Prólogo - Futuro Incerto

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- Diretor Almeida... – Disse Raimundo, que era uma das lideranças daquele comitê avaliativo e que tinha uma expressão de poucos amigos em sua face. – Esse projeto custa aos cofres públicos cerca de um bilhão por ano e tudo que vi até agora foram slides com fotos borradas e fatos duvidosos emitidos num projetor holográfico. Estamos aqui para decidir se essa rasgação de dinheiro público serve para alguma coisa e não vai ser uma apresentação de trinta minutos que irá nos convencer! Vocês estão aqui desde 2010, não têm nada pra nos mostrar de concreto em uma década?

O irritadiço homem que se insurgia também estava próximo dos 60 anos, mas era careca, possuindo apenas alguns poucos cabelos na lateral de sua cabeça e um rosto carrancudo e bem barbeado com olhos castanhos acusativos que fuzilavam seu interlocutor com uma raiva pessoal.

- Sabe o que eu acho, Diretor? – Emendou o rabugento fiscal sem sequer dar chance de lhe responderem. – Eu acho que essa história de artefato e viagem no tempo é só mais um esquema para fazer desvios bilionários de verbas públicas para algum político safado! Se dependesse exclusivamente de mim, não só o Projeto Ontem seria cancelado, como todos os envolvidos seriam minuciosamente investigados pela Polícia Federal, porque eu tenho certeza de que essa pirotecnia toda serve a algum interesse escuso!

- Senhores! – Interviu outra das líderes do comitê, colocando-se de pé e impedindo a resposta do Diretor do projeto. – Vamos fazer uma pausa nessa reunião. Não fizemos todo o longo caminho até aqui para nos indispormos uns com os outros. Tenho certeza de que uma pausa será salutar a todos e garanto que o Diretor Almeida ainda tem outras coisas para nos mostrar, basta termos a mente aberta.

A senhora regulava idade com os dois e estava vestida num terno feminino cinzento que realçava seus longos cabelos negros e os olhos castanhos muito bem maquiados, mas que estavam claramente reprovando os dois com quem falava.

            A senhora regulava idade com os dois e estava vestida num terno feminino cinzento que realçava seus longos cabelos negros e os olhos castanhos muito bem maquiados, mas que estavam claramente reprovando os dois com quem falava

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No escritório do Diretor, um dos principais cientistas do projeto andava e um lado para o outro visivelmente nervoso. O homem chamado Danyel Grotas já tinha seus 45 anos de idade, sendo alguém magro e alto com os cabelos castanho-claros ligeiramente cheios e partidos ao meio. Os olhos analíticos perscrutavam todas as possibilidades de como estaria ocorrendo a reunião e, nenhuma das conclusões a que chegava eram boas.

Vitor Almeida, o Diretor, entrou furiosamente em seu gabinete batendo a porta blindada atrás de si e se jogando na confortável cadeira que ficava posicionada atrás de sua mesa abarrotada de itens.

- A porra do Raimundo é um belo de um filha da puta! – Rosnou o recém-chegado sem nem dar tempo de seu subordinado dizer uma palavra. – Aquele bosta quer nos queimar e, graças a Deus, a Susane estava lá, senão eu voava no pescoço dele!

- Eu queria que não tivesse sido ruim assim... – Resmungou Danyel parando de circular pelo ambiente e massageando seu olho de frustração. – Chegou a mostrar o Artefato a ele? Ele viu a sala de transferência temporal e a câmara holográfica? Poderíamos montar uma apresentação simulada para eles.

Projeto OntemWhere stories live. Discover now