Capítulo 24- Decepção

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-Então era aqui que você estava todo esse tempo? -Perguntei com um sorriso travesso.

Helene sorriu, em seguida se virou na minha direção e colocou os braços em volta do meu pescoço.
-Estava olhando a casa. Aqui é tudo tão perfeito.. -Ela disse me fitando com um pequeno brilho no olhar.

Sorri.
-Fico feliz que tenha gostado. O que achou do nosso quarto? -Perguntei curioso.

Ela sorriu tímidamente.
-Muito bonito também.. assim como tudo nesta casa. A propósito, você sabia que tem duas piscinas no jardim? -Ela perguntou com uma expressão engraçada.

-Olha só.. Então a casa é melhor do que imaginávamos. -Falei me aproximando dela e dando um pequeno beijinho na pontinha do seu nariz.

Ela sorriu.
-Pois é.. acho que demos sorte.. Mas e você? O que você está achando daqui? Gostou de Bournemouth?

Assenti.
-É bem diferente de tudo o que já vi em Londres. Lá as pessoas estão sempre ocupadas nos celulares, correndo de um lado para o outro como se a vida dependesse de quem chega mais cedo no trabalho. Elas não parecem se importar com mais nada além disso.. -Sussurrei baixinho.

O mais triste, era que eu tinha que presenciar isso dentro da minha própria casa todos os dias.

Ontem, meu pai e eu havíamos brigado novamente por causa disso.
Eu simplesmente não conseguia aceitar o fato de que ele humilhava as pessoas para se sentir bem. Ele não se importava nem um pouco com o que elas sentiam. A única coisa que existia em sua mente era o trabalho, conseguir mais dinheiro e reconhecimento para o seu nome, e quando sobrava tempo, ai sim ele pensava na mamãe.

Suspirei.
Porque ele era assim? -Pensei triste.

****

PASSADO ON

2 dias antes...

Assim que coloquei o celular sobre a cama, escutei mamãe me chamando para jantar.

Eu estava com fome. Quase não havia comido durante o dia, pois estava tão ansioso para minha viagem com Helena, que havia perdido completamente o apetite.

Porém, se eu soubesse o que iria acontecer á seguir, teria permanecido em meu quarto.

Quando estava descendo escadas, já próximo da cozinha, escutei meu pai falando sobre um homem que surtou no trabalho.

Agora estava claro o motivo da sua carranca. Ele havia perdido outro funcionário. O quinto só neste mês.

Na semana passada, um dos seus funcionários havia se demitido por excesso de trabalho. E hoje, um surtou pelo mesmo motivo.

Meu pai explorava e humilhava seus empregados. Eles quase não tinham férias, trabalhavam praticamente o dia inteiro. Não me supreenderia se até o final do ano, ele não tivesse mais nenhum empregado.

Me aproximei da mesa, puxei uma cadeira e me sentei.
Meu pai continuava falando.

-Aquele infeliz era um dos meus melhores funcionários.. -Lamentou.

-As coisas acontecem amor. Ele só não estava muito bem. -Mamãe tentou reconfortá-lo.

Meu pai negou.
-Não Angela. Ele parecia louco. Ele simplesmente saiu gritando desesperado do nada. Não entendo porque isso aconteceu. -Robert disse sério.

-Ele surtou com o excesso de trabalho. Isso acontece com as pessoas.. -Sussurrei.

-O que disse? -Ele perguntou grosseiro. -Se quiser que eu escute, fale mais alto.

Respirei fundo tentando controlar minha paciência e olhei para ele.
-Eu disse que ele surtou com o excesso de trabalho. Isso acontece com as pessoas.

-Quando são fracas. -Respondeu sério.

Já chega!

Me levantei.
-Viva mais e você verá. A vida pode derrubar até o mais forte. -Falei colocando meu prato vazio sobre a pia e subindo as escadas para o meu quarto.

-Mas Matthew.. você nem comeu! -Escutei mamãe dizer.

-Perdi a fome. -Falei trancando a porta do quarto e me jogando na cama.
Eu só queria dormir e esquecer que aquilo havia acontecido.. só queria esquecer que aquele homem era meu pai.

PASSADO OFF

****

O que vamos viver amanhã, é fruto do que escolhemos hoje.

Antes de ser bons profissionais, tínhamos que ser bons humanos. E meu pai não era um bom humano. Eu queria muito não me afetar com as suas atitudes, mas infelizmente, tudo o que ele fazia, me afetava mais do que eu imaginava.

Eu só queria que isso acabasse.. eu só queria ser mais frio e não me importar com o que ele fazia..
Porque eu não conseguia ser assim?

A minha sorte, era ter Helena ao meu lado. Mesmo não sabendo o que estava acontecendo entre mim e meu pai, seu carinho e seu apoio, já estavam me dando uma grande ajuda.

Para Sempre VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora