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A lua cheia estava em seu pico, o céu estava limpo, as estrelas brilhavam contemplando o ritual que acontecia em meio a clareira, o bosque era totalmente fechado, se você não conhecesse os caminhos, certamente nunca encontraria uma forma de voltar a cidade. Uma moça jovem de longos cabelos negros gritava ao dar a luz, ao seu redor outras mulheres totalmente despidas dançavam e cantavam em uma língua antiga, a parteira, vestida de preto da cabeça aos pés, murmurava algo que a ouvidos alheios não parecia fazer sentido.
A criança nasce, todas param subitamente, se calando e dando as mãos, a parteira levanta a criança em direção a lua, todas as mulheres repetem os murmúrios anteriormente ditos pela velha, que fala em alto e bom som:
-Deusa, aqui está mais uma de suas filhas, nascida no ponto mais alto de uma lua cheia, quando nosso poder alcança o seu máximo, aquela a qual esperamos por tanto tempo, e a senhora em sua graça nos deus a honra de te-la em nosso coven, a cria que mudará o mundo, trazendo todo o caos que ele merece, aquela que protegerá a magia na terra. Mas com uma vida que a nós é dada, outra terá de a ti ser entregue.

...

Um homem de cabelos castanhos e pele muito branca, com fundas olheiras, caminhava como se estivesse enfeitiçado, o forte vento salgado soprava em seu rosto, mas ele não parece sentir, ele para bem na ponta de um penhasco beira mar, a lua brilha de uma forma encantadora, o reflexo dela faz seus olhos cinzas parecerem com as estrelas que se estampavam no céu de forma tão narcisista, como que se pedissem para que os seres daquela região as contemplassem, o som das ondas abaixo trás um toque tranquilizante, mas tranquilidade não é algo que seria certo para descrever aquele momento. O homem em seu transe puxa todo o ar que seus pulmoes são capazes de suportar, da um passo a frente e simplesmente pula.
O corpo nunca foi encontrado, nenhuma carta de suicídio foi deixada, ninguém nunca descobriu o motivo, o penhasco passou a ser conhecido como "pulo da morte", lendas foram criadas, historias espalhadas, mas a verdade nunca foi descoberta.

Mortos não contam segredosWhere stories live. Discover now