Capítulo 2

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O preço foi caro. Indiscutível. Irrevogável. Apesar disso, não estava me importando muito contanto que minha mãe conseguisse fugir. Não sei se realmente me importava com algo mais que isso. Queria mais e que Beltrán explodisse. Queria ver sua cara quando chegasse em casa e não visse minha mãe lá. Adoraria. Pensaria nisso depois.

Estava voltando pra casa para pegar minha mãe. Era 11:45 da manhã e ela deveria estar pronta. O plano era simples: Chino pagou as despesas da viajem e um segurança pra vigiar o idiota do meu padrasto. Assim, minha mãe conseguiria pegar um trem que ia até Savannah.

Era simples.

Muito simples, mas quando cheguei em casa, aconteceu algo inesperado.

A casa estava toda revirada, móveis virados e cortinas rasgadas. Uma linha fina e gelada passou por minhas costas naquele momento.

— Olha só quem chegou! – ouvi Beltrán ressoar.

Estava com uma garrafa na mão, bêbado sem a camisa e as calças abertas.

— Onde está minha mãe? – perguntei com um tremor na voz.

Beltrán não me respondeu. Desceu as escadas e veio em minha direção. Reparei que suas mãos estavam sujas de sangue. Petrifiquei.

— O que você fez com minha mãe seu nojento? – perguntei cerrando os punhos.

Beltrán apenas riu descaradamente. Empurrei-o a minha frente e subi correndo as escadas. Fui direto até o quarto que minha mãe dormia. Me arrependi no momento que abri a porta.

— Mãe? – chamei dramática sentindo o aperto em minha garganta.

Corri até seu corpo imóvel na cama, despido com as roupas rasgadas. As manchas de sangue escorriam pelo lençol.

Nada mais importava.

Minha mãe estava morta.



[...]



— Me solta Mateo – gritei pra ele tentando me soltar de seus braços que seguravam os meus pelas costas.

— São ordens dele Juls!

— Ele que se foda! – gritei – Minha mãe está morta! MORTA!

Pela primeira vez depois da cena me derramei em lágrimas. Solucei estranhamente chamando atenção das pessoas que passavam em frente ao meu local de destino. Mateo desapertou meus braços e me acolheu em um abraço.

— Não chore pequena – disse ela afagando meus cabelos enquanto eu soluçava em seu peito – Lucho já removeu o corpo, não há com o que se preocupar.

— Não há? – perguntei me afastando dela – Aquele lixo matou minha mãe e você quer que eu não me preocupe? Porque ELE mandou o idiota do Lucho recolher minha mãe?

— Calma Juliana, Chino sabe o que esta fazendo, ele acha que poderiam encontrar sua mãe morta e desconfiarem que foi trama dele!

— O QUE? – disse dando-lhe as costas ignorando suas palavras.

Entrei convicta no prédio com a placa anunciando a maior casa de shows de Atlanta. "Arriba!" era comandada pelo maldito Chino. Aquele lugar não era apenas uma casa de shows, não mesmo.

Naquele momento, o lugar estava vazio mais tinha certeza de que ele estava lá. Subi as escadas decidida ignorando os olhares de Lucia. Cheguei a sala do maldito e nem sequer bati na porta.

— O que você pensa que esta fazendo mandando o Lucho limpar a sujeira daquele idiota? – gritei aos quatro ventos.

Ele se virou com um olhar tranquilo.

— A primeira coisa a se fazer e se acalmar! – disse calmo – não posso ter meu nome associado a um assassinato.

Bati a mão na sua mesa e soltei em um urro:

— Isso não tem nada a ver com você maldito.

A risada sarcástica que ele deu ressoou pela sala. Queria matá-lo.

— Seu querido padrasto sabe onde você anda metida. É mais fácil culparem você do que ele.

Olhei-o com raiva, ódio e desprezo. Sentia as lágrimas continuarem caindo por meus olhos e ele ignorá-las completamente. Dei as costas e fui fazer a única coisa que me faria esquecer tudo o que tinha acontecido: me drogar.

Mi Vida Sin TiOnde histórias criam vida. Descubra agora