Teófilo Otoni, Minas Gerais, Brasil, 1855.
— Pai! — Gael rosnou pela força que teve que fazer para tirar os escombros de cima dele.
Colocou o ouvido em seu peito e seu coração quebrou ao ver que já estava morto e não podia fazer nada para ajudá-lo.
Rosnou de novo forte e dolorosamente, com os olhos marejados, cheios de ira e dor.
Beijou sua testa e olhou apavorado para a água que começou a inundar o pequeno local destruído. Se não tivesse sua visão de lobo que permitia ver no escuro, estaria na completa escuridão.
O barulho das correntes nos grilhões de ferro, presos nos seus pulsos, o irritou mais ainda.
— Adeus, pai. Eu vingarei sua morte, prometo — disse entredentes.
Foi até sua companheira, tirou a terra de seu rosto e viu o sangue que ficou em sua mão, também impregnado em seus cabelos.
Algumas gotas de sangue caíram sobre ela e ele viu que eram provenientes de sua própria cabeça, que doía fortemente. Devia estar com um corte feio.
— Ana, por favor, fica comigo!
Ela piscou lentamente, atordoada.
— Está tudo bem... não estou mais com medo — sussurrou com dificuldade.
— Vou te tirar daqui, só precisa aguentar mais um pouco.
A explosão com as dinamites tinha trazido a mina abaixo e o som extremamente alto feriu seus ouvidos sensíveis, que zuniam e doíam.
Gael tinha conseguido se livrar das fortes correntes que prendiam ele, seu pai e sua companheira nas rochas no interior da mina, mas não foi rápido o suficiente para conseguir sair antes de tudo explodir e desabar sobre suas cabeças.
Orlan era o lobo que tinha atacado com tranquilizantes, fazendo ele e sua companheira Ana caírem desmaiados, havia os prendido a ferro nas profundezas de uma mina de ouro e, quando acordou, deu-se conta de que seu pai também havia sido capturado e parecia muito machucado com fortes golpes.
O lobo era um covarde, pois em vez de desafiar seu pai para uma luta, para conseguir o lugar de alfa e controle das minas de Minas Gerais, que seu pai laboriosamente havia adquirido, havia atentado contra a vida dele de forma covarde.
E matar Gael e sua companheira somente foi um bônus, porque assim não teria herdeiro para se tornar alfa, já que seus irmãos eram ainda muito filhotes.
Mas ele sairia dali e teria sua vingança.
Ana estava presa debaixo de toneladas de pedras e terra e ele precisava de muita força para poder salvá-la, mas estava difícil até respirar, pois tinha certeza de que todas as suas costelas e pernas estavam quebradas, porque a dor que sentia era terrível e tinha dificuldade de se mover.
A dor era atroz, mas Gael tentava desesperadamente tirar sua companheira debaixo delas, porque sabia que estava muito ferida e mesmo sabendo que não sobreviveria, não conseguia desistir e aceitar o fato.
Apavorado, ele viu a água inundar cada vez mais a mina, pois as dinamites haviam rompido as paredes onde passava uma nascente e encheria rápido o pequeno espaço que ele estava encurralado.
— Malditos, vou acabar com vocês! — gritou.
Ele rasgou suas mãos com as quinas pontiagudas das pedras que tentava retirar, mas sua força para removê-las estava minguando.
Olhou assustado quando Ana gritou de dor, sua situação era horrível, sangue saía de sua boca e ela estava sem forças.
Gael foi até ela e chorou de desespero, colocou a mão sobre sua barriga abaloada, que carregava seu filho, e não sabia o que fazer.
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O VALE DAS PEDRAS - Os Lobos de Ester - Livro 7
Werewolf* Degustação A advertência era clara: "Fique longe do magnata mafioso das pedras". Kally até pensou que seria fácil, pois somente estava na cidade para fazer compras na Feira Internacional de Pedras Preciosas e terminar sua pesquisa para seus minili...