Mudou a expressão para um sorrisinho simpático e caminhou até mim.
-Oi Eliz!- cumprimentou, parando na minha frente- Devo lhe pedir desculpas pelo jogo de volley. Eu fui tão distraída acertando você...
Ela estava mastigando um chiclete de uva. Dava para sentir no seu hálito.
-A partir de agora vamos ser amigas, ok?- ela me abraça, passando a mão no meu cabelo.
-Ok.- foi tudo o que consegui dizer.
Eu tentava aceitar as desculpas, mas as palavras de Aline não me pareciam ser tão convincentes.
Ela se afastou, me lançou mais um sorriso simpático, e saiu.
O sinal tocou e o corredor foi se esvaziando aos poucos.
Passei a mão no cabelo afim de fazer um coque e algo estava errado: meu cabelo estava grudento.
Peguei uma mecha e vi algo roxo.
Chiclete de uva.
Aline tinha colocado chiclete no meu cabelo.
O desespero foi tão grande que eu mal conseguia gritar.
Saí correndo e me tranquei em uma das cabines do banheiro feminino.
As lágrimas vieram e comecei a chorar em silêncio.
Não sabia o que fazer.
Precisava pensar.
Por que ela fez isso comigo?
Em meio aos soluços silenciosos, escutei vozes.
-Então eu disse que a partir de agora iríamos ser amigas.
Era Aline, rindo em frente ao espelho com as garotas do seu grupo.
-Vocês acham mesmo que um dia vou ser amiga dela?! Nunca!
Mais lágrimas vieram e fechei os olhos, tentando me controlar.
-Ainda não acredito que o Isaac gosta dela.- continuou- Até o final do ano eu o beijo e ganho a aposta.
Fiquei perplexa.
Ela estava fazendo isso comigo por causa de uma brincadeira boba?Ouvi passos saindo do banheiro e o silêncio se acomodou no lugar.
Três aulas se passaram, junto com o intervalo.
Eu continuei na minha bolha de lágrimas e nojo; porque era o que sentia agora pelo meu cabelo.
O celular alertou uma nova mensagem:
Clara irmãzinha:
Eliz?
Não te vi no refeitório.
Tá td bem? :/Eliz:
Vem no banheiro.Clara irmãzinha:
??Eliz:
Por favor :(Em menos de 2 minutos, aqui estava ela.
-Eliz?- pergunta, incerta, analisando as cabines.
Abro a porta e ela vem ao meu encontro.
-O que aconteceu?
-A Aline...- os soluços me interrompem- Colocou chiclete no meu cabelo, e...
Sem dizer uma palavra, ela me abraça
-Nós vamos resolver isso, mas primeiro eu vou lá na sala daquela...
-NÃO!- ela se afasta, assustada com o meu grito de pavor- Se fizer isso, ela pode se voltar pior contra mim! Por favor, Clara, não conta pra ninguém. Por favor. Eu não quero que isso tudo piore.
Era um apelo vergonhoso.
O medo estava me ganhando.
-Ok, não se preocupe.- ela pegou a minha mão e apertou de forma carinhosa- Posso ajudar pelo menos com o cabelo?
Sorri, agradecendo por ela estar ali comigo, e dei sinal positivo com a cabeça.
-Agora,- Clara tirou sua blusa de frio (a temperatura estava agradável. Não era obrigatoriamente necessário usar) e me entregou- veste e coloca a touca. Eu vou voltar pra sala e pegar minha mochila. Não demoro.
Me deu um último abraço e saiu do banheiro.
Coloquei a blusa com a touca e esperei.
Oito, dez minutos se passaram e finalmente ela voltou.
-Passei no refeitório para pegar alguma coisa pra você comer.
Saímos pelos fundos da escola e entramos em um ônibus.
-Não vamos pra casa?- perguntei, abrindo meu pacote de batatinhas.
-Conheço alguém que pode resolver isso.- ela olhou para o meu cabelo, escondido debaixo da touca.- A nossa desculpa caso alguém pergunte será que você resolveu ter um novo visual. E vai por mim: vai ficar linda!
Trocamos um sorriso e encostei a minha cabeça no ombro dela.
Por um momento, parecia que havíamos trocado de papéis: eu estava sendo a irmã mais nova e Clara a mais velha, de cabeça quente.
Ela havia amadurecido em poucos minutos, me mostrando afeto e sermão que as vezes dou.
Ela estava cuidando de mim.
Suas expressões mostravam medo e raiva.
E eu a amava ainda mais por isso.
Descemos do ônibus no começo do centro da cidade e entramos em um salão de beleza, nomeado: Glamour.
Uma moça alta, de cabelos ruivos curtos veio até nós.
-E aí, Clarinha? Veio dar um UP no visual?
-Dessa vez o caso é com a minha irmã.- as duas me olharam e Clara tirou devagar a touca da minha cabeça, explicando rapidamente o ocorrido para a moça simpática.
O salão estava vazio. Deve ser por causa do horário.
Me sentei na cadeira giratória, encarando o próprio reflexo no espelho.
-Fica tranquila.- a moça ruiva colocou suas mãos em meus ombros, e me olhou através do espelho.- O segredo é não ter medo da beleza que está por vir.
Minha irmã estava sentada sentada em uma das cadeiras atrás de mim, do lado de uma mesinha com revistas, e me olhou tentando passar tranquilidade.
Duas horas se passaram e eu encarei novamente meu reflexo no espelho.
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Algodão doce
Романтика》Concluída《 A tampa da panela. A metade da laranja. O amor verdadeiro. Eliz quer tudo isso e não aceita nada menos que um relacionamento dos seus sonhos. Mas para acontecer, ela precisa encarar as fases da adolescência e entender aos poucos que o a...