quem é de verdade, presumo?

— Não.

— Por que não? Está meio confuso pra mim.

— Eu não sei. Apenas... Tem algo com ela, que não consigo entender. Ela parece... traumatizada com alguma coisa.

— Como assim?

Como explicar a Sebastian o que nem eu mesmo entendo?

— Ela não tem amigos. Nunca parou em um emprego por muito tempo, sua vida é um completo mistério e ela age como se estivesse distante emocionalmente de tudo, ou como se tentasse.

— O que acha que a deixou assim?

— Eu não faço ideia. Quando eu a observava de longe, intui que algo estava errado. Me pareceu uma boa ideia trazê-la para a Black. Eu poderia ajudá-la.

— Ajudá-la como?

— Primeiro eu queria conhecê-la e depois dizer quem eu sou.

— Está protegendo ela ou a seu rabo cheio de culpa?

Eu solto uma risada sem humor.

— Os dois, acho. Eu tive medo de que ela guardasse mágoas.

— Acha que depois de todo este tempo ela iria ter raiva de você?

— Talvez sim. As coisas não eram fáceis para Nina naquela época.

— E acha que ficaram piores em algum momento?

— Eu tenho certeza, só não sei como e nem quando.

— Então, ela virou sua secretária e nem sabe quem você é de verdade?

Black - O Lado Escuro do Coração - ATO IITahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon