Psicologia reversa é o nome de uma técnica de persuasão, onde o objetivo pretendido é apresentado de modo contrário ao que realmente se deseja. Minhyuk não hesita em pedir ajuda de Jooheon, seu melhor amigo, pra testar o mito de que, quando não se e...
Obviamente todo o resto da arrumação continuou com Jooheon meio emburrado, querendo terminar logo, mas eu já estava cansado e minhas costas doíam. Minhas mãos cheiravam a cloro e eu estava todo suado, só queria tomar um banho e cair de novo no sofá.
Se Jooheon estava esperando que eu faria o jantar aquela noite, estava muito enganado.
Depois de passarmos o que pareceu uma eternidade naquela faxina, finalmente Jooheon permitiu que eu fosse tomar um banho - e eu não sei bem porquê fiquei esperando a permissão dele, já que eu sou o mais velho. Estava no meio da minha ducha quando ouvi a porta se abrir, porque não aprendemos a lição sobre trancá-las mesmo depois dos mais diversos contratempos.
— Não vou atrapalhar - Jooheon disse - Mas gastamos água demais hoje graças a alguém.
— Honey - dei uma risada nervosa enquanto terminava de me enxaguar - Talvez isso seja um pouquinho demais.
Tudo bem, eu podia lidar com os carinhos e os beijos, mas tomar banho juntos? Eu só peço misericórdia.
— É pelo planeta - falou, antes de entrar no box junto comigo.
Completamente nu.
Eu queria muito dizer que mantive a compostura, mas meus olhos tem vida própria e não consegui impedi-los e observar desde as clavículas até os pés de Jooheon, passando demoradamente pelo peito, abdômen e... Bem, vocês sabem. Quando fiz o caminho de volta, encarando seu rosto, encontrei um sorrisinho travesso brincando no rosto marcado pelas covinhas e me virei de costas, lavando o rosto com um pouco de força.
— Ok, eu saio - falei, puxando o outro lado da cortina, tentando tomar cuidado para não molhar tudo de novo.
— Não precisava - respondeu entre risos.
Não respondi. O banho gelado não era mais uma opção para acalmar o meu surto hormonal, porque Jooheon estava lá.
Isso só podia ser um teste divino.
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A ligação desmarcando a "sexta-feira dos amigos" durou bem menos do que eu imaginava.
Aparentemente, Hyungwon e Kihyun estavam esperançosos que eu não quisesse encontrá-los aquela noite porque queriam ficar com seus respectivos namorados. Dois falsos, se querem saber. Eles se veem todos os dias, custa tanto assim tirar uma noite só pra gente?
Não tinha forças para reclamar demais, porque minhas costas ainda doíam e eu não conseguiria sair da posição que tinha encontrado no sofá nem se eu quisesse. Jooheon tinha se juntado a mim depois do banho e eu não reclamaria da sua aproximação porque ele estava absolutamente cheiroso e deixou minha perna descansar sobre a dele. Não por tanto tempo, porque pedimos comida e ele foi atender a porta.
Enquanto comíamos assistindo a um filme antigo, entramos numa nova profunda discussão sobre o fato do serviço doméstico nunca acabar, porque tínhamos acabado de deixar tudo limpinho, mas já tinha louça para lavar graças ao nosso jantar.
Fiz manha quando ele pediu para eu me mexer e se deitar comigo no sofá espaçoso, mas acabei cedendo e deixando que ele se aconchegasse a minha frente. O cheirinho dos cabelos estava realmente muito bom e as luzes apagadas, o cansaço do dia e a voz distante do programa de TV, mais o calorzinho de Jooheon tão perto estavam me deixando muito sonolento.
— Hyung - Jooheon chamou aos sussurros.
— Hum...
— Você já dormiu?
— Eu adoro quando você pergunta essas coisas - dei um sorriso preguiçoso - Já dormi, sim, honey.
Jooheon virou-se de frente pra mim, abraçando-me enquanto suas mãos acariciavam minhas costas.
— É bom descansar mesmo, porque amanhã a gente tem uma maratona pra fazer.
— Mal posso esperar - murmurei já com meus olhos fechados.
Por isso, não vi quando Jooheon se aproximou para me beijar outra vez. Ele estava certo ao dizer que minhas reações surpresas não seriam mais tão frequentes, porque não me assustei com aquele contato. Foi imediato que eu, simplesmente, correspondesse ao beijo sem precisar pensar muito sobre isso.
— Sabe... - comecei, ainda sonolento - Pra um cara hétero você gosta muito de beijar outros caras.
— Deve ser porque eu não sou hétero, né? - respondeu um tanto impaciente - Se até eu admito, não sei porque você fica insistindo.
Sorri, porque era engraçadinho vê-lo aborrecido.
— Deve ser porque eu só te vi ficar com um cara e uma única vez enquanto você 'tava bêbado - devolvi.
— E isso não é prova o suficiente?
— Não - apertei mais seu corpo no meu, para ficarmos mais confortáveis - Você podia estar só curioso.
— Eu estava - respondeu baixinho - Mas não era só sobre a minha sexualidade.
— Hum - resmunguei - E então?
— Eu... - Jooheon respirou fundo, fazendo o hálito morno me causar arrepios quando soltou o ar no meu pescoço - Achei que estava gostando de alguém na época.
— Gunhee?
— Não - respondeu rapidamente, mas ainda sussurrando - Outra pessoa. Eu queria só... Saber se seria assim tão estranho ficar com outro cara.
Talvez fosse meu estado apenas "meio consciente", mas o sentimento estranho que aquela frase me causou não me rendeu reações tão extremas. Era esquisito pensar que Jooheon esteve interessado em alguém - um cara - a ponto de sair de sua zona de conforto "heterossexual" só pra ter certeza de que não estava confundindo as coisas.
— E foi? Estranho, digo.
— Não - negou também com a cabeça - Mas a sensação de beijar alguém que gosta e alguém que não gosta é diferente.
— Então você chegou a ficar com esse outro cara?
Jooheon demorou a responder. Ficou calado por tanto tempo que eu quase esqueci que tinha feito uma pergunta e deixei o sono me levar.
— Fiquei - respondeu.
Mais uma vez, o sentimento era estranho. Ainda que Jooheon tratasse tudo no passado, eu não pude evitar sentir ciúmes, ainda mais por saber que ele não tinha me contado.
— Se você gosta dele - bocejei alto, e o puxei para ainda mais perto - Deve ser um cara legal.
Não houve uma resposta depois disso. Ao menos, não uma em que eu estivesse consciente para ouvir. Apenas me deixei levar pelo cansaço e caí no sono ali mesmo, no sofá da sala, abraçado a Jooheon.
E a frase seguinte, entoada ao longe enquanto eu já dormia, só podia fazer parte de um sonho, eu admiti.
