-Oi, alô Gabi? É a Helen, sei que você está de folga, mas poderia passar na cafeteria? Assim... Meio que urgente? Precisei sair e deixei tudo aberto você acredita? É, preciso que você feche a loja, pode deixar tudo do jeito que está, só trancar. Tá bom. Obrigado, depois a gente se fala.
Helen guardou seu celular no bolso da saia, logo depois encarou Lucio que estava sério com rugas na testa e sobrancelhas arqueadas.
-E então? Pra onde estamos indo?
Lucio encarou Helen, não queria que ela o tivesse seguido.
-Olha Helen, escuta... Você não precisava ter vindo comigo, não sei o que está acontecendo direito, mas não quero te envolver em nada.
Helen continuava o encarando, enquanto o rapaz aumentava a velocidade do carro.
-Perguntei onde estamos indo... Aliás, já estou envolvida, não tem o que você fazer...
Lucio suspirou, pois sabia que não adiantaria tentar convencê-la o contrário, Helen era decidida e quando queria algo, sempre conseguia. O carro sacudiu bruscamente ao realizar uma curva fechada, Lucio perseguia um carro preto e veloz, havia uma grande diferença de distância o que obrigava Lucio a acelerar cada vez mais. Helen transpassou o cinto de segurança e o prendeu, por precaução segurava-se no apoio em cima da porta.
-Tinha alguém parado na esquina da cafeteria, não consegui ver quem era, ele ou ela sei lá, estava escondendo o rosto, tinha um capuz estranho e quando me viu do lado de fora... Fugiu, entrou no carro e foi embora...
-Você acha que...
-Não sei, não sei de nada Helen, mas é muito estranho.
Helen respirou fundo e se segurou firme após Lucio passar velozmente sobre uma lombada, o carro bateu no chão com força, fez um barulho de metal raspado no concreto e logo seguiu a diante.
-Se você parar eu posso voltar e verificar nas câmeras de segurança...
-Não posso... Se eu parar vou perder o carro de vista.
Ambos se olharam, Lucio suava entre as rugas de expressão na testa e nos cantos das temporadas, seu olhar era preocupado e de alguém doente, estava pálido.
-Vou ver se a Gabi consegue então, ela está indo pra loja, acho que já está chegando.
Lucio acenou positivamente com a cabeça, acelerou o carro que balançou novamente ao fazer uma ultrapassagem perigosa e arriscada em um van escolar. Helen ligava para Gabi e conversava com ela por telefone, mas Lucio mal ouvia o que Helen dizia, sua mente estava sobrecarregada, sentia tremores nas pernas e suas duas pálpebras tremiam involuntariamente, não sabia ao certo se era medo ou nervosismo, ou mesmo os efeitos colaterais do veneno. O carro negro e veloz aproximava-se de uma encruzilhada movimentada alguns metros a frente, Lucio apertou o volante com todas suas forças, rangeu os dentes e deixou escapar alguns palavrões em sussurros abafados. O sinal estava aberto para Lucio que ultrapassava alguns veículos rapidamente, mas sabia que provavelmente iria perder de vista seu alvo caso ele atravessasse a encruzilhada e o sinal fechasse antes de conseguir passar até o outro lado. Ao lado esquerdo e direito da encruzilhada havia carros e motos aguardando para atravessarem ao lado opostos.
Helen guardou o celular e encarou Lucio concentrado e de olhos arregalados.
-Lucio o que tá fazendo?
Lucio não respondeu, apenas acelerou o máximo que conseguiu. Helen foi jogada para trás e se recostou no banco.
-Lucio para!
O carro negro avançou a encruzilhada e seguiu com facilidade deixando para trás um semáforo com sinal vermelho. Lucio não se intimidou e avançou sem pensar nas consequências.
JE LEEST
Sangue e Café
Mysterie / ThrillerUm jovem rapaz precisa lidar com as adversidades após sofrer um atentado em uma cafeteria.