Prólogo

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"Eu quero ser livre e deixá-la voar para longe para ver um sorriso em seu rosto, É a parte mais difícil de ser substituído"

Replaced – American Authors

Ryan

Seu avô costumava dizer que todo homem possui uma mulher perfeita. Uma mulher que se encaixe completa e unicamente a ele.

Quando ele começava a dizer isso para alguém, alguns, homens principalmente, já imaginavam que seria mais um discurso interminável de um homem senil que se achava sábio por causa de todos os anos vividos, e as mulheres começavam a sorrir e suspirar diante suas palavras, que imaginavam elas, serem românticas e cheias de sentimentos.

Mas assim que ele as completava, os papeis se invertiam e os sorrisos de uns e reviradas de olhos de outros trocavam de lugar.

Quando tinha apenas sete anos, Ryan ouvira aquela experiência de vida pela primeira vez de seu avô. Ele dizia que o segredo eram os seios.

Havia em algum lugar do mundo uma mulher cujos seios se encaixariam perfeitamente nas mãos de um homem, e então ali naquele encaixe você saberia que seriam perfeitos um para outro, pelo menos na cama. Sempre tudo se resumia ao momento entre lençóis. Nenhum casal é feliz no dia a dia se entre quatro paredes estiver acontecendo algum problema. Ou melhor, se não estiver acontecendo nada. Esse é o maior problema de todos.

Segundo ele o encaixe perfeito era quando os dedos não estavam flexionados demais ao redor de belos e redondos seios. Não podia ter pele escapando entre os dedos e se o homem tivesse que fechar muito as mãos a ponto de seus dedos se sobreporem, também não serviam.

Nada daquela merda de mãos que se encaixam e dedos entrelaçados ou de ouvir o som de anjos cantando após o beijo ou até mesmo sentir as famosas borboletas no estômago. Quem em sã consciência saberia como é ter um monte de borboletas voando no estômago? E principalmente. Que borboleta sobreviveria tempo suficiente para voar dentro de alguém?

Essas baboseiras românticas não faziam sentido.

Não eram os sons de vozes de anjos cantando que Ryan queria ouvir quando encontrasse seu par perfeito, e sim o de gemidos de uma mulher.

Mas e se mais de um seio se encaixasse nas mãos de um homem?

Era uma pergunta bem frequente e que fazia todo sentido. Ele mesmo perguntara isso da primeira vez. O velho Richard, claro, tinha a resposta para ela. Ele dizia:

─ Pequeno Ryan. Você saberá qual é o seio certo. ─ Colocava as mãos flexionadas na frente do rosto como se apertasse seios invisíveis ─ Será algo natural. Você vai sentir.

Aquilo não lhe fizera o mínimo de sentido na época e só por que crescera e ficara mais velho, não significava que fizesse sentido hoje em dia.

Só porque as palavras do velho Richard Davis não eram de puro romance não queria dizer que o homem não era sábio. Era o homem mais inteligente que Ryan já conhecera na vida. Não só pelo fato do cara ter começado um mega escritório do nada e com nada mais do que 100 libras no bolso. Ele também era o único que sempre sabia o que dizer e não tinha medo em fazê-lo. Ryan o admirava. Sonhava em um dia ser como ele.

Pena que não fora sábio o suficiente para saber que cigarros matam.

Ele suspirava fundo e encostava-se ao táxi estacionado na rua cruzando os braços na frente do peito.

Estava se sentindo um pouco nostálgico naquele dia. Não sabia ao certo se era algum efeito não rotulado do remédio que tomara para dormir na noite anterior, quase não conseguira se levantar para pegar o avião. Estava enfim se tornando o advogado que seu pai tanto queria, insônia era sua nova companheira, assim como a enxaqueca e o inicio de uma gastrite. Ou talvez fosse o motivo que o levara até ali.

No lugar certo (pausado)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora