Capítulo Único

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Branco sempre foi minha cor favorita.

O vestido branco, a neve... Tudo seria um lindo sonho, e eu seria um lindo anjo branco no inverno. Hoje era para ser o dia perfeito: um lindo casamento de quintal, cobertos pela neve. O que tinha de ruim nisso? Nada. Tudo seria perfeito.

Eu estava atrasada. As noivas se atrasam. Mas no momento em que eu estava pronta, minha querida mãe avisou-me do atraso do noivo. Eu abri um grande sorriso e disse "Tudo bem", afinal, poderíamos esperá-lo.

O sol que esquentava minha pele estava se pondo. Pedi que minha mãe mandasse os convidados embora.

Maldito.

Mesmo dentro do quarto, pude escutar os burburinhos das pessoas. Aquilo pesava tanto. Ainda no vestido de noiva, andei até o grande espelho do meu quarto e desfiz o coque do meu cabelo, os fios loiros caíram sobre os meus ombros, fazendo-me lembrar do quanto meu noivo – o bastardo que nem ousou aparecer no próprio casamento – gostava do meu cabelo solto.

Minha mãe entrou no quarto e mexeu em meus cabelos. Antes que ela dissesse alguma coisa, pedi que fosse embora, pedi que me deixassem sozinha. E assim eles fizeram, me deixaram sozinha em uma enorme casa. Porque eu precisaria de uma casa tão grande agora?

O tempo estava passando tão devagar, a neve caindo do lado de fora e eu observando pela grande janela. Tirei o véu, o maldito véu que deveria cobrir meu rosto. Eu não saberia dizer as horas, mas provavelmente já estava tarde, a escuridão e calmaria do bairro confirmam isso.

Desci as escadas, observando as nossas fotos de noivado. Estávamos tão lindos no parque ainda pouco coberto pela neve. O início do inverno tinha sido tão maravilhoso para nós. Seríamos o casal perfeito, teríamos uma vida linda. Agora eu nem sabia o motivo de ter comprado essa casa. A essa hora da noite deveríamos estar no sul da França em uma linda lua de mel, mas eu continuava em New York, sofrendo por ter sido abandonada no dia do casamento.

Eu deveria ter previsto isso. Deveria ter imaginado que ele era um idiota e não se casaria comigo. Mas era impossível imaginar tal coisa, tínhamos o relacionamento perfeito. Planejamos nossa vida juntos, ou tudo isso foi uma decisão unilateral da minha parte? Eu era a única que queria tudo isso?

Será possível que essa parte da minha vida tenha sido uma mentira?

Fui até os armários da cozinha, peguei uma tesoura e cortei – com dificuldade – o vestido longo um pouco abaixo dos joelhos, agora seria mais fácil para andar. O clima estava tão frio que senti minha pele se arrepiar.

Eu precisava caminhar.

Olhei para o relógio da sala: 23 horas e 02 minutos. O que aquele cretino estava fazendo uma hora dessas? Eu queria sentir muito mais raiva dele do que estava sentindo verdadeiramente. Sentia-me muito mais idiota do que antes.

Abri a geladeira e peguei uma das garrafas de champagne, talvez eu tenha bebido metade da garrafa ou ela inteira. Tirei os sapatos, não eram saltos, se fossem afundariam na neve. Abri a porta de entrada e senti o vento frio, ao caminhar podia sentir a neve cair em minha pele e os meus pés estavam sendo torturados.

Eu estava congelando.

Andar, andar e andar.

Pensei que estava andando de forma aleatória, mas percebi que estava a caminho da casa do bastardo. Estávamos morando juntos, mas ele ainda tinha a própria casa, não queria vendê-la. Agora tudo fazia tanto sentindo. A casa estava escura, toquei a campainha e ninguém atendeu, provavelmente estava vazia.

Anjo BrancoNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ