Isso é mistério de Deus com você.

Você é um espelho Que reflete a imagem do Senhor Não chore se o mundo ainda não notou Já é o bastante Deus reconhecer o seu valor. Você é precioso, mais raro que o ouro puro de orfir Se você desistiu, Deus não vai desistir Ele está aqui pra te levantar Se o mundo te fizer cair...

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Ele ia mudar de estação quando peço pra ele deixar acabar a música. Cantarolo baixinho sentindo as letras da música trazer paz para mim.

—Você é uma mulher religiosa, Vivian? — Pergunta sem me olhar, compenetrado no trânsito.

Não sou religiosa, mas a crença que tenho em Deus é muito grande e agora ainda mais, por que eu preciso encontrar forças em algum lugar pra poder enfrentar essa enfermidade. O carro para no sinal vermelho e ele me olha.

— Não sou de ir à Igreja com frequência, mas tenho muita fé em meu coração. E você Adrian, é religioso?

Depois de alguns segundo que mais pareceram horas, ele me responde com a voz bem calma.

—Não acredito em Deus, se é isso o que está me perguntando. — Confessa.

Como assim não acredita em Deus? Fico chocada, petrificada com essa revelação. Ele era ateu.

—Tem algum motivo que fez com que desacreditasse nele? — Pergunto sem deixar transparecer minha incredulidade em sua confissão.

—Não gosto de tocar nesse assunto, talvez um dia eu te conte. Mas adianto que é sobre a morte da minha esposa e filha.

Um silêncio bem pesado se instaurou no carro. Mexer em coisas do passado só mostra que feridas pode até estar cicatrizadas, mas nem sempre curadas.

— Eu peço desculpa pela pergunta indelicada. Mas quero que saiba que cada um tem o direito de escolher seus próprios caminhos, jamais te julgaria por isso.

— Obrigado. Estamos quase chegando perto da sua casa, quer que eu leve direto para lá, ou podemos ir para onde desejar.

— Não, podemos ir naquela lanchonete da última vez. — Falo rindo.

— Aquele dia fiquei bem assustado, você parecia sofrer com uma dor terrível.

— É enxaqueca, ela é minha companheira já tem um tempo. — Justifico sem olha-lo.

— Está se tratando?

— Sim.

Ele chega à pequena lanchonete, e eu agradeço mentalmente, odiava falar sobre essa doença, ela me trazia muito medo. Medo de não viver aquilo que tanto sonhei. Adrian estaciona o carro e assim que desliga o motor desce rapidamente, dando a volta e abrindo a porta para mim.

— Não vale isso, hein! — Falo descontraída e saio do carro.

— O quê?

— Nada. — Mudo de assunto.

— Fala, Vivian. O que não vale? — Insiste, eu mordo o lábio para me penitenciar por falar demais.

— É só uma brincadeira, eu te disse para não se apaixonar por mim, mas com esse cavalheirismo todo, é bem perigo eu cair de quatro por você. — Rio da minha resposta.

— Iria adorar ter você de quatro por mim.

Meu sorriso morre rapidamente e ele gargalha da cara de assombro que eu fiz.

— Adrian... — Sentia minha face arder de vergonha.

— Não! Sério isso?! Você está vermelha.

— Você me fez ficar assim. — Retruco ruborizando ainda mais.

Vingança Nada SaborosaWhere stories live. Discover now