O DUQUE VON DERICK_ (Concluída)

Cap.I

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Era uma noite gélida e tempestuosa em Terdires.A neve revestia tudo muito rapidamente, com as fortes rajadas de vento ,carregadas de gelo.Em meio à densa e escura floresta,esquecido nos confins do pequeno continente, um grandioso palácio de pedra ficava cada vez mais escondido pela neve.Lá dentro,o Duque de Terdires,o jovem Matthew von Derick, olhava tedioso para o fogo na lareira,enquanto bebericava o seu chá e ouvia seu irmão, Louis von Derick, reclamar por estar preso ali no palácio,quando poderia estar em Londres na Inglaterra, com seus amigos e suas mulheres nos cassinos luxuosos.
__Aaah...eu nem acredito Matt!! Eu ,o fabuloso Louis von Derick, o grande libertino ,preso com meu taciturno e rancoroso irmão!

Louis era mais moço, tinha apenas vinte anos ,cachos louros rebeldes,enormes olhos verdes e sardas nas bochechas,esbelto e viril como os de sua idade normalmente são.Amava os bailes e a vida agitada de Londres,onde gastava a sua parte da fortuna em bares ,salões, cassinos e todo e qualquer lugar de caráter duvidoso.
Vivia a criticar Matthew, que por outro lado ,vivia fechado neste belo palácio escondido do mundo.Sem sequer pôr os pés pra fora à 8 anos.
Matthew sabia que era rude,mas não conseguia evitar.Julgava Louis imaturo demais e isso o irritava profundamente.
Depois de mais um gole em seu chá de ervas, olhou para o irmão:
__Gosto disso tanto quanto você Louis!
Louis porém, andando de um lado para o outro ,estava em chamas.
__Ah não! É muito pior para mim.Pense só!Eu tenho uma vida.Eu deveria estar em Londres!Em Londres!--Ele choramingou.
Matthew não disse nada.Nunca recebia visitas ali e somente seu irmão sabia onde o encontrar.Esperava que a tempestade acabasse logo,assim ele teria sua solidão de volta.
Como que desistindo de tentar fazer com que Matthew conversasse com ele,Louis desabou numa poltrona.
__CRIADAGEM!!!ME TRAGAM UM VINHO!!
Ninguém veio.
__Onde é que estão seus servos?Você os matou, Matt?CRIAADAAGEEMM!!!
Matthew fechou os olhos brevemente.
__Ah,Louis ,você é ridículo.Se quiser alguma coisa,vá e pegue você mesmo.Você tem mãos para isso.
Seu irmão saiu resmungando para a cozinha.
Matthew tinha um único casal de empregados e eles só obedeciam a ele.
A tempestade de neve já durava quatro dias, desde a visita inesperada de Louis.
__Matenha a calma,mantenha a calma...__ele repetiu para si mesmo.
Matthew era um homem robusto e forte,de cabelos lisos e longos ,escuros feito carvão.A sua pele era mais morena que a de Louis e tinha os olhos castanhos.Vivia ali recluso.
Louis voltou.
__Tem ideia das coisas que eu poderia estar fazendo e...
A noite seria longa.
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De manhã bem cedo ,já vestido e impecavelmente penteado e bem alinhado, Matthew já dobrara os lençóis e descera para a cozinha,onde Louis importunava a serva para que conversasse com ele.
__Louis,deixe a Poly em paz!
A simpática senhora serviu-lhe chá e biscoitos.
Louis resmungou:
__E quanto à mim?
Poly franziu o cenho, exasperada e jogou -lhe o avental.
__Pois prepare você mesmo!!
Louis apenas piscou,boquiaberto.Matthew observou
__A tempestade parou essa madrugada,para minha sorte,logo você poderá ir Louis.
__Não vejo a hora!
Depois de fazer com que Louis lavasse a louça, Matthew se fechou no quarto e esparramou-se na poltrona.
__O que fazer hoje?_ele não tinha plano algum senão o de aturar Louis.
...
Estava olhando a neve pela janela embaçada.Contemplava tristemente o gelo ,enquanto algumas vagas lembranças melancólicas passavam por sua mente, quando ouviu seu servo e Louis gritando à porta de seu quarto.
Surpreso pelo alvoroço, mas prevendo que fosse alguma babaquice de Louis ele abriu.Seu irmão tomou a frente.
__Tem uma mulher lá embaixo querendo te ver.
__O quê?!
Seu servo,senhor William completou:
__É uma senhorita,ela está sozinha e tem uma carta para o senhor.
__Não é possível, como...?
__Também não sei como ela passou por toda essa neve,Matt!!
Confuso, Matthew desceu rapidamente os espirais da escada até a sala de entrada.E tinha mesmo uma mulher ali.Com uma enorme capa preta que a cobria até os pés e com uma enorme mala na mão.Era muito branca,seu cabelo era longo e louro,repleto de flocos de neve entre seus volumosos cachos e seus olhos eram mais verdes que os de Louis.
Matthew foi direto e ríspido.
__Quem é você? O que quer aqui?
Ela colocou a mala no chão, à frente de seus pés.E olhou com charme para ele.
__Como é? Ah,eu esperava cordiais boas vindas,Vossa Graça!!
__Responda-me!
__ Hum! Está bem,meu nome é Emily Sophie Mourtéz.Trouxe-lhe uma carta particular de meu avô.
__Edgar??!!
__Sim,o próprio.
__Suma do meu palácio!!--Matthew gritou irado.Sua voz reverberou como trovão.Louis pôs a mão em seu ombro.
__Calminha Matt!
Ele foi até a moça,que lhe estendeu a carta.
__É de total interesse de Vossa Graça.
Matthew tomou o papel das mãos do irmão e o abriu.
O silêncio foi total enquanto o maxilar de Matthew se contraía conforme lia a carta.
__O quê???Jamais!!E suma daqui!
A moça cruzou os braços e o encarou.
__Mas o que é que diz a carta?!
Matthew olhava para a jovem com raiva.
__Aquele velhote imprestável quer um acordo para comprar o ducado.Só pode estar louco!
__Meu avô não está louco.Está propondo um acordo ,apenas isso.
__Ele já devia era ter morrido!E você volte por onde veio!
__Fique sabendo que a minha viagem foi horrível!__ela balançou as mãos.
__Não me interessa.Vá antes que eu te mande prender.É sua última chance.
A mulher,que era pequena e esguia,empertigou-se e pegou a mala do chão, com toda a graciosidade possível e lhes deu as costas.Mal ela saiu e Louis foi ver de onde ela veio.Mas havia desaparecido, sem deixar rastros,na espessa neve branca.E sequer havia caminho.
Matthew passou o dia a debater com Louis.Conversaram seriamente e não foi nada mal.Louis o compreendia finalmente e ele desabafou tudo,ficando mais aliviado.Tinha um passado sombrio ,e enterra-lo era era muito difícil.
O dia seguinte amanheceu escuro.Louis estava muito quieto e calado.Incomodado por ser a causa do silêncio do irmão,Matthew tentou iniciar um diálogo.
__Louis,pretende voltar a navegar?
__Ah,sim.Concerteza.Já tenho saudades do mar e quanto a você?
Conversaram trivialidades e Louis retornou ao seu habitual bom humor.
Mal haviam deixado a mesa,quando Louis apareceu a frente deles,assombrado.
__Meus senhores!A jovem retornou.