É por isso que não me socializo, há sempre um preço alto a se pagar por isso. O Dustin dá uma resposta como "tome cuidado na rua" e entra pela porta que seguro para ele.

— Seus vizinhos não mordem, Juzinha. Ser legal não vai te matar.

— Ah, mas vai me fazer ouvir dicas que não preciso saber sobre algo que já faço e estou satisfeita. Todos aqui parecem querer cuidar do que está relacionado a minha vida sexual, desde muito antes de você.

— Hm. Isso explica o chá diurético que a senhora do primeiro andar me deu? Sério, eu fiquei o dia inteiro indo ao banheiro.

Estou tão envergonhada que escondo minha cara dentro da geladeira. Ele ri atrás de mim.

— Não consigo nem sair de casa por muito tempo por causa disso, eu deveria ser o único a me envergonhar. Chegou um pacote de Las Vegas para você, vá ver o que é e mova a bunda para fora da minha cozinha.

Quase volto para lá ao sentir o cheiro do que faz, mas a cozinha é mesmo dele. Foi a única coisa que me pediu ao voltar pra cá comigo, e como a última vez que tentei usá-la há alguns anos acabou com fogo, pensei ser a coisa sensata a se fazer. São fotos dentro do pacote. Fotos minhas com o Dustin no...

— Nosso casamento.

Ele me olha sobre um ombro.

— É uma coisa linda e, graças a Deus, completamente impura. O que tem?

— Tenho certeza que isso se enquadra em blasfêmia. Fotos do nosso casamento, Dustin. Eu não lembrava que você estava tão suado.

— Tinha acabado de sair de um show, faz parte do pacote.

Todas as fotos tem um ar romântico, até as quer estamos quase caindo, porque sempre estamos segurando o outro. Quase uma metáfora do que nasceria entre nós. Há uma conexão inegável nos permeando nas fotos, e eu sinto como se tivesse ganhado um caso muito grande.

— Espera aí. — ele para de se mover — Você disse fotos?

Após desligar o fogo, ele vem ver o que é. Passo as fotos para ele, um pouco assustada, um pouco encantada. O sorriso dele é simples.

— Eu desejei tanto que aquela noite nunca acabasse para nunca precisar me despedir de você. Quando te falei isso você disse que aquilo era um sonho, e uma hora teríamos que acordar. Acho que acreditava nisso. E eu acordei confuso sem você lá, até perguntei para a recepcionista se uma mulher havia estado comigo naquela noite. Ela respondeu que eu deveria usar menos drogas. Nunca usei drogas, fiquei profundamente ofendido.

Ele faz uma pausa e olho para ele, curiosa. Está emocionado, olhando a foto na minha mão, e sorri um pouco ao me ver olhando para ele.

— Julia, eu sou tão grato por aquela noite que nem sei como expressar isso. Não fosse aquilo, acho que viveria infeliz por toda a minha vida, procurando tudo que encontrei em você.

— Se eu pudesse, escreveria todas as suas declarações para mim. Todas são tão tocantes que merecem ser eternizadas. Não gosto da ideia de ter que acordar se isso significar não ter comida pronta, uma fornalha me esquentando enquanto cochila e chegar em casa para te ver de shortinho na neve.

— Foram os mais sexy que achei, queria impressionar a minha esposa. Você acha que ela vai gostar?

— É sério que um shorts com vários instrumentos musicais em miniatura são os mais sexy que você achou?

Quando em VegasDonde viven las historias. Descúbrelo ahora