𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟸

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SeuNome

Eu gostava de Nova York.
E não sabia oque tinha dado em mim quando aceitei o convite de Robert para passar o recesso da faculdade em Orange, talvez fosse uma minúscula partícula de mim que sentia falta do sol e o cheiro do mar mais aqui estou eu, de volta, mesmo que por apenas algum tempo, eu estou aqui.
Segurei a garrafa de vinho batendo de leve na porta, sentindo o meu estômago revirar, se uma coisa que eu não fazia no Ensino Médio era ir a festas, nunca fui fã número um de ficar bêbada e deixar um jogador de futebol idiota passar as mãos em mim, mas a minha opinião sobre ficar bêbada havia mudado, porém continuo não sendo fã de jogadores de futebol.

"(SeuNome)!" Bailey falou abrindo a porta.
"Wow, hã, eu trouxe vinho, só que acho que deveria ter sido um barril de cerveja." falei olhando ao redor.
"Apenas libere a sua fera inferior." Bailey falou sorrindo.

Revirei os olhos dando um passo para dentro da casa, todas as luzes haviam sido substituídas por luzes neon, menos a da cozinha e uma música da Tove Lo com um cantor brasileiro soava nas caixas de som, havia uma boa quantidade de rostos familiares ao meu redor. Passei por algumas pessoas apenas as cumprimentando por alto seguindo em direção da cozinha a procura de uma taça.
Encarei a taça na última prateleira da cozinha soltando um resmungo rouco do fundo da minha garganta, me esticando em direção da mesma.

"Deixa que eu faço."

Observei o rapaz sem maiores dificuldades pegar a taça e me entregar, ele era levemente familiar, mas o meu cérebro não conseguia lembrar de modo algum de onde eu conhecia ele.

"Aqui." falou me entregando.
"Valeu." falei meio sem graça.

O rapaz sorriu e eu abri rapidamente o vinho, servindo uma boa quantidade na minha taça, eu iria precisar estar extremamente bêbada pra aguentar a noite sem maiores estragos.

"E você não lembra de mim, certo?" perguntou me fazendo corar.
"Aí Deus..." murmurei "...eu deveria?"

Parei por alguns segundos sentindo as lembranças darem um soco bem dado no meu queixo, Ryan, amigo de Noah, fazíamos algumas aulas juntos, depois da minha breve e conturbada história com Noah havíamos saído algumas vezes antes de eu me mudar de forma definitiva para Nova York.

"Você tá tão diferente." falei por fim.

Ryan deu um sorriso sem graça balançando a cabeça de leve, ele estava literalmente um homão da porra, não que eu fosse falar isso em voz alta, podia guardar só para mim.
Antes que pudéssemos conversar mais alguma coisa minha visão foi invadida, Noah, caralho, que porra ele estava fazendo aqui?
Senti o ar faltar em meus pulmões, me faltava ódio, literalmente, eu não havia superado, como se superava algo assim?

"Meu Deus." Ryan falou me fazendo acordar do meu debate interno.
"O que foi?" perguntei nervosa.
"Você ficou pálida do nada, você tá bem?" perguntou tocando a minha testa rapidamente.
"Eu... bem, eu estou bem." falei.

Peguei a taça levando até os meus lábios e a virando, sentindo cada gota descer pelo fundo da minha garganta, mas não era o suficiente, precisava de mais, oque me fez encarar a garrafa com um sorriso nos lábios.
Levei a garrafa de vinho sentindo o líquido descer gradativamente pela minha garganta, matando mesmo que de forma momentânea a minha sede.

"Puta merda, alguém tá com sede pra caralho."

Ergui o olhar para o lado vendo Any e Josh me encararem surpresos, porém não tirei a garrafa dos meus lábios, terminando de secar todas as partículas de álcool que tinha dentro dela.

"Terminei." falei me virando pro casal.
"O teto preto vem, e com força." Any falou envolvendo o meu corpo em um abraço.
"Você não viu nada querida." falei rindo.
"Pois eu irei te acompanhar nessa."

Any abriu a sacola de papel retirando uma garrafa de um drink que eu não conhecia, virando quase metade em longos goles, ela estava tão inspirada quanto eu naquele momento.

"Eu acho mel..." Josh começou.
"Shiiii!" Any falou "Preciso me concentrar."

Josh revirou os olhos pegando uma latinha de cerveja e entregando uma para Ryan em seguida, sem tirar os olhos de Any, que estava concentrada em terminar a mistura de marguerita naquele momento.

"Agora tequila."

...

Não sabia quantas doses eu havia virado, mas chutava na casa das quatro ou cinco, tequila era a minha maior maldição, me transformava em uma dançarina com muita vontade de beijar bocas.

"Você não me falou que ele iria vir."

Any se virou para mim com as sobrancelhas arqueadas, ela estava ambas estávamos ficando bêbadas, e aquele era o aviso perfeito de que deveríamos parar por ali e aproveitar a breve sensação de liberdade que o álcool nós dava.

"Se eu tivesse contado, você não ia vir, eu te conheço (SeuNome)." falou.
"Isso é verdade." falei balançando a cabeça "Eu só queria..."
"Socar a cara dele?" perguntou me encarando.

Neguei brevemente desviando o olhar para Noah, não havíamos conversado, nenhum dos dois iria dar o próximo passo, não tínhamos coragem, dois covardes, e eu também não havia sido a pessoa mais legal do Universo com ele, falei coisas que eram para machucar e só Deus sabia o quanto eu me arrependia.

"Sentar na cara dele." falei.

Any me encarou séria por alguns segundos antes de desmanchar em uma risada espalhafatosa, me fazendo acompanhar ela no mesmo instante.

"Talvez você deva, sabe, beijar um ex não é crime nenhum." falou.
"Acho que é bom eu manter distância dele." murmurei.
"Isso que você diz, eu penso ao inverso disso." falou a abraçando a garrafa de vodca.
"Você tá bêbada." acusei.
"Você também."

Mordi o lábio inferior ponderando às palavras de Any, ambas estavam bêbadas, não era uma boa escolha pra se tomar quando está bêbada, só que eu não tomaria ela quando estivesse sóbria, certo?
Me levantei sentindo a sala ao meu redor dar um giro completo de trezentos e sessenta graus, esse deveria ser o aviso de que eu estava bêbada demais pra fazer alguma coisa, ou o fato de estar tocando Torn da Ava Max, essa música resumia oque eu estava guardando dentro do meu peito.

"Liga o foda-se." Any falou.
"E se ele estiver com alguém?" falei indecisa.
"Ele não tá." confirmou "Só se lembre: o não você já tem."

Respirei fundo sentindo o meu coração bater no ritmo da música enquanto eu atravessava a sala, era quase como uma câmera lenta, Noah agora estava sozinho, e eu havia colado nossos lábios. Após longos oito meses eu havia unido os nossos lábios novamente, deixando o gosto de tequila e whisky se misturarem com pressão quando Noah segurou a minha cintura com força, me puxando para mais perto dele, como se fosse possível.
Meus pulmões estavam implorando por oxigênio quando nossos lábios se separaram, era uma sensação nostálgica, eu estava me sentindo nostálgica.

"Foi bom te ver Noah."

Falei antes de me obrigar a soltar seus braços do meu corpo e ir em direção da porta, saindo da casa de Bailey, eu estava uma confusão, puta merda.

Sex On FireWhere stories live. Discover now