– Gael, não é? – Perguntou, tentando voltar com a postura. Aquele alfa autista estava lançando feromônios irritados no ar e aquilo estava desequilibrando-o. – Sabia que Alan tem falado bastante de você? Mas é estranho pensar que agora ele deve estar dando a bunda para os amiguinhos de Alice.

Gael trancou a respiração, sentindo a agressividade tomar conta de seu corpo. Sua avó sempre dizia que era importante manter a calma. Mas era torturante tornar-se controlado quando imagens como as de Alan sendo tocado e penetrado por outros alfas cortavam sua mente. Por que isso acontecia? Por que ele se sentia tentado a ser possessivo? Gael tinha lido que isso acontecia quando um alfa se sentia tentado a possuir um ômega. Não fazia sentido. Ele não queria possuir Alan.

– Alice? Seja mais preciso – Judith rosnou, tendo dor de cabeça ao lembrar da alfa.

– Da última vez que eu o vi, ele estava conversando e comprando drogas de Alice. Eu lembro dele sair meio retardado. Eu parecia tonto... Sei lá – Deu de ombros.

– Onde ele poderia estar agora? – Gael perguntou; uma nota de preocupação em sua voz.

O alfa não podia deixar de ficar surpreso ao notar que aqueles dois estavam criando uma ligação. Era cômico pensar no ômega mais duro que tinha conhecido, ficar de quatro por um alfa certinho e intelectual como Gael.

– Eu não tenho certeza, mas é provável que ele esteja em um dos pandemônios daquela alfa. Sabe, rave do submundo – Tentou soar claro, mas o alfa não entendeu. Mas Judith entendia. Nitidamente. – Converse com aquela alfa que ela te dirá como entrar naquela perdição.


Gael seguiu Judith nas cansativas escadas que levavam as alas mais baixas do campus. A maior parte das salas estavam fechadas e a iluminação era precária. Um cenário perfeito para fazer transações proibidas. Perfeito para o tráfico entre alunos.

Judith parecia entender bem o caminho, e Gael perguntou se ela também comercializava droga, o que a fez olhá-lo chocada. Explicou que era Alan que a levava para os porões quando comprava ervas com Alice.

Ficou não tão surpreso pela compra, mas sim por perceber que o ômega realmente conhecia a maior parte dos alunos.

– Ele me soa como alguém perfeitamente sociável – Gael disse, ouvindo risos perto das salas inativas.

– Não se engane. As amizades de Alan são tóxicas. Ele pode falar com todo mundo, mas isso não signifi...

– Judith? – Uma voz feminina perguntou, fazendo Judith se calar e paralisar. Uma paralisia muscular que fez seus olhos se arregalarem e sua respiração parar. Ela parecia assustada, como se estivesse vendo algo terrível.

– Alice – Grunhiu, desviando o olhar quando uma alfa apareceu perto do corrimão, com o rosto tão surpreso quanto o de Judith.

Ela não soava bem para Gael. Ele não era bom em julgamentos, mas tinha certeza de que estava certo quando notou que ela não era um bom elemento.

– Oh, veja só quem está aqui – Se recompôs rapidamente, voltando com o olhar irreverente ao se aproximar de Judith. – Perdeu o caminho de volta para sua alfa?

– Não me toque – Rosnou, recuando passos quando ela estendeu um braço.

Aquilo não era respeitoso. Alfas não poderiam tocar em ômegas marcadas de forma tão íntima. Gael sabia que precisava tirar Judith dali o quanto antes.

– Oh, o que Aline não faria pela sua preciosa ômega... Tão possessiva. Seria ótimo se ela estivesse aqui para ver sua vadia rastejando de volta pra mim.

StrangerWhere stories live. Discover now