02. Era vida.

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Ao pisar em casa, Aurora não segurou um suspiro alto, e a sensação de peso saindo de seus ombros foi imediata

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Ao pisar em casa, Aurora não segurou um suspiro alto, e a sensação de peso saindo de seus ombros foi imediata. Sinceramente, as pessoas naquela escola precisavam aprender a serem discretas na hora de fofocar sobre alguém. Ela perdera a conta de quantas vezes olhou para os lados e viu as pessoas desviando os olhares e sussurrando. Não havia nada de educado naquilo.

Aurora largou sua mochila sobre a escrivaninha do quarto e tirou o casaco e o cachecol, guardou as botas no armário e prendeu os cabelos ruivos. Ela pegou o livro que estava lendo na hora do almoço e desceu de volta para a sala, onde se deitou em um divã perto de uma das grandes paredes de vidro, e voltou a ler.

Uma coisa Aurora admitia, ela gostava da paz que tinha ali. O silêncio, o clima fechado e confortável para fazer qualquer coisa. Ela poderia muito bem gostar de Forks. Mesmo que, dessa vez, ela não fosse se esforçar nenhum pouco para ser aquela Aurora.

Não, aquela Aurora havia ficado em Londres, e ela esperava nunca mais vê-la de novo. Porque essa Aurora não ia voltar a aceitar palpites tortos sobre sua própria vida, não ia conviver com pessoas que a diminuíssem e pressionassem para ser o que não era, e não ia abaixar a cabeça para ninguém. Nunca mais.

Agora ela sabia que sua "perfeição" era nada menos do que as pessoas anulando quem ela era de verdade e a moldando para ser alguém que apenas sorrisse e balançasse a cabeça, aceitando tudo o que os outros quisessem com uma submissão quase automática. Família não devia ser assim.

E Aurora sabia que não podia odiar seu futuro irmão ou irmã, ela sentia pena, de verdade, por ele nascer em uma família assim.

Aurora acabou dormindo no sofá junto à janela, e só acordou com o barulho da chuva, e as gotas batendo contra o vidro. Ela preferiu continuar ali e dormir o restante das horas que faltavam para ter que levantar. Sua casa ficava no final de uma rua grande e larga com outras poucas casas de luxo, todas bem distantes uma da outra. Em sua maioria, as casas eram cercadas por grandes terrenos de jardim e árvores, que se estendiam para a grande floresta de Forks. Na frente de sua casa, inclusive, era onde começava a parte mais densa da mata.

E observando a chuva cair na grama do jardim, no asfalto, e na terra do início da floresta, Aurora teve a sensação de estar sendo observada. Mas estranhamente não era algo que lhe causasse medo. Ela sentia a calma atingindo as pontas de seus dedos, e percorrendo seu corpo até o último fio de cabelo. Aurora caiu em um sono de sonhos tranquilos, sem sequer se dar conta do par de olhos dourados que lhe observava com curiosidade.

Aurora seguiu o fluxo de alunos para dentro da sala, mas travou ao perceber que todos se juntavam em duplas

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Aurora seguiu o fluxo de alunos para dentro da sala, mas travou ao perceber que todos se juntavam em duplas. Ela teria que esperar. Ao menos se Alice estivesse nessa turma, ela não estaria sozinha. Ela meio que gostara da companhia da outra garota, que parecia uma das poucas pessoas educadas daquele lugar.

— Você deve ser a Srta. White. — O professor falou ao notar um das poucas alunas ainda de pé. Ela assentiu.

— Sou sim, senhor. — Ela afirmou.

— Seja bem-vinda. — Ele disse. — Sente-se com o Sr. Hale. — Ela olhou para frente, vendo uma mão levantada ao fundo da sala. A ruiva se esquivou de algumas pessoas que ainda iam para seus lugares e suspirou ao encontrar o lugar vazio. Ela olhou brevemente para o garoto ao seu lado. Ele era pálido, tanto quanto Alice, mas tinha cabelos loiros e cacheados na altura do maxilar, mandíbula definida e lábios rosados, quase arroxeados.

Aurora se sentiu corando quando ele lhe olhou, notando estar sendo observado. Ela se sentou em seu lugar e tirou o caderno e uma caneta de cactos da mochila, colocando-os sobre a mesa e olhando fixamente para frente.

Ela achou que tinha sido rude encará-lo, ela não tinha o costume de fazer isso, mas pareceu que seus olhos simplesmente ficaram pregados nele. E agora ela sentia que ele estava lhe observando, talvez pensando em sua atitude estranha anteriormente. E mais uma vez ela estava sendo rude, ignorando a presença de sua dupla de aulas. Ela suspirou e olhou para ele, tendo o vislumbre de um par de olhos castanhos-amarelado voltados em sua direção.

— Algum problema, Srta. White? — Ela quase estremeceu ao ouvir a voz dele, rouca, com um leve sotaque texano ao pronunciar seu sobrenome.

— Nenhum, Sr. Hale. — Ela respondeu, com sua própria voz carregada de seu sotaque britânico. Ela o viu repuxar os lábios em um sorriso ladino, antes de estender a mão.

— Me chame de Jasper. — Ele disse. Ela segurou a mão dele em cumprimento. Fria. Quase uma pedra de gelo, como a mão de Alice era. Isso não incomodava.

— Então me chame de Aurora, Jasper. — Ela falou. E ele adorou o som de seu nome pronunciado por ela. Jasper sorriu novamente, vendo-a se virar para frente e corar um pouco ao soltarem as mãos.

— O que está achando de Forks, Aurora? — Ela deu de ombros.

— Fria. — Disse simples. Seus olhos verdes se viraram na direção de Jasper em seguida, e ela completou com um sorriso amarelo. — Eu gosto. — Por alguns segundos, Jasper pôde ouvir a risada de Emmett em outra sala. Ele ignorou. — Acho que gosto ainda mais da distância e a pacatez da cidade. — Confessou, enquanto usava sua caneta peculiar para fazer anotações.

— Mesmo com o tédio que vem junto? — Jasper perguntou em um tom divertido, ouvindo-a rir baixo.

— Acho que posso lidar com isso. — Ela disse sincera. Jasper retribuiu seu sorriso e assentiu.

— Não tenho duvidas. — Ele murmurou, notando pelo canto do olho que ela sorria discretamente.

O restante da aula se seguiu tranquila, com Aurora e Jasper trocando algumas palavras vez ou outra. Ele tinha se mostrado tão educado e compreensivo, que mal parecia ter a mesma idade dos garotos que ela conhecia. Ela gostava disso. Sentia que seriam bons amigos.

Já Jasper, sentia-se cada vez mais dependente da proximidade com a garota. Era como se ele sentisse necessidade de ouvir sua voz, sua risada, olhar para seus traços e cada um de seus gestos e manias. Jasper, por um momento, se encontrou tão absorto em ouvir Aurora, que se esqueceu de prender a respiração. E ele respirou.

E para sua surpresa, não foi o cheiro de sangue que ele estava acostumado a sentir, mas sim um cheiro agradável e suave de flores frescas, maçãs e chuva. Esse cheiro em especial cobria todos os outros, e tornava até respirar mais agradável. Jasper respirou fundo outra vez, apenas para sentir aquele cheiro impregnando em suas narinas.

E ele sabia de onde vinha. Aurora tinha cheiro de vida... a vida de Jasper antes de se tornar vampiro. E seu maior desejo até aquele momento era se sentir de novo o cheiro daquelas lembranças.

E ali estava.

Jasper... — Ele ouviu Edward murmurar de outro andar do prédio, parecendo estupefato com a situação. — Ela... — Ele não conseguia terminar. — maldição!

Não, Jasper sabia que aquilo podia ser tudo, mas não era uma maldição.

Era vida.

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𝐁𝐑𝐈𝐆𝐇𝐓 ¹ ࿐  ʲᵃˢᵖᵉʳ ʰᵃˡᵉOnde as histórias ganham vida. Descobre agora