𝗖𝗮𝗽𝗶𝘁𝘂𝗹𝗼 𝟬𝟰 - ᴍɪɴʜᴀs ᴍᴀɪs sɪɴᴄᴇʀᴀs ᴅᴇsᴄᴜʟᴘᴀs

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Estávamos sendo iluminados somente pela luz fraca de um poste a poucos metros de distância.

─ Olha, eu sinto muito ─ comecei meio sem jeito e observei sua expressão que no momento era indecifrável.

─ Você sabe. Por ter usado aquelas palavras. Você não merecia aquilo. Eu só estava puto ─ falei colocando as mãos no volante e o apertei lembrando do aviso claro que o diretor me deu.

"Sr. Jones, mais uma briga ou sinal de agressividade e vou ser obrigado a lhe expulsar."

Sempre tive dificuldade em me controlar e acabo optando por fazer justiça com minhas próprias mãos. O meu histórico de brigas não é dos melhores. Sei que isso é um defeito meu e preciso corrigi-lo, aliás já estava fazendo isso e ia bem, não me metia em brigas no colégio fazia dois meses, mas então ela chegou e aquilo aconteceu.

Me importava com Hope e não queria, nem permitiria que alguém tocasse em um fio de cabelo seu ou a machucasse de alguma forma.

─ Espero que tenha se sentido melhor após descontar sua raiva em mim ─ praticamente Hope cuspiu as palavras.

Balancei a cabeça. O arrependimento gritando em minha expressão. Porra.

─ Acredite em mim, eu não me senti ─ eu disse o mais sincero possível. ─ Me desculpe, sinto muito mesmo por ter sido um babaca, mas eu me arrependi.

Não sei se ela acreditou, a mesma desviou os olhos dos meus e olhou para a janela.

─ Me leva pra casa, Christoffer ─ Hope pediu com uma voz cansada. Ela havia trabalhado demais, sabia disto.

─ Tudo bem ─ liguei o carro. ─ Mas antes me tira a dúvida que vem me atormentando nos últimos dias.

Ela virou a cabeça e me encarou novamente.

─ Você lembra da promessa? ─ perguntei.

─ Que promessa? ─ ela indagou confusa.

Encarei seus fios ruivos batendo contra seus ombros por causa da brisa da noite enquanto imaginava como diria o que estava querendo dizer.

─ Deixa pra lá. ─ eu disse somente isso e dei partida. Vi pelo canto do olho sua expressão curiosa, mas não me perguntou nada.

Levou só vinte minutos para chegarmos a casa de Hope. Desliguei o carro e notei que ela parecia bem desconfortável, mas dei continuidade ao silêncio.

─ Minha mãe me contou que nós fomos muito próximos quando crianças, eu não me lembro de muita coisa ─ ela soltou as palavras como se as tivesse guardando a algum tempo.

A encarei me perguntando se sua mãe havia contado só isso e então Hope voltou o olhar para mim.

─ Sim, fomos ─ assenti. ─ E podemos voltar a ser ─ acrescentei.

Hope sorriu timidamente e olhou para baixo. Foi a primeira vez desde que ela chegou que eu a vi sorrir e aquilo despertou algo em mim que me assustou. Não queria que ela parasse de sorrir, nunca.

─ Não quero ser próxima de alguém que praticamente me chamou de puta ─ Hope balançou a cabeça.

A surpresa me atingiu em cheio. Pela primeira vez não sabia mais o que dizer ou fazer para consertar aquela situação, na verdade era a primeira vez que queria consertar algo.

BLIZZARDWhere stories live. Discover now