-Vamos deixar isso pra lá.- nunca tinha visto Clara tão nervosa assim. Estava realmente preocupada.- O jogo ficou empatado mesmo.
-Dane-se o jogo.- ela abre a porta- Mãe! Pai! A Eliz está machucada!
-Oh meu Deus!- os dois vêm em minha direção e ganho abraços e beijos nas bochechas- O que aconteceu?
Sorrio, envergonhada com as carícias.
No mesmo instante, saio correndo para o banheiro afim de vomitar, por causa da dor no estômago.
Será que ela fez mesmo de propósito?
Já é a segunda vez que ela me machuca...
As lágrimas enchem os meus olhos e tento não chorar enquanto me limpo.
Saio do banheiro e todos me encaram.
-Você quer que eu vá amanhã na escola resolver isso?- diz meu pai, com uma expressão preocupada.
-Não!- digo rápido. O desespero de punirem a Aline e ela fizer coisas piores comigo, me invade. Suspiro.- Não precisa, eu estou bem.- viro as costas, ainda sentindo seus olhares em mim, e entro no meu quarto.
O barulho da chuva invade o cômodo.
Deito na cama e libero todas as lágrimas, em silêncio, pedindo para que ela pare de fazer isso comigo.
Ao chorar, me sinto humilhada e insignificante. Não faço sentido algum aqui.
Com os minutos eternos se passando, durmo.
Acordo um tempo depois com o barulho de mensagens vindo do meu celular.
Hugo:
oi, como vc ta? Sua irmã me contou oq aconteceu.Eliz:
tô melhor.O que é meio verdade.
Olho no espelho e estou com os olhos um pouco inchados pelo choro.
Hugo:
OK, qualquer coisa é só me ligar ♡Sorrio com a mensagem.
-Eliz!- meu pai grita.
Saio do quarto e vou até a porta da sala, parando ao seu lado.
Na minha frente está Isaac, segurando um guarda-chuva mas ainda assim está molhado. Eu riria da cena se não estivesse surpresa.
-Você conhece esse rapaz?- meu pai está analisando ele de cima a baixo, pronto para fechar a porta.
-Sim, ele é...- começo a dizer mas Isaac (Newton) me interrompe.
-Sou o professor de reforço dela.- e olha para o meu pai- Só vim ver como ela está.
Reparo que ele mexe no óculos. Mesmo com um guarda-chuva na mão, continua lindo. Como se um mero guarda-chuva influenciasse na sua beleza.
-Pode entrar.- meu pai finalmente suaviza a expressão.
Enquanto Isaac cumprimenta minha mãe e minha irmã (que me dá piscadinhas brincalhonas), vou indo até o meu quarto e escuto passos dele atrás de mim.-Você realmente está bem?- ele diz assim que entra no cômodo, fechando a porta atrás de si- Eu fiquei preocupado. Quem iria reclamar de matemática para mim?- e sorri, ao mesmo tempo que mexe no óculos.
-Eu vou ficar bem.- sento na cama, não conseguindo evitar de sorrir, e ele se senta ao meu lado.- Você teve a grande oportunidade de ver como sou péssima no volley.
Não acho necessário contar que a Aline está fazendo essas coisas de propósito. Acho que ele já percebeu e está aqui para me dar um "consolo amigo".
-Você não é péssima.- ele olha em volta, analisando cada detalhe do meu quarto- Mas fico feliz que você está bem.
Evito perguntar se ele namora a Aline. Se namorasse, não viria até a minha casa, numa noite chuvosa, não entraria no meu quarto e não estaria tão próximo de mim.
-Queria que a gente tivesse começado a se falar antes.- Isaac diz, me encarando- Ou pelo menos ter dito um "oi".
Sorrio ao lembrar dos bilhetinhos.
-Você é linda, Eliz.- se aproxima e toca a minha bochecha com uma mão.
-E você é inevitável.- estou paralisada com essa aproximação e não consigo pensar em outra palavra.
A verdade é que fico sem palavras quando estou perto dele.
Ele dá um riso baixo e me beija.
Pode parecer loucura, mas sinto gosto de algodão doce.Tudo ao nosso redor para e há apenas o barulho da chuva e o nosso beijo.
Ele se afasta devagar:
-Sempre imaginei o nosso primeiro beijo assim.
O que?
Isaac (Newton) está com um sorriso bobo nos lábios e suas bochechas coram.
-Ainda vamos contar algodões doces juntos?- pergunto ao sentir sua aproximação de novo.
-Quantas vezes você quiser.- e me beija de novo.
Meu mundo para novamente.
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Algodão doce
Romance》Concluída《 A tampa da panela. A metade da laranja. O amor verdadeiro. Eliz quer tudo isso e não aceita nada menos que um relacionamento dos seus sonhos. Mas para acontecer, ela precisa encarar as fases da adolescência e entender aos poucos que o a...