Da Morte a vida

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Era apenas tomar impulso e se jogar, mas quando ela se inclinou para frente e viu que não existiria fim ela não conseguia tomar impulso, ela não conseguia se mexer de forma alguma, era como se uma força gravitacional estivesse a mantendo prisioneira com seus pés na passarela da ponte erguida, seus longos cabelos negros ondulados esvoaçavam ao seu redor lhe chicoteando o rosto como um soldado, seus olhos verdes estavam tentando encontrar um fundo onde seu corpo poderia repousar, mas o final era tão escuro que não tinha fim, era tão frio que lhe dava medo.

Então é assim que é a Morte? A jovem de longos cabelos negros pensa enquanto que se coloca nas pontas dos pés e se inclina para frente, seus longos cabelos negros escorregam por sua nuca até que se encontravam jogados contra a sua cabeça, ela suspira então pensa se podia se jogar assim, mas como eu disse, alguma coisa a prendia ali, era como uma força gravitacional que a empurra para baixo mantendo seus pés presos na ponte de metal a impedir de se jogar.

Suspirando fundo ela pensa se esse era um sinal dos deuses lhe dizendo para não pular, como se mãos de dedos longos a estivessem mantendo seus pés presos ali impedindo seu fim, talvez fosse um sinal ou apenas o medo lhe tomando as veias e bombeado a sua angustia lhe fazendo com que suas pernas bambas se encontrassem se força para tomar o impulso.

Talvez...

—Com licença... —Uma voz masculina diz ao seu lado, a mesma solta um pequeno grito, o medo jorra forte em suas veias a fazendo cair com os joelhos no chão da ponte, suas mãos de dedos longos se encontraram a tremer enquanto agarra as barras de proteção da ponte, seus dentes se encontram a mordiscar a pele sensível do seu lábio inferior enquanto que seus olhos se encontram a tentar conter as lagrimas do medo e da agonia que se encontrava dentro dela.

—Oi? —Sua voz sai tão fraca que ela tem que força a garganta, engolindo um pouco de saliva enquanto começa a se erguer, seus dedos longos ainda tremiam, agora ela não sabia se era por causa do medo ou do frio, suas pernas estavam a tentar voltar a serem fortes o bastante para poderem sustentar seu corpo. —Sim?

—Poderia tirar uma foto nossa? —O jovem homem que se encontrava do seu lado lhe pergunta, seus olhos negros brilhavam com a alegria da vida que ela tanto tentou ter, seu sorriso parecia possuir raios solares que queimavam a pele a ponto de ser quase como um calor humano do qual a mesma ansiava a tantos anos em meio a solidão.

—Claro. —A jovem mulher diz enquanto pega a câmera Polaroid das mãos longas e calejadas do jovem homem. Há uma pequena menina de longos cabelos ruivos do seu lado, seu sorriso parecia com o dele e ela se encontrava a sorrir para a mesma num convite que ela não podia negar. —Onde desejam tirar a foto?

—Ali. —A pequena garotinha de cabelos ruivos diz enquanto aponta para uma pequena trilha que ficava ao pé de um dos montes e com um sorriso diz. —Quero tirar a foto ali.

—Claro. —A jovem moça diz enquanto sorri para a pequena garotinha, seus olhos verdes se encontravam a tentar brilhar, mas o brilho a muito tempo se foi e deixou apenas a frieza das nevascas.

Ela suspira enquanto tenta conter com que sua pele continue a tremer, a uma pulsação quente no seu interior, ela se encontrava a tentar conter com que suas pernas bambas a fizessem cair outra vez, mas quando ela deu um passo à frente suas pernas estavam tão firmes quanto rochas, ela conseguiu dar um passo sem ter as forças gravitacionais a prendendo contra a passarela, mas em vez de dar um passo para frente e pular, ela se viu indo com aqueles dois desconhecidos até o final da ponte, indo para longe do seu caminho da morte, ela não sentiu aquele pânico que se apodera de uma pessoa depois de se dar conta que perdeu a chance, a única coisa que se apoderou dela foi o alivio, um alivio tão bom que ela suspirou aliviada por saber que o medo ainda estava ali a impedindo de dar um passo para o lado e se jogar.

Da Morte a vida.Where stories live. Discover now