— Garoto, se isso aqui fosse o elixir da vida, eu escolheria a morte sem pensar duas vezes. É a pior coisa que já entrou na minha boca. Vá trabalhar agora, e se vier com outra coisa ruim no almoço, te demito por tentativa de envenenamento.

O Dustin está com um sorrisinho no rosto quando o homem sai.

— Que foi?

— É que, até você provar isso, uma camisinha saborizada era a coisa com o pior gosto para você, até onde me lembro.

Sorrio amplamente para ele, porque deste detalhe de Vegas eu lembro bem.

— Você não provou nenhuma das duas coisas, então quem escolhe sou eu. Tem mesmo rúcula naquilo? — pego uma bala na gaveta pra tirar o gosto da boca.

— Tem, a vitamina é minha, na verdade. É o meu café da manhã, ele provou um pouco e quase teve uma convulsão, então disse que não sabia como você me beijava se a minha boca tem gosto disso.

— Hoje de manhã tinha gosto de pasta de dente, espero que ele saiba disso. Não quero arruinar a minha reputação. O garoto te explicou o protocolo dessa primeira cliente, certo?

— Sim, eu vou comer alguma coisa na rua com ele, o Oliver e o Pierre. Pedi que uma segurança feminina acompanhasse ela até aqui em cima.

Como naquele episódio de Grey's Anatomy, essa cliente não consegue ver figuras masculinas sem ter um ataque de pânico. Foi agredida até entrar em coma pelo futuro ex-marido, e por isso estou trabalhando duplamente com ela, para denunciar o crime e conseguir o divórcio. É o segundo divórcio com o qual trabalho na vida, e o primeiro que não sou uma estagiária, então estou também duplamente nervosa.

— Obrigada por cuidar disso.

— É o mínimo que posso fazer por ela. Você quer alguma coisa da rua, que não café?

— Balas de café.

— Um bagel recheado? Pode deixar.

Ele não vê ao sair, mas eu sorrio, porque até que gosto que ele tente trocar o meu café por outra coisa. Tem uma máquina lá fora, então eu só ganho. Só compro porque não posso ficar levantando toda hora pra preparar, leva algum tempo pra ficar pronto, e o garoto não sabe usar ela tampouco.

— Julia? — a cliente chama — Obrigada por disponibilizar uma acompanhante para mim.

Ela está tremendo. Eu saio da minha cadeira e indico o sofá, sabendo que ficará mais confortável lá.

— Você relatou que não gosta de andar sozinha, não fiz mais que o esperado. Aconteceu alguma coisa?

— Ele estava a duas portas da minha quando saí. Eu vi ele. Estava com uma mulher, eles estavam... — ela não consegue falar e a boca faz um bico.

O Oliver me disse que isso poderia acontecer. Muitas vítimas são apaixonadas pelo agressor, por isso ficam. E também me disse que eu não devo alimentar isso.

— Você fez uma boa viagem para cá? Essa neve sempre me deixa nervosa.

— Fiz. A motorista me indicou um bom restaurante para pedir comida.

Quando em VegasOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz