1° não atenda no meio da madrugada

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Annalise Keating estava prestes a começar mais um de seus memoráveis discursos em frente à Suprema Corte dos Estados Unidos da América, quando meu celular vibrou sobre a escrivaninha, me obrigando a pausar o momento icônico de Viola Davis como advogada criminal em sua melhor forma para visualizar o nome que a tela brilhante exibia.

Droga, precisava mesmo saber se ela ia se safar de mais um assassinato.

"Frederico" Brilhava sobre a tela que iluminava todo o quarto escurecido, me forçando a fechar a tela do notebook e me sentar sobre a cama, ótimo, mais um final de semana destruído, pensei saindo do envolto de cobertas e chettos construído por horas de maratona, levando meus pés ao chão gelado, parando em frente ao celular que continuava a vibrar exigindo atenção.

Bem que eu poderia empurra-lo de uma escada, ou incendiar sua casa, deportação?.

Será que eles mandariam ele de volta pra casa do caralho?.

Quase conseguia sentir sua revolta do outro lado da linha, andando de um lado para o outro com a mão no bolso, esperando a chamada ser aceita para reclamar da minha falta de agilidade, "Para que serve uma assistente se ela sequer se preza a atender o telefone?".

O prepotência em sua voz me trazia de volta ao mundo real, onde nem Annalise Keating teria a capacidade de me tirar de trás das grades, após um homicídio qualificado com requisitos de crueldade.

Conseguia imaginar várias formas de usar meu aparelho telefônico, em seu orifício...

. - Desliga isso... Sussurrou Marcos com a voz rouca levando o travesseiro a cabeça e se virando de costas, se antes ele estava puto por nossa noite romântica ser trocada por horas e horas de Viola Davis, agora com certeza me odiava.

Na verdade, Marcos merecia certo reconhecimento por sua persistência, ao se segurar firme em um relacionamento em eminente naufrágio.

Estávamos fadados ao fim, assim como DiCaprio no meio daquele frio glacial do oceano Atlântico.

Havíamos até desistindo de discutir.

Por mais que tentasse negar Marcos estava certo, trabalhar para Oliver Duarte se assemelhava a um casamento em suas fases finais, onde ambos se odeiam mas continuam por pura conveniência, Oliver precisava de mim por não achar ninguém competente o suficiente ( ou com saco o suficinte para atura-lo) e eu precisava do seu dinheiro pra manter meu aluguel em dia e terminar de pagar as prestações do meu carro, o que consequentemente nos fazia dependentes um do outro.

Meu chefe era a porra do iceberg no meu relacionamento.

. - Não preciso atender. Respondi baixo recebendo apenas uma bufada de ar vinda de Marcos, ele sabia que eu atenderia.

Peguei o celular da escrivaninha, sai do quarto fechando a porta atrás de mim antes de atender a chamada.

. - Cadê você?. O tom alto e irritado, entrava em contraste com o barulho do ambiente em sua volta.

Merda.

. - Em casa?. Respondi receosa.

. - Não recebeu minhas mensagens?. Perguntou com frigidez. - Sequer tocou na merda do celular, não é?.

. - Não estou em meu horário de trabalho, Senhor Duarte, deixei meu celular comercial no escritório. Enfatizei a última parte tentando ao máximo não manda-lo enfiar suas mensagens onde o sol não bate.

. - Porque tenho uma assistente pessoal se nem pra atender o telefone ela presta?.

Não contive a vontade de revirar os olhos.

Justa CausaWhere stories live. Discover now