Capítulo quatro

Começar do início
                                    

Eu estava sentada ao seu lado e olhava para o seu perfil concentrado no que fazia. Reparei o quanto bonito ele era, disfarcei assim que ele virou seu rosto.

— O que foi Elena?

— Nada.

— E por que estava me encarando?

— Não foi nada, Thur. — Apressei-me a sair da cama.

Ele ficou me olhando, então resolvi falar o que sentia.

— O que aconteceu com a gente, Arthur? Sinto falta da nossa amizade.

— Não sei. — Ficou calado e não me olhava.

— Thur, olhe para mim.

— Para que, Elena? — Seus olhos não encontravam os meus.

— Eu quero falar com você, olhando nos seus olhos.

Ele levantou seu olhar, inseguro, apreensivo.

— Fala?

— Eu acho que gosto de você.

— Você acha? — perguntou com um sorriso fraco.

— Acho.

— Mas você sabe que nunca vai poder rolar nada entre a gente, não é?

— Por quê? — perguntei baixo.

— Nossa família, seu pai, somos primos!

— Mas, não somos primos de verdade. Thur.

— Mas para nossa família somos. Vamos deixar tudo como está, ok?

— Eu não tenho medo de falar com meus pais, eu gosto de você e não aguento mais esconder isso.

— Por favor, não torne tudo mais difícil. — Arthur, falou se levantando e andando pelo quarto.

— Mais difícil?! — fui em sua direção.

— Por favor, Elena. — Ele tentou se esquivar.

Eu o abracei e coloquei meu rosto em seu peito.

— Mas que droga, Elena! Não faz isso — falou me tirando de seus braços

— Mas eu sempre te abracei!

— Mas agora é diferente. Você não entende? Não somos mais crianças, podemos cometer erros que levaremos para o resto das nossas vidas.

— Não leve tudo tão a sério, Arthur.

— Não consigo agir de outra forma.

— Fica comigo. — Pedi com meus olhos fixos nos dele.

— Não. Não podemos.

— Se quiser manteremos tudo escondido. Ninguém nunca saberá.

— Estou namorando.

— O que? — perguntei em um sussurro.

— Estou namorando com a Bruna.

Caí sentada sobre a cama e não podia acreditar. Ele estava com ela?!

— É mentira! Você está dizendo isso para fugir. Para não enfrentar o que estamos sentindo.

— Não é isso.

— Vai em embora! Sai daqui! Esquece tudo o que eu te disse. Sai!

Ele me olhou indeciso, mas saiu.

Caí em minha cama e chorei muito.

Nossa rotina na faculdade continuou. Nos primeiros dias não nos falamos, depois aos poucos voltamos a nos falar, mas nunca tocando no assunto sobre aquele dia. Fizemos como se ele nunca estivesse existido. Comecei a sair com minhas amigas e nos esbarrávamos em algumas baladas, mas só nos cumprimentávamos, fiquei com alguns carinhas, mas nada passou de uns beijinhos, não queria um namorado, meu coração já tinha dono e por mais que eu tentasse arrancá-lo de dentro de mim ele permanecia lá, intocado, guardado. Eu cheguei a vê-lo com a talzinha duas vezes e quase morri.

Espera-me (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora