Capítulo 2: Can my heart beat quiet? No.

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Macarena tinha o batom gasto, de tanto esfregar os lábios, e mordiscar por puro nervosismo, enquanto esfregava as mãos uma na outra, em frente a uma das mesas com drinks que garçons preparavam na hora, e ela aguardava o seu. Santiago, que observava os movimentos da Irmã de não muito longe, resolveu se aproximar, aproveitando para também pegar algo para acompanhá-la, na festa que seria iniciada a qualquer momento. "O que foi que eu perdi?", o garoto falava em tom de quase deboche. "O Gonzalo contando sobre o projeto da novela que está gravando, como ele ainda não sabe se vai aceitar voltar para a trama, na próxima temporada da nossa, e o restante não posso informar, tendo em vista que vim parar aqui.", Macarena soltou um riso fraco, e desviou os olhos dos de seu irmão, para observar o moço que terminava de servir sua bebida. "Achei que tinha acontecido alguma coisa, porque você parecia tão animada na frente da Barbara e, do nada, você simplesmente não estava mais lá.", o garoto arqueou uma das sobrancelhas, encarando a irmã. "Você veio para me acompanhar, ou me vigiar, Santi? Haha", a loira tentava disfarçar, porque não queria que alguém os ouvisse. "Não vai mesmo me contar o que está acontecendo, tudo bem, mas não vai me impedir de ficar de olho na minha irmã preferida.", Santiago agradeceu aos garçons, enquanto pegava uma bebida em cada mão e fazia sinal para que Macarena o acompanhasse até que ambos chegassem em um dos cantos do enorme salão de festas, onde a after party parecia estar recém começando.

"Você pode sentar ao meu lado, se quiser, não precisa fugir.", Santiago terminava de se ajeitar em uma poltrona que havia disposta perto de umas mesas de bistrô pretas, e fez menção para que a irmã sentasse ao lado. "Você não desiste mesmo, né?", a loira balançou a cabeça e soltou um riso nasalado, "Sabe o que é engraçado? Ano passado, nessa mesma época, enquanto eu ia embora de uma festa não muito diferente dessa, também ouvi que estava fugindo.". "E estava?", o garoto tinha o semblante focado no que viria a ouvir, a partir daquela simples pergunta. "Bom, o conceito de fugir, pra mim, é se desprender do que você é. E não ser você, com todas as pessoas e coisas pelas quais você é responsável, é o cúmulo da liberdade, para mim.". Macarena bebeu um gole do líquido colorido no bonito copo que agora estava em uma de suas mãos, enquanto fitava a bebida, mas seguia de pé, ao lado da poltrona. Santiago sabia que da onde tinham vindo aquelas palavras, haviam mais, então prosseguiu: "E ser livre é a melhor sensação, de vez em quando, né?". Macarena desviou o olhar do copo para fixar nos olhos dele: "Às vezes é como se eu tivesse escondida o tempo todo, entranhada na vida, sem ser percebida e, mais importante, sem ser cobrada...". A loira deu mais um gole na bebida, "Só observando tudo, sentindo as coisas no meu próprio tempo, sabe?". "Comigo você não precisa se esconder, porque eu não cortaria suas asas nem se você pedisse. Espero que saiba disso.", com a mão que estava livre, o irmão de Macarena apertou firme a mão dela que também estava, até então. Com aquele gesto terno, e uma troca de olhares que dizia mais do que palavras poderiam traduzir, a loira sentiu que finalmente conseguia começar a botar para fora tudo aquilo que, até então, estava guardando dentro de si, sem se sentir julgada. Mas, antes que pudesse terminar de organizar as idéias, uma Claudia animada com a música ambiente se aproximava de onde eles estavam, para conversar. Pelo menos, por mais alguns minutos, a loira se distraiu, assim que a colega de trabalho a puxou direto para a pista de dança.

"Ora, ora, se não é o casal vai-e-volta da emissora.", Claudia soltou as palavras como quem lançava um veneno, e Santiago prontamente olhou na direção em que ela estava fixando o olhar, antes de voltar os olhos para a irmã, que agora também mirava a quem ela se referia. Macarena foi diminuindo os movimentos dos passos de dança, conforme ia aumentando a atenção na cena que assistia ali: Barbara, sentada na ponta de um banco alto, bem na frente da mesa da mesma altura, onde Gonzalo estava escorado, com o corpo inclinado para quase em cima do dela. Os dois conversando, sorrindo, enquanto ele oferecia um copo generoso de gin tônica, com limão, para a morena. E Macarena sabia que aquele era o aperitivo preferido dela, o que tornava as coisas mais incomodativas. Também sabia que não queria mais ter que lidar com aquele tipo de sentimento, principalmente em público. Então, sutilmente, foi levando seu corpo dançante para perto do de Santiago, falando no ouvido do garoto que não estava se sentindo muito bem e procuraria um lavabo. Antes que ela conseguisse se desvencilhar de um abraço vindo de surpresa de uma Claudia que já estava um pouco alegre em função das bebidas, ouviu um barulho de talheres de prata sendo batidos, com gentileza, no canto de alguma taça de cristal, sinalizando que alguém gostaria de propor mais um brinde.

Capital Letters (short fic Barbarena)Where stories live. Discover now