Capítulos 10 e 11

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— Sílvia, verifique se há alguma conexão deste tubo com o sistema. Se nos descobrirem aqui estaremos ferrados como ratos em uma gaiola. – Disse Ed, lembrando-se que vira ratos apenas em filmes e desenhos antigos.

— Não há conexão. Como esse, existem ainda 900 tubos desativados e cerca de 3000 tubos de manutenção ativos, apenas na região metropolitana. Se não souberem onde estamos, dificilmente vão relacionar nossa fuga ao uso desse trem. Claro que não dá para abusar da sorte. Quanto mais cedo sairmos daqui melhor.

— Ok. Vou esvaziar o tubo. – Dirigiu-se ao painel de controle. Era muito diferente dos atuais, mas estava razoavelmente bem sinalizado. Clicou no botão “Vacuolizar”. Funcionou.

Ouviram o barulho de sucção de ar e pularam para dentro do trem. Travaram a porta.

— Espero que não haja vazamento. Se esse trem parar no meio do caminho teremos que continuar o trajeto a pé. Não fico nem um pouco à vontade andando quilômetros em um tubo a vácuo.

Uma luz verde acendeu no painel.

— Solte o freio e vamos embora, Ed. Disse Jan, com certa apreensão.

— Bem que eu queria. Mas a alavanca está emperrada.

— Vamos tentar juntos.

Fizeram uma enorme força. A barra de freio se soltou e o trem deu uma arrancada tão violenta que jogou os três para trás do vagão.

— Temos que chegar ao painel! No vácuo a aceleração é quase ilimitada. Podemos chegar a 1.000 km/h em menos de 60 segundos!

Arrastaram-se, com enorme dificuldade para vencer a força da aceleração. Naquele momento o trem já estava próximo dos 900Km/h. Jan foi o primeiro a chegar.

— Devagar Jan! Se frear bruscamente seremos jogados pela janela da frente!

Com cuidado o professor foi descendo a alavanca. A velocidade recuou para 400Km/h.

— Pode reduzir mais. Chegaremos em menos de 3 minutos.

Felizmente havia alertas digitais de proximidade. A distância caia rapidamente. Quando chegou a 1000 metros já estavam a menos de 150 km/h. Uma luz amarela acendeu. Jan recuou para apenas 10 km/h. Havia uma porta fechada a frente. Pararam a apenas 20 cm dela. A porta se abriu e o vagão foi impulsionado pelo próprio trilho.

A estação parecia tão velha quanto à outra, com a diferença de que as luzes de emergência já estavam acesas. Na verdade não era a estação de Cascadura, mas uma estação de manutenção subsequente. Já estavam prontos para procurar a saída quando uma porta metálica se abriu.

— Parem!

Uma loura de quase 1,80 m passou pela porta seguida de 8 homens armados. Edwardo fez menção de voltar ao trem, mas seria inútil. O painel vacuolizador estava entre os dois. Imediatamente achou que haviam sido pegos e morreriam naquele momento. Mas esse pensamento se afastou logo depois. Nem a moça nem os homens ao seu lado usavam o uniforme oficial do Comando. Além disso, nenhum drone estava com eles.

— Você causou uma grande confusão hoje, Edwardo. – Ela falou sorrindo.

Sabia seu nome. Deveria ser uma oficial disfarçada. “Estamos mortos”. Olhou para Sílvia. Uma lágrima descia dos lindos olhos da menina.

— Ninguém vai matá-los. Estamos do mesmo lado, agora. Abaixem os braços. Vamos sair daqui, não podemos perder tempo. Vistam estes uniformes.

Virou-se para inspecionar o trem e lembrou-se:

— Outra coisa: de forma alguma tentem acessar a super-rede.

Sem entender quase nada os três vestiram a pesada farda dada pela moça e seguiram-na pela porta, que foi fechada assim que passaram. Uma enorme estação surgiu a sua frente. Cascadura. As luzes de emergência também estavam acesas. O sistema contava com 28 tubos ligados a vários pontos da cidade. Todos desativados. Estava deserta.

Condão (Lista Internacional)Onde histórias criam vida. Descubra agora