Ele já foi - capítulo 2

19 1 0
                                    


Ele já foi

Cap.1

Sábado ensolarado, dia perfeito para um passeio pela praia, temporada de verão agitando o litoral paulista, mas Marcelo tem um compromisso ainda mais prazeroso, passar o final de semana com sua filha, Melissa.

Separação conturbada e relacionamento pouco amigável com a mãe de Melissa, fez com que ele perdesse todo o bom humor ao buscar a filha, mas com apenas um sorriso, Melissa devolveu toda a felicidade que precisava.

Há poucos dias, Marcelo andou sonhando coisas horríveis, com decapitações, atropelamento, diversas covas, e isso estava lhe perturbando, mas como era muito cético, não levava muito a sério, até...

Depois que levou melissa pra almoçar, a pequena resolveu tirar um cochilo, e o Marcelo aproveitou foi deitar também, mas quando foi escovar os dentes e olhar no espelho, tomou um susto que parecia que sua alma tinha saído do corpo. Viu seu rosto desfigurado, completamente ensanguentado, o susto foi tão grande que Marcelo desmaiou.

- Papai, papai!

Marcelo acordou com uma profunda sensação de desgraça, pegou sua pequena e foi até a casa de sua mãe, que era o único lugar que ele sentia paz.

Ao chegar lá, ele falou o sonho e todo o acontecido e sua mãe com sábias palavras, tranquilizou o filho, e foi passar o final da tarde com a netinha.

A lua que antes brilhava no céu, deu lugar a nuvens escuras e espessas, não demorou muito para a chuva cair torrencialmente.

Já era tarde, e Marcelo foi levar sua pequena para a casa da mãe.

Dirigiu com muito cuidado, pelo efeito da chuva, as ruas estavam alagadas e perigosas, ao chegar, deu-lhe um beijo e um abraço demorado e recíproco foi embora, deixando aos cuidados da mãe.

Na volta pra casa, Marcelo já não estava tão prudente no transito, corria e passava por sinais fechados, na verdade, ele só queria chegar o mais rápido possível em sua casa.

Mas algo chamou sua atenção, viu uma mulher com uma criança no colo, de mais ou menos 3 meses de idade, com tamanha a chuva e vento, Marcelo não pensou duas vezes em lhe oferecer carona, encostou o carro ao lado da senhora, abriu o vidro e ofereceu ajuda.

Mas a senhora, totalmente transtornada recusou a ajuda e saiu na caminhada, mas Marcelo insistiu, saiu do carro e foi atrás da senhora, que finalmente cedeu e entrou no carro.

Com a aparência derrotada, molhada e com o bebê completamente coberto por um cobertor, a senhora explicou a Marcelo que não precisava mais da carona, pois ele já tinha ido.

Marcelo não estava compreendendo a história da senhora, mas ele pensou que ela estava delirando e correu em direção do Pronto Socorro.

A mulher insistia em dizer que não dava mais tempo, e Marcelo corria contra o tempo, para ter a chance de salvar o pequeno bebê.

E ele percebeu algo intrigante, a mulher não estava preocupada com o bebê, ela continuava a dizer que ele já foi, que já não dá mais tempo.

Depois de alguns minutos, eles chegam ao hospital, e Marcelo pega a criança do colo da mulher, para agilizar o atendimento, mas ao pegar o bebê, ele sente que algo está errado, o bebê estava muito leve, e ao ir tirando a manta que cobria a criança, o susto!

Não havia criança alguma ali, apenas panos e fraudas embrulhadas, um frio percorreu sua espinha, sua mente explodiu, como se todos os pensamentos viessem a sua cabeça ao mesmo tempo, o susto foi tão grande que Marcelo veio a cair em uma grande poça de água e bateu a cabeça numa pedra e apagou.

Acordou em uma maca com a cabeça enfaixada e com muitas dores. Ao rebobinar sua mente, e lembrar o porquê que estava naquelas condições, logo perguntou sobre a senhora com um bebê.

A enfermeira estranha a pergunta do paciente e imagina que ele esteja delirando, por razão da pancada na cabeça. E lhe aplica um sedativo que o faz dormir.

Após acordar do sedativo, procurou a enfermeira para novamente perguntar da mulher com quem estava, e ao perguntar, a enfermeira disse que ele estava sozinho, que ela o encontrou desmaiado na chuva.

Marcelo recebeu alta hospitalar e ainda não compreendeu o que aconteceu na noite passada, e seu pavor aumentou quando se lembrou do sonho que teve, ou melhor, do pesadelo.

Durante toda a semana, Marcelo passou no mesmo local e mesmo horário do fatídico acontecimento, e sem nenhum êxito em encontrar a tal senhora, até que numa noite de neblina muito densa, que quase não se enxergava a 1 metro a sua frente, Marcelo encontrou a senhora e logo a parou para pedir satisfações, e a senhora, como se nada tivesse acontecido, deu de ombros, mas com a insistência do homem assustado, a senhora lhe cedeu um minuto de atenção.

O nome da senhora era Silvia, totalmente desequilibrada, não soube explicar o acontecido, dizendo apenas que seu filho passa bem e agradeceu o homem pela carona até o hospital, Marcelo já sem paciência largou a senhora na rua e decidiu pesquisar pela vizinhança, para ver se alguém conhecia a velha Silvia.

Ele encontra uma antiga amiga no mesmo bairro da velha Silvia, Carla, que se propôs a ajudá-lo na pesquisa sobre a senhora, mesmo morando no mesmo bairro, Carla nunca tinha reparado na velha estranha.

Continua...

Cap.2

Na adolescência, Carla era uma menina cheia de personalidade, sempre com alto astral contagiante, e tinha sua mãe como melhor amiga, quando ela nasceu, sua mãe tinha apenas 15 anos, assim a pouca diferença de idades entre elas.

A amizade começou a enfraquecer quando Carla começou a namorar, mesmo com 18 anos, sua mãe achava que ela ainda era muito nova.

E esse nem era o motivo principal pelo qual a mãe era contra o namoro, e sim por causa do rapaz, Madruga.

Dona Zélia dizia que o cara era um mau elemento, e que não iria fazer bem à sua filha, mas todos achavam que era apenas ciúmes de mãe.

Madruga, que na verdade se chamava José Carlos, um playboy metido a malandro, ganhava tudo dos pais, não queria nada com a hora do Brasil, vivia de mesada e trambiques na rua e conheceu Carla num barzinho no centro, e logo depois começaram a namorar.

Com as constantes brigas com a mãe por causa do namorado, Carla resolve sair de casa, Dona Zélia chora e diz que se seu pai estivesse vivo, jamais a deixaria namorar um sujeito como aquele.

Uma grande discussão começa quando Dona Zélia toma a decisão de proibir a filha de sair de casa com o namorado, a briga se generaliza quando a filha decide fugir, caso sua mãe não a deixar ir morar com Madruga. Depois de muita discussão e lagrimas, Dona Zélia cede o desejo da filha, para amenizar a dor.

No dia em que Carla ia sair de casa, Madruga aparece em sua casa para buscá-la completamente alterado, bêbado, drogado e com atitudes violentas, a pequena Carla com medo, correu em direção da mãe, que disse friamente que ela tinha tomado sua decisão, infelizmente...

Carla corre fugindo do namorado, mas o cara com um golpe certeiro, acerta Carla com o extintor do carro, o sangue escorre da cabeça da moça e sua mãe entra em desespero e parte pra cima do Madruga, que corre, pega uma barra de ferro e bate na cabeça da Dona Zélia que a derruba, morta.

Carla acorda e vê a mãe morta, com a pouca força que lhe resta, liga para policia e relata o acontecido.

Madruga foge, mas em poucas horas é encontrado morto na divisa da cidade.

Quando a polícia chega ao local com Carla, a moça identifica o corpo e fica o mistério do que aconteceu com o maldito Madruga.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Nov 08, 2019 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

Ele já foiWhere stories live. Discover now