𝐇𝐄𝐀𝐕𝐄𝐍𝐋𝐘 𝐂𝐑𝐄𝐀𝐓𝐔𝐑𝐄ele já viu muitas coisas, esteve em muitos lugares — e o tópico de almas gêmeas permanecia fútil para si. todo mundo estava apenas passando. e ele era igualmente efêmero.
para ele, o conto de almas gêmeas era apenas uma fantasia que brotou de um romancista entediado construindo seu próprio mundo feito de uma gaiola fechada por dentro e por fora; ou ele estava apenas muito, muito solitário e sua própria fuga era a profundidade de seu cérebro e de seu coração — onde seus desejos estavam escondidos, insatisfeitos, intocados.
isso, porém, era tudo contra o que renjun acreditava.
jaemin se virou para olhar para ele com os olhos suaves.
— vou te dizer. eu não acredito neles — ele disse, tentando manter equilíbrio em sua voz. riu no final, névoa soprando de sua boca.
— os humanos acreditam no que querem acreditar — disse renjun. com o indicador, desenhava formas imaginárias na coxa de jaemin. — acredito que é isso o que os faz tão fascinante. não renunciam à uma crença. são tão... diferentes um do outro. distintos, únicos e tão fiéis. vocês, humanos, põem muita fé no que escolheram para colocá-lo.
deitado na grama, jaemin inclinou a cabeça.
— você disse 'vocês, humanos'?
renjun sorriu de lado e não disse nada. humanos. tão pequenos. tão curiosos. tão puros.
— de qualquer forma, eu disse que não acredito em almas gêmeas.
renjun abaixou a cabeça para encontrar seu olhar, ainda suave e brilhante sob o luar. renjun viu galáxias brilharem, fazendo dos olhos de jaemin um universo próprio. os cabelos camuflavam-se na grama, escura sob a noite.
— no que você acredita, então, jaemin?
ele sorriu, olhos cintilantes e voz firme em sua resposta.
— no amor.
renjun desviou os olhos do pequeno universo do garoto e ergueu-os para cima. humanos. tão cheios de amor.
— eu acredito que não há ninguém realmente próprio para você. como um projeto grandioso ou algo assim. você só vai... encontrar a pessoa certa no momento certo. ou, até mesmo, não encontrar, e está tudo bem. apenas. não é um grande plano ou qualquer outra coisa; só está aí. é você quem encontrará o seu amor, a pessoa com quem passará o resto da sua vida. e não o universo, algum deus ou a besteira que for.
— você encontrou o seu, então? — renjun indagou, engolindo em seco ao que examinava o horizonte diante de si. — o amor, digo.
jaemin virou o rosto para encarar o perfil de renjun. por um momento, houve um silêncio frágil. com a súbita demora, renjun abaixou o olhar para ver seu universo favorito brilhando. só para si. o jeito que jaemin sorriu o lembrou de sua estrela favorita.
com a própria, ele cobriu as costas da mão de renjun, de modo que as pontas de seus dedos se apertassem contra a palma dele. seu sorriso cresceu como uma galáxia em expansão ao sentir os dedos de renjun sobre os seus. renjun nunca conheceu o calor antes. não assim. não tão profundamente dentro de si, ao ponto de seu âmago tornar-se fogo. não vindo de um humano.
— sim. eu acho que encontrei.