Capítulos 10 e 11

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A galeria era ampla e muito limpa. Sabiam que a rede de esgotos era agora muito pequena, apenas alguns tubos. De fato, cada edifício ou loja comercial fazia sua própria reciclagem de água, reutilizando-a. Uma nova distribuição era necessária apenas para repor a evaporação. A matéria orgânica era recolhida em tubos próprios para a fabricação de fertilizantes, enviados ao interior. Com a economia de espaço da rede de esgotos, o subterrâneo pôde ser utilizado pelas galerias de manutenção com maior folga. As câmeras eram intercaladas em grandes espaços, o que permitia aos 3 se desviarem.

Andaram uns 300 metros. Sílvia apontou para a parede.

— É aqui. A entrada para a estação auxiliar.

Não havia nada. Apenas a parede.

— Devem tê-la selado. – Ed disse, aflito.

Jan passou as mãos pela superfície. Uma grossa camada de tinta metálica a cobria.

— Creio que está por baixo da pintura. – Verificou uma caixa embutida 5 metros a frente. A tampa era metálica, com pequenas dobradiças. Forçou-a para baixo e ela destacou-se da caixa com um estalido. Jan começou a raspar a tinta com força, usando a ponta da tampa, até que uma pequena fenda de 7 cm fosse aberta da superfície. Depois bastou pôr a mão por dentro da fenda e puxar a camada de tinta. Nesse momento os 3 ajudavam. A porta ficou totalmente visível. Não era a vácuo. Tinha uma tranca circular que parecia abrir com um giro. Jan girou até o fim. Puxou a porta que abria para o lado. Estava emperrada. Os três então fizeram força juntos e a porta abriu o suficiente para colocarem as mãos. Cada um puxou de uma altura diferente e a porta abriu mais 30 centímetros, o suficiente para que passassem.

— Finalmente uma porta sem segredos. – Jan disse rindo. Fizeram força novamente para fechar a porta depois de recolher toda a tinta arrancada do chão. Aquilo poderia lhes dar alguns minutos preciosos na fuga.

Lá dentro estava um verdadeiro breu. Precisavam achar a caixa de luz de emergência. Ed pediu o aparelho de comunicação do amigo. Ligou o flash da câmera.

— Até que esse dinossauro ainda serve para algo. – Conseguiu ver a caixa a 30 metros. Ligou as luzes de emergência. A estação era pequena e de um formato completamente estranho para os olhos de todos. Ainda havia blocos nas paredes. Não eram aquelas com curvas completamente concordantes das atuais estações. Eram extremamente quadradas. De redondo, só os 4 tubos de vácuo logo abaixo. Sílvia adiantou-se.

— Essa estação está desativada há 50 anos. Creio que nenhuma dessas câmeras funcionam. Com relação aos tubos, cada um vai para um lugar diferente. Um para a Barra, um para Niterói, um para Cascadura e outro para a Central do Brasil.

— Onde em Niterói?

— Aparece apenas a estação de Icaraí. Mas não dá para saber mais nada. Creio que o arquivo não abrange o bairro externo de Niterói, só a região metropolitana.

Não dava para arriscar às cegas em Niterói, mesmo porque estava em sentido contrário à reserva das Agulhas Negras. A Barra ficava muito longe da Cidade Deserta, teriam que atravessar a serra e a Central do Brasil estava obviamente descartada.

— E a estação de Cascadura?

— Está desativada há 20 anos. Muito pouca gente ainda mora lá. Fica ao lado de uma antiga estação de trem e bem próxima aos limites da cidade abandonada. Creio que devamos ir para lá!

— Certo. Mas primeiro temos que saber se o trem de manutenção ainda funciona.

O pequeno trem de manutenção era um compartimento em forma de drágea. Mais ou menos como uma pílula gigante. Tinha cerca de 20 metros. Era de uma cor prateada, completamente coberto pela sujeira. Dentro, algumas ferramentas arcaicas e apenas duas fileiras de bancos. Era usado para carga e não para passageiros. O funcionamento do trem a vácuo era simples: Retirava-se todo o ar do tubo no trajeto e soltava-se o vagão aos poucos. O vácuo se encarregava de deslocá-lo devido à diferença de pressão. Nos trens modernos, tanto o primeiro impulso quanto o freio do veículo era controlado por quantidade de ar nos compartimentos. Mas no pequeno trem de manutenção o freio era manual, agindo sob pressão no monotrilho magnético.

Condão (Lista Internacional)Where stories live. Discover now