O reencontro

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Eu só preciso organizar meus pensamentos, só isso, mais nada. A música continua alta demais para eu conseguir me ouvir. Seria melhor assim? Não sei, sinceramente nem sei mais se quero mesmo saber. Começo a andar e me afastar das pessoas, preciso chegar ao outro lado, sair dessa barulheira, esta um caos aqui dentro. Dentro de mim ou dentro da festa? Não sei também. Afasto as pessoas com a mão e começo a me movimentar mais rápido. Tudo bem respira, já estamos vendo a saída. Mas ai eu praticamente trombo com alguém. A não, a não, não pode ser....

- Ai – eu digo olhado pra cima, e ai já era. Não pode ser, não pode ser. – Mas.. O que.. Como... – me perco nas palavras e resolvo ficar quieta. Continuo olhando e ainda não da pra acreditar. Eu preciso sair daqui, de repente, todo o ar se foi.

Ele olha para baixo, talvez esteja avaliando minha reação, sua expressão não diz nada. Deveria dizer? Mas que porra esta acontecendo aqui afinal? Nem música eu não ouço mais. Ele continua me olhando, se afasta um pouco e então me olha de cima a baixo. Ai, essa foi à pior. Eu realmente preciso me afastar, mas antes que eu consiga ele pega meu braço e me puxa pra saída. Seu toque é firme e até reconfortante. Eu quero aquele toque e me deixo levar.

No final eu percebo que não estamos mais indo para a saída, ele me leva para o andar de cima da casa por um corredor sem fim e finalmente me solta quando chegamos a um quarto onde a música esta bem distante, ele tranca a porta.

Eu olho para ele de novo ainda sem acreditar. Mas então ele se aproxima de mim, não tão próximo quando eu necessito, mas próximo o suficiente para eu prender a respiração.

- Você vai ter que me explicar o que esta acontecendo. – ele diz.

Eu desvio o olhar, não quero falar sobre isso, não preciso, não quero, não deveria ter mandado nada para ele, mas eu o queria aqui e agora que tenho a chance eu preciso dizer.

- Eu não sei – respondo olhando para o chão – eu só precisava te ver.

Ele se aproxima mais e eu me encosto-me à parede, dessa vez o encaro, ele esta, como posso dizer? Diferente? Mais bonito do que antes, o cabelo cresceu e eu percebi que talvez, apenas talvez eu tenha feito a maior burrada da minha vida. Fazem o que? Oito anos? Não tenho certeza.

- Você não pode simplesmente me mandar uma mensagem daquela em plena madrugada e esperar que eu não faça nada C. – ele diz me encarando.

- É que – eu paro e penso no que dizer. O que eu vou dizer afinal? Eu surtei? Não eu não surtei, mas de onde veio tudo isso tão repentino? Foi repentino? Não foi eu acho, a gente vive nesse vai e vem – eu não sei o que deu em mim, eu só – penso antes de falar, buscando as palavras que somem da minha visão - precisava te ver.

- Você já disse isso – ele para na minha frente, me olhando com mais profundidade, coloca as mãos dos dois lados da minha cabeça e me encara – mas não me explicou o porquê.

Eu preciso falar logo de uma vez. Vamos anda logo, ele esta na sua frente e pelo amor de Deus vê se não estraga tudo dessa vez.

- Não existe um porque, eu só senti sua falta, você praticamente sumiu, definitivamente sumiu – tomo fôlego, o perfume dele esta me fazendo perder o ar - não foi igual das outras vezes – não chora, não chora – eu sentia que tinha você sempre comigo, mas dessa vez você se foi e não voltou mais – desvio o olhar. 

Ele me encara, firme, não era bem o que eu esperava.

- O que você queria que eu fizesse afinal? –ele diz exasperado se afastando de mim – eu nunca conseguia saber o que você sentia, nunca – ele respira - você nunca foi clara comigo em nada, eu falava com você 24h por dia, pelo amor de Deus como pode pensar que eu não gostava de você? – praticamente diz em um sussurro -  Eu não poderia te esperar para sempre, então segui minha vida. Você descartou a nossa chance quando você a teve. Praticamente jogou fora e seguiu sua vida também, não pode exigir algo de mim agora – ele me diz, me encarando, como se estivesse procurando resquícios de algo em mim.

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⏰ Last updated: May 15, 2020 ⏰

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