PRÓLOGO

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"A tua risada é a melodia mais bonita

Dessa minha estrofe inacabada

Os teus olhos são rimas

Dos meus poemas mais caprichados

E o nosso amor é poesia

Que viaja nesse mundo devastado"


Eu costumava dizer que a minha mãe estava errada, que ela nunca deveria ter me colocado mais cedo na escola, que por ser um ano mais nova do que todos na turma talvez eu estivesse perdendo algo, que talvez eu devesse voltar um ano.

Aí eu te conheci.

Eu me lembro de você jogando bola no pátio com os outros meninos, naquela época o seu cabelo era mais comprido e você usava uma tiara preta, como todos os outros meninos, aderindo aquela moda bastante duvidável de 2007.

Você me olhou e eu queria sair correndo para contar para as minhas amigas que você tinha sorrido pra mim. Naquele mesmo dia anotei seu nome no meu caderno e planejei toda a nossa vida juntos.

Eu só tinha 10 anos, mas meu coração nunca deixou de bater rápido por você como bateu desde aquele dia.

Quando viramos amigos você fez questão de implicar comigo, acho que você já sabia que eu gostava de você e sempre me irritava com as suas brincadeiras para fazer com que eu admitisse.

Mas eu nunca admiti.

Você tinha 14 e eu tinha feito 13 quando você me beijou pela primeira vez. Foi estranho e desesperador e eu lembro de querer rir de desespero quando acabou.

Com o tempo a gente pegou a prática, com o tempo você se encaixou em mim.

Você costumava cantar músicas de amor, sempre com o seu violão por onde você fosse.

Eu escrevia poemas apaixonados, você sendo a inspiração de cada um deles.

Hoje eu ainda escrevo, mas agora meus poemas são diferentes.

Eu não falo mais de amor.

Eu falo de saudade.

Será que você ainda canta sobre o amor? Faz tanto tempo que eu não te encontro.

Vi pelas suas fotos que a sua barba cresceu. Eu gostava de quando você a tirava.

Nas suas viagens você passou por lugares que eu também conheci há algum tempo, me peguei pensando como seria nós dois conhecendo Paris juntos pela primeira vez.

Eu chorei.

Nossos sonhos se desencontraram.

Parece que vivemos as nossas vidas em tempos diferentes. Se eu pudesse alterar o tempo e o espaço, talvez eu de 2015 ainda fosse sua em 2020.

let me let you goWhere stories live. Discover now