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A dor.

Ela me sufoca, não me deixa respirar, não me deixa pensar e não me deixa viver.

E quando ela encontra refúgio na tristeza, no vazio e no nada. Ah! Aí doí mesmo! Queima!

Parece uma faca te cortando por dentro, parece lava queimando, descendo pela minha garganta. É como se tivesse um dragão te incendiando de dentro para fora.

A dor é imensa, descomunal e implacável! Não tem remédio para ela! Ás vezes, o choro apaga o fogo, mas a dor continua lá. Maiúscula! Potente!

Não dá para respirar! Por dentro tudo está escuro, frio, um vácuo, um grande nada. Um vazio que dói. É ridículo, eu sei! Mas é exatamente isso: um enorme espaço vazio que não para de doer, uma ferida que nunca cicatriza, um buraco negro que suga tudo de bom que há em você e transforma em dor.

Quando você se dá conta, que só sobrou a dor, lacerante, cortante, lotejante, tão profunda que você tem a impressão que vai se perder nela e nunca mais vai se encontrar. A dor domina você! Escraviza! Alucina! E quando você percebe é refém dela. Completamente indefeso. Ela vai e vem quando bem entende e faz sua vida virar um caos.

Quando a dor chega e se instala, ela se torna a sua vida. Sua única realidade, sua única opção. Ás vezes, mais forte, às vezes, mais branda, mas ela nunca vai embora. E ela preenche tudo.

Aí você aprende a fingir e esconder sua dor. Fingir que está tudo bem, que você está bem e vivendo.

Mas, a verdade é que você está só sobrevivendo e sabe disso! Você está vegetando, interpretando o papel de alguém que está vivo. Mas é mentira!

E dependendo de quem você é, você consegue mesmo enganar todo mundo. Até os médicos, até você mesmo.

Eu? Ah! Eu sou uma excelente atriz! Eu sou uma poeta. Aquela que é tão bom fingidor que finge ser sua a dor que deveras sente.

Isso é viver? Ou morrer e continuar andando por aí, como um zumbi ou um fantasma?

Será que eu já morri e nem percebi?

Não. A morte é o fim da dor. E é ela, a dor, que me lembra, todos os dias, que eu ainda estou presa aqui e ainda sou refém dela!

Vertigem - Notas sobre o que há durante a quedaOnde histórias criam vida. Descubra agora