capítulo seis: a garota do Alasca

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Longe de mim querer fazer algum tipo de julgamento ou suposição, mas meu radar reconhece de longe garotas como ela. Muitos anos de convívio, não tem como passar abatido.

— Garotas... — Nosso chefe fala para chamar nossa atenção, parando em uma mísera distância da mesa em que nos encontrávamos. — É um prazer para mim poder apresentar para vocês a mais nova funcionária do meu estabelecimento. Essa aqui ao meu lado — Ele coloca os braços em volta do pescoço da ruiva e a sacode um pouco, mostrando que era dela que estava falando. A garota força um sorriso para todas nós, mas ele continua falando com empolgação: — é a Pasha Stratford. Ela se mudou do Alasca para morar um período de tempo com o titio aqui.

Pasha se desvencilha do toque do tio quando ele acaba de a apresentar, cruzando os seus braços em frente ao peito, o olhar ainda julgador sobre mim e as meninas. Seu nariz fino é arrebitado, e se eu já tinha visto pessoas brancas, a garota conseguiu superar todas elas. Sua cor de neve até que condiz bem com o local em que morava, afinal de contas, Alasca é conhecido por ser um dos estados mais frios dos Estados Unidos. O inverno é um dos mais rigorosos de todos. Deve ser por isso que ainda anda grudada no casaco e cachecol, o que chega a ser cômico, pois se ela estava acostumada com o frio e com a neve, acabara de aterrissar no próprio inferno.

Hellaware é quente para um cacete.

Espero que ela também tenha trazido roupas de acordo.

— Como o titio aqui não está para brincadeira, Pasha começará hoje mesmo a trabalhar conosco! — Sr. Wilson bate palmas ao continuar seu discurso, mas nós não o acompanhamos nem mesmo por um segundo. Estávamos sem acreditar, tínhamos parado tudo só para descobrir que havia mais uma de nós chegando? Se fosse só isso, nós não teríamos nem começado a quebrar a cabeça. Parecendo perceber nossa frustração, ele para imediatamente, pigarreia, e esconde as mãos no bolso da calça. Nosso chefe se vira para a sobrinha, mas fala alto o bastante para todos pudessem escutar: — Rosalinda está te esperando na minha sala com o seu uniforme, por isso você já pode ir agora pegar com ela. Não demore muito, nós trabalhamos com agilidade aqui, sobrinha.

Pasha murmura algo incompreensível para ele, mas depois sai pisando firme para ir até o escritório. Quando passa pela nossa mesa, nos observa por breves segundos e decide se aproximar. Ficamos em silêncio, esperando que ela finalmente abra a boca para falar algo, mas a garota apenas olha para o milkshake em nossa mesa e pesca a cereja do topo do chantilly, mordendo-a logo em seguida, as íris castanhas transbordando desafio. Sua expressão permanece impassível, como se fosse o centro do universo. Antes de alguém protestar contra a sua atitude, vira as costas rapidamente para ir de encontro à Rosalinda.

No exato momento em que a ruiva fecha a porta do escritório, Sr. Wilson se aproxima ainda mais da nossa mesa e espalma as mãos nela, dizendo em uma voz baixa para que só nós pudéssemos escutar:

— Eu quero que vocês sejam as mais rígidas possíveis com a Pasha. Não levem em consideração o fato dela ser minha sobrinha, aqui dentro desse estabelecimento ela será tratada apenas como minha funcionária. Ela vai relutar para fazer o serviço, vai ser um porre e vocês vão querer esmagar o pescoço dela incontáveis vezes, mas não vacilem nem por um segundo. — O dedo indicador está apontado para todas nós em riste, os olhos pequenos ee castanhos transbordando autoritarismo. — Os pais dela a tiraram do Alasca para que ela possa entrar na linha e confiaram essa tarefa a mim. Sei que vai ser difícil, mas espero contar com a ajuda de todas vocês.

— Pode deixar, chefinho. Nós estamos prontíssimas para colocar a garota do Alasca no lugar dela, não é mesmo, meninas? — Georgina se pronuncia após o pedido do Sr. Wilson, fazendo as garçonetes vibrarem e concordarem rapidamente.

ENCONTRE-ME NO PARQUE | #1 Da Série The Hurricane Freedom (COMPLETO NA AMAZON)Onde histórias criam vida. Descubra agora