O Vazio Também Transborda [A.G]

E Se

Se tirassem a máscara que te cobre, o que sobraria de você?

E se tirassem o óculos ou a maquiagem que cobre sua pele e tapa seu rosto?

E se tirassem o boné, o capuz largo ou a touca que cobre sua cabeça?

E se tirassem a roupa de grife que te veste ou, até mesmo, as roupas de brechó que te completam?

E se tirassem os esmaltes das unhas ou os brincos da orelha?

E se tirassem as meias ou os sapatos confortáveis, muitas vezes, nem tanto?

E se tirassem o fone de ouvido que te surda do mundo ao seu redor?

E se tirassem a roupa íntima que você escolheu especificamente para encontrar alguém naquele dia, embora saiba que possa ter sido uma observação pacata?

E se tirassem o sorriso do seu rosto que você se vê obrigada a dar ao encontrar alguém que não é muito do seu agrado?

E se tirassem seu corte de cabelo da moda?

E se tirassem a pele que reveste seus ossos, da sua cor, da sua textura, do seu brilho?

E se tirassem cada ligamento que te liga a si ou cada neurônio que não neutra seus sentimentos?

E se tirassem a parte mais dura de você, não seu coração ou sua parte racional, mas sim seus ossos na vida real?

E se tirassem aquilo que você já foi um dia?

E se te tirassem de você?

Você ainda perceberia que você é muito mais que uma capa?

Você ainda perceberia que tudo é passageiro e o que importa é o que vem de dentro?

Você ainda se perguntaria se você é mais que tudo isso que você é?

Se o que você está pensando pode ser tirado de você, então o que sobraria de você?

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YouTube: Amanda Grílli (Escrita Falada)