_ Essa é a sua casa, não é? _ perguntou, seu olhar indo direto para a moderna construção de três andares do nosso lado direito a uns mil metros. _ por que me trouxe para sua casa?

_ Sim, é. Olhe para mim, Cassie. _ toquei seu maxilar e virei suavemente.  _ eu tenho uma proposta para você. _ murmurei. _ e eu quero muito que aceite. Na verdade, eu preciso que aceite. Eu não tenho pensado em outra coisa deixe que a vi a primeira vez há duas semanas. _ sua boquinha se entreabriu e sua língua passou nervosa pelos lábios. Arquejou. Ela sabia por que estava aqui. Não era tão ingênua. O que não sabia ainda era a complexidade da minha proposta. Os grandes olhos tornaram-se curiosos, assustados, mas indiscutivelmente excitados. _ venha comigo. _ meu tom foi decisivo e tomei sua mão de novo. Ela nada disse, apenas se deixou ser guiada por mim. Tomei a passarela de concreto que dava para a casa da piscina. Abri a porta e dei-lhe passagem. Ela entrou com passos hesitantes. Seu olhar correndo pelo ambiente, ainda tentando regularizar a respiração. Fui até o balcão de mármore do bar, contornando-o. _ bebe alguma coisa?

_ Água, por favor. _ disse numa voz contida, parou no meio da sala abraçando o próprio corpo.

_ Você não bebe? _ meus olhos deslizaram esfomeados pela sua figura. Ela era linda, mas parecia não se dar conta e isso a tornava mais encantadora para mim. Detesto mulheres exibicionistas. Ela tinha boa altura. Um porte elegante. Seus cabelos hoje estavam presos numa trança que pendia até o meio das costas estreitas. Parecia uma colegial. Muito jovem. Se eu fosse decente a deixaria ir, mas não sou. Sou um predador. Ela é a presa. A refeição da qual já me privei por tempo demais. Geralmente vou pra cima e pego o que quero, mas ela me refreou, me fez ter crise de consciência. Coisa que raramente tenho. Ok. Nunca tenho. Era hora de pegar o controle de volta.

_ Raramente bebo. _ informou, seu tom apreensivo.

_ Me acompanhe em uma taça de vinho. _ meu tom foi incisivo, dominante. Seus olhos se alargaram incertos, mas assentiu levemente com a cabeça. _ só uma. _ abri a garrafa de vinho e servi duas taças. Andei devagar até ela, parada no meio de espaço, parecendo acuada e muito mais jovem do que seus vinte e um anos. Seus dedos estavam brancos pela força com que segurava a alça da bolsa que trazia nas mãos.

_ O-obrigada. _ gaguejou aceitando a taça, nossos dedos se tocando fugazmente, mas nem por isso o contato foi menos eletrizante. Já percebi que gagueja quando está nervosa e isso acontece a maior parte do tempo quando está perto de mim. Acho encantador. Merda! Tudo nela é encantador.

_ Relaxe, Cassie. _ sussurrei tomando um pequeno gole do meu vinho. Ela fez o mesmo. _ quer se sentar um pouco? _ apontei para o estofado negro em forma de L no canto da sala. De repente um clarão iluminou todo o ambiente e logo depois um estrondo horrendo encheu nossos ouvidos. Então pingos grossos bateram no telhado. A tempestade havia chegado lá fora... E aqui dentro também. Meus olhos queimaram nela por sobre a borda da taça. Ela resfolegou e afastou-se começando a andar devagar pelo ambiente. Deixou a bolsa sobre o sofá e seu olhar recaiu sobre o piano no canto oposto do estofado e seu rosto se iluminou.

_ Você toca? _ murmurou já indo em direção ao instrumento. A acompanhei me deliciando com a visão da bundinha gostosa movendo-se no balançar suave de seus quadris. Meu pau se contorceu, babando nas calças. Sufoquei um gemido. Eu tive muitas fantasias com ela aqui, no meu território. No meu mundo. Já a havia fodido em todos os cantos desse lugar em meus pensamentos. Sobre o piano era a fantasia que mais se repetia. Era curioso que tenha se dirigido inconscientemente para lá. Seus dedos finos e longos de unhas curtas e bem cuidadas deslizaram pelas teclas, o som concorreu com o barulho da chuva torrencial que caía agora.

_ Não sei se o que faço pode ser chamado de tocar. _ torci os lábios desdenhando de mim mesmo. Ela sorriu. Um riso misterioso. Um misto de sensualidade e inocência. Santa Mãe! Ela vai me matar.

PRÍNCIPE DA PERDIÇÃO (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now