Capítulo Vinte e Cinco (último)

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Anna era a minha única companhia para a aventura que tinha criado para mim própria naquela noite. Estávamos num país diferente, estranho, e passáramos as últimas horas meio perdidas na capital. No entanto, tínhamos um plano e esse estava bem definido na nossa cabeça. Tentáramos evitar usar a aplicação de mapa dos nossos telemóveis, para poupar bateria, mas eventualmente isso provou-se absolutamente necessário. Nenhuma de nós sabia falar a língua oficial daquele país e poucos nativos falavam a nossa. Eu estava a ponderar estragar toda a surpresa com uma chamada de telemóvel quando, finalmente, Anna teve a ideia mais brilhante de toda a sua vida.

- E se seguirmos aquelas raparigas? – e apontou para duas raparigas, com roupas parecidas.

Comecei a rir, batendo na minha própria testa.

Do outro lado da estrada, estavam duas raparigas que, de onde eu estava, aparentavam ser adolescentes. O que as fazia especiais, no entanto, não era tanto isso como era o facto de ambas estarem a usar t-shirts brancas com uma cara que nos era bastante conhecida. Elas só poderiam ir para um sítio vestidas daquela forma e era exatamente o mesmo local que eu e a minha amiga passáramos os últimos quinze minutos a tentar localizar. Respirando de alívio, decidi ouvir Anna e seguir a sua sugestão de esperarmos uns segundos antes de seguirmos as adolescentes, para não parecermos demasiado estranhas.

Harry não sabia onde eu estava. Sabia que eu tinha passado a manhã na capital daquele país, numa convenção literária, mas pensava que eu ia embora a seguir ao almoço. Eu tinha outros planos, no entanto, e Anna concordara automaticamente com a minha sugestão mais que um pouco maluca. No dia seguinte teríamos que estar no país vizinho e tínhamo-nos comprometido a evitar os aviões tanto quanto pudéssemos, indo de comboio sempre que não estivéssemos com pressa e em países em que os bilhetes não fossem estupidamente caros. Aquele era um deles: passar de um país para o outro, ou melhor, de uma capital para a outra, demorava apenas quatro ou cinco horas, mas valeria a pena. Tanto eu como Anna tínhamos adorado as paisagens estranhas e maravilhosas das viagens de comboio nos últimos três meses.

Tinha saudades da minha família e de Harry, principalmente. Ocasionalmente, o meu calendário e de Harry encontrava-se no mesmo país, no mesmo dia, mas isso já não acontecia há um mês e meio. E, tanto quanto ele sabia, seria impossível para nós encontrarmo-nos naquele dia. A minha família, no entanto, eu já não via há três meses. Jason, Noah e Jill tinham conseguido viajar até nós, sendo mais fácil eles tirarem, individualmente, dias do trabalho e passearem por novos países em vez de nos forçarem a ir e voltar constantemente. Anna não tinha tido muitas saudades de Jill, porque a vira mais vezes que a qualquer outra pessoa, devido à sua profissão como jornalista ser adaptável a notícias internacionais. Tinha sido ótimo para elas, claro.

- Quando é que disseste que era o concerto?

- Às oito. – respondi, distraída devido ao facto de estar de bicos dos pés a tentar ver por onde as duas adolescentes iam.

Sem Harry saber, tinha contactado os seus colegas de banda para pedir o máximo de informações sobre o concerto possíveis. Tinha, também, pedido ajuda na compra dos bilhetes, mas eles tinham decidido ser mais úteis que isso e conseguido arranjar dois bilhetes para a plateia mais próxima do palco, gratuitamente. Recebera esses dois bilhetes no meu email e no meu telemóvel ainda estavam, prontos para serem mostrados à entrada do recinto. Depois de fazer a minha pesquisa, descobrira que a arena onde Harry iria atuar naquela noite albergava quarenta mil lugares e que tinha esgotado, como tantos outros concertos daquela digressão.

Maravilhava-me a quantidade de pessoas, de tantas nacionalidades diferentes, que adorava a música que Harry fazia. Onde quer que ele fosse, tinha milhares de fãs, prontos para o ouvir e para adorar tudo o que ele fazia. E, mesmo enchendo arenas e estádios em todo o lado, não conseguia chegar a todos os fãs. Ao contrário do que acontecia na minha área de trabalho, ele era confrontado todos os dias com pessoas a olharem para ele, a mostrarem-lhe que o adoravam e idolatravam. Eu conseguia ignorar, durante maior parte do tempo, que tinha uma base de fãs enorme, mas ele não: ele lidava com essa realidade todos os dias. Harry tinha sido feito para aquilo, no entanto.

Caminhos Cruzados // harry stylesWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu