Capítulo 15 - Ainda somos os mesmos

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- Sabe, aquele tempo que passamos separados e viajávamos longe um do outro, era tão estranho pra mim. Eu ficava te olhando, sem ter um lugar para descansar a cabeça, sem poder fazer carinho até você dormir. - Um sorriso melancólico surgiu em seu rosto.

- Eu sofri muito naquela época. Teve um momento em que eu achei que não fosse aguentar. Mesmo, que, uma boa parte daquela época estávamos de férias, te ver de novo e gravar com você não era uma das coisas mais fáceis do mundo. Volta e meia eu saía de Glasgow, tentava fugir, ir para outros lugares, mas de uma forma ou de outra, você sempre ia comigo.

- Pois eu amei quando voltamos a gravar. - Confessou Sam sem me olhar, como se estivesse buscando lá no fundo algumas recordações. - Assim eu podia pelo menos te tocar, te beijar de alguma forma.

- Isso pra mim só aumentava minha saudade. Ahhh Sam, como eu te amei! - Disse fechando os olhos, não podia encará-lo.

Senti que ele me apertou no seu abraço se virou pra mim e perguntou:

- E não ama mais?

- Sam..... não vamos falar disso tá bem?

- Porquê não Cait!?

- Porque estamos no meio de um voo, e acredito que já dissemos tudo que tínhamos para dizer sobre esse assunto.

Sam abaixou a cabeça como se tivesse se conformado com a minha resposta.

- Ah! Nem te contei, Amélie me perguntou sobre como ela nasceu e nesta correria da mudança esqueci de te falar. - Vi Sam ficando branco.

- Jura? E o que você disse?

- Que íamos contar toda a história pra ela, eu e você juntos. Achou que eu ia te livrar dessa? - Disse e deu uma pequena risada que fez com que eu risse também.

Amélie veio em um momento bem difícil e totalmente de surpresa, mas sem dúvida era a melhor coisa que poderia ter nos acontecido.

- Lembra daquela noite? - Foi minha vez de trazer memórias à tona.

- Lembro! - Eu não precisava especificar, ele sabia exatamente do que eu estava falando.

- Não lembro como chegamos no seu apartamento. Lembro da gente começar a se beijar na chuva, depois correr e quase acordar os vizinhos... - Eu lembrava dando risada.

- E você quase caiu ao entrar em casa...

- Mas você me segurou... tínhamos tanto desejo, uma pressa de nos amarmos.

- Eu estava com tanta saudade Cait, tão arrependido, com medo de nunca mais te ter. - Disse Sam e fez uma pausa olhando bem nos meus olhos.

- E nossas roupas não saíam porque estavam molhadas, e começamos a rir descontroladamente....

- Até que você me pediu calma e me ajudou a tirar peça por peça e nos amamos ali mesmo no tapete da sala. - Sam completou e ficou em silêncio por algum tempo.

As nossas falas foram ficando mais espaçadas, como se cada um de nós dois precisasse de um tempo para voltar até àquelas lembranças e saborear um pouco delas.

Martha olhou para trás pedindo para falarmos mais baixo ou íamos acordar Amélie. Então Sam chegou no meu ouvido.

- E eu amei você naquele tapete, depois no sofá e daquela noite maravilhosa resultou na nossa preciosa Amélie.

POV Sam

Depois de muitas horas de voo e escalas estávamos finalmente em Los Angeles, em nossa nova e provisória casa.

Eu tinha me disponibilizado a encontrar algo que fosse confortável e pudéssemos transformar em lar para Amélie e para nós, independente de qualquer coisa, o tempo que tivéssemos que passar ali.

Depois que todos estávamos instalados, fui colocar a pequena Amélie na cama e passei no quarto da Cait para desejar-lhe uma boa noite. Ela estava deitada lendo uns papéis e com uma xícara de chá nas mãos.

- Sem sono? - Perguntei dando pequenas batidinhas na porta.

- Acho que dormi demais no seu ombro no avião. - Ela respondeu dando uma risadinha e me chamando para sentar um pouco ao seu lado. - Você está bem Sam? Está arrependido? Como está se sentindo? - Completou.

- Estou ótimo Cait, não estou arrependido e estou muito feliz em estar com você e Amélie aqui. Estou feliz em poder ser seu suporte enquanto você precisar. - Respondi mais com meus olhos do que com minhas palavras.

- Foi muito significante o que você fez! De verdade, obrigada!

- Estarei sempre aqui pra vocês!

- Vi você nervoso falando ao telefone no aeroporto! Fiquei pensando se não te atrapalhamos em alguma coisa. - Imaginei que aquele era o jeito mais direto que ela conseguia perguntar se eu estava conhecendo alguém. 

- Ah! Desculpe por aquilo! Não era nada de importante, e acredito que eu tenha conseguido resolver de uma vez por todas. Mas você precisa descansar, amanhã se apresenta e precisa estar bem. - Falei encerrando o assunto. Não queria de novo ter que explicar para Cait uma ligação da mesma mulher que iniciou toda nossa briga, com aquela antiga foto no restaurante. 

- Tem razão, vou me deitar.

Cait levantou para escovar os dentes e eu fiquei ali sentado esperando - não sei bem o quê - na cama dela.

- Estava esperando para saber se precisa de alguma coisa. - Falei rapidamente tentando me justificar.

- Não preciso Sam, obrigada, está tudo bem!

Fui até o outro lado da cama dar-lhe um beijo de boa noite, mas fomos os dois para o mesmo lado e nossos lábios se encontraram.

Nenhum de nós tirou a boca e assim, eu respirei fundo para sentir seu cheiro. Fechei meus lábios de modo que selei sua boca e ela me devolveu o beijo.

E assim nos beijamos, não sei se por saudade de tudo que relembramos no avião,e no fim percebi que podia passar o tempo que for, nossos beijos sempre iriam se encaixar, se encontrar e sempre seriam assim, verdadeiros e maravilhosos.

Eu queria, muito, continuar beijando ela ali, poder deitar ao seu lado. Sentir de novo seu corpo no meu. Mas eu tinha escolhido ir para dar suporte a ela e não queria que nem por um momento, ela pensasse que eu estava me aproveitando da situação. Então delicadamente fui deixando seu beijo e saí devagar do quarto.

Por mais que eu tivesse um imenso desejo, aquilo foi a melhor coisa que eu poderia ter feito, respeitado nosso momento.

...


A nossa rotina logo entrou nos eixos. Eu ficava bastante com Amélie e separava um período para trabalhar nas empresas. Quando Cait tinha folga saíamos todos juntos.

Claro que, convivendo tão de perto com Cait tinham momentos estranhos, em que para nós dois era difícil conceber a ideia de que éramos apenas amigos e pais de Amélie.

Algumas vezes nos vimos sem roupa, outras nossos abraços eram mais duradouros, e algumas raras vezes nos beijamos com um selinho na boca. Até dormir juntos uma noite fizemos (literalmente) depois de um filme e muito vinho, mas tudo não passava disso.

Voltamos com nossas longas conversas até tarde da noite. Eu a ajudava com os textos como nos velhos tempos e ela me parecia sempre encontrar uma saída para os problemas que surgiam para mim. 

Procurei ser o suporte que eu prometi a ela e era isso que eu ia dar, mas estava feliz por ter esses momentos, o que eu acreditava que não deixava ser um tipo de suporte, o emocional, que Caitriona também buscava... e eu fazia questão de dar.

Depois de tudo - Sam e Cait (Outlander)Where stories live. Discover now