Capítulo 2

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Em frente a janela e com o olhar perdido no horizonte, pensava como era horrível ser prisioneira, ela sabia que seria um pecado proferir ou pensar em tais palavras, no entanto, desejava mais que tudo ser filha de qualquer servente a ser filha do rei. Sua vida foi decidida assim que nasceu, sem ao menos ter a possibilidade de escolha; Olinda se sentia frustrada por ser apenas um objeto de troca entre reinos, já que não existe remédio para reverter a sua posição social, ao menos um chá poderia dar ânimo para a princesa enfrentar mais um dia na realeza.

-Geni, traga-me um chá de passiflora.

-Sim, Alteza.

A moça saiu do quarto deixando a donzela com seus pensamentos, esta caminhou com a beleza de um cisne ao banheiro e olhando o seu reflexo no majestoso espelho, proferiu:

-Por que as coisas ten que ser assim?

Ela encarava os olhos cor-de-mel refletidos no espelho e tentava tirar alguma resposta, contudo, ela sabia que a solução para seus problemas não viria assim tão fácil, afinal nada foi simples em sua vida. Irritada, ela levantou o tom de voz:

-Por que nasceste nesse palácio, por que és uma princesa? Por quê? Por que não tenho o direito de escolher meu marido? De escolher meu destino!

Olinda, olhando aquela perfeita boneca de porcelana furiosa com toda a situação batia suas mãos contra a superfície de mármore, que começou a apresenta uma coloração avermelhada. De repente, ela ouve um barulho, levanta rapidamente, limpa as lágrimas e veste a carapuça de princesa obediente e segue rumo ao barulho:

-Geni, você voltou? - obteve somente o silêncio.

Olinda percebeu que o barulho vinha do seu quarto de roupas e foi caminhando por entre as araras de vestidos; não encontrava de onde vinha o tal barulho.

Subitamente, ela sente algo peludo tocar-lhe a boca, tenta olhar quem é o autor desse ato, no entanto, não consegue - apenas ouviu uma voz rouca, meio falha, como se algo impedisse os sons de passar por suas cordas vocais.

-Eu imploro, não grite, não te farei mal.

A princesa meneou com a cabeça e o ser a soltou; ela se virou e se deparou com algo que jamais pensou em ver, ela não sabia se era um garoto ou um monstro, pois parte de seu rosto era humano, com belos olhos azuis translúcidos que não possuíam nenhum brilho e com uma bonita boca carnuda. Em compensação, seu outro lado possuía pêlos esverdeados, uma sobrancelha grossa preta saindo por sua face e um nariz que lembrava o de um cachorro; seu corpo era desengonçado, com suas pernas alongadas, desproporcionais ao corpo, e seus pés? Oh! Senhor! Olinda ficou em choque, pois eles eram enormes com grandes tufos de pêlo saindo por toda parte, na mesma coloração da face e sua mão manchada de sangue seguia o mesmo estilo dos pés, com dedos extremamente compridos. A criatura a sua frente só usava apenas um shorts meio velho e rasgado. Olinda ia gritar novamente, agora seria de pavor por ver algo tão fora do comum, quando ele põe novamente as mãos em sua boca:

-Por favor, sei que não sou a melhor coisa que você deve ter visto, mas não grite, não vou te fazer mal.

Novamente ela concordou e ele se afasta.

-O senhor está ferido, venha.

Atravessaram o quarto até chegar ao banheiro; Cajaú lavou as mãos e Olinda fez-lhe um curativo, dizendo:

-O que o senhor é? E o que desejas em meus aposentos?

-Bom, é uma longa história...

-Não és nenhum incômodo, eu posso ouvir sua história, tenho tempo para isso. Ela ouve um barulho estranho, o mesmo de antes, mas o jovem rapaz a sua frente começa a falar, a distraindo:

-Está bem. - ele senta num banco e começa.

Eu vim do futuro.

A donzela o encara com um ar de – "você quer que eu acredite nisso?"

Sei que parece loucura, mas pelo andar da carruagem, não haverá futuro na minha época, então só posso estar no passado.

-O Senhor, quer que eu acredite que você veio do futuro? E apareceu magicamente em meu aposento?

-Sei que é difícil, mas tenho provas, olhe.

Ele tirou do bolso de seu short um objeto estranho que Olinda nunca tinha visto e dele apareceram imagens de pessoas.

-O senhor és um bruxo?

Não sou! E pode me chamar de Cajaú.

Novamente ela escuta o barulho e percebe que o som vinha da barriga do ser verde.

-Não lhe conheço para ter essa intimidade, mas o senhor estás com fome?

Cajaú ficou constrangido, suas bochechas começaram a pegar fogo e ele já sabia que tinha corado na frente daquela formosura.

-Alteza, está aqui vosso chá... - Olinda sai em direção ao quarto e vê sua dama de companhia.

-Geni, temos um problema.

-Não senhorita. Hoje não podemos ter nenhum infortunio.

-Quero que vá a cozinha e prepare o melhor café-da-manhã que você puder e me traga sem ser vista. Ao entrar, não grite, não importa o que veja.

A dama assim o fez, e a donzela voltou para o quarto de roupas, e ouviu toda a triste história do jovem rapaz verde.

-Acho que sei o que poderá lhe ajudar.

-Serio?

-Sim.

- O que é?

-É uma bruxa da região, ela é muito poderosa.

-Então vamos lá. - disse o rapaz animado.

-Não posso sair hoje do Castelo.

-Por quê?- ficando um pouco triste.

-Irei conhecer meu marido hoje à noite.

Cajaú observou a jovem em sua frente, e pensou: "Ela não poderia ser um adulto para se casar, na verdade, a donzela aparentava ter mais ou menos sua idade", no entanto, por ela ser uma dama, ficou com medo de ser indelicado e perguntar sua idade.

-Compreendo, me desculpe.

-Amanhã poderemos ir.

Cajaú levantou um sorriso. Geni chegou e quase teve um troço quando viu o garoto verde, mas logo entendeu a situação com a rápida explicação da princesa. O jovem se sentou confortavelmente apreciando o café-da-manhã, fazia tempo que ele não comia tão bem.

Ao finalizar o café-da-manhã, Olinda jogou um pó brilhante nele.

- O que você está fazendo?

-Não vão acreditar que você é um novo empregado. - afirma a princesa

-Mas como que ... - diz Cajaú, surpreso.

-Não se preocupe, apesar de ser nova, ela já é capaz de recrutar guardas. - disse Geni com um orgulho de encher o peito.

-Guarda?

-Isso. - responde Geni.

-Mas, isso não explica esse pó.

-Oras, quem vai acreditar que você é um guarda com essa aparência? A Alteza só alterou o que as pessoas vão ver.

-Ué, a princesa é uma bruxa também?

Olinda lança um olhar mortífero em Cajaú que se encolhe de medo e Geni relata:

-Todos nós possuímos algum dom, claro que quem é da realeza tem mais dons e mais habilidades. Vou buscar suas roupas.

Geni trouxe as roupas de guarda e notificou o general acerca da escolha de Olinda, o deixou na frente de seu quarto com outro guarda para protegê-la.



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A Praga Verde e a Boneca de Porcelana - completaOn viuen les histories. Descobreix ara