prólogo

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Arthur

Olhei para o terno sobre a minha cama e ainda não acreditava que teria que vestir aquilo, mas pela minha irmãzinha eu faria qualquer coisa, até mesmo pagar aquele mico. Terminei de me vestir e fui procurar por meu pai, pois eu não sabia dar o nó naquela maldita gravata. Atravessei o corredor e bati à porta de seu quarto.

— Pai? Posso entrar?

— Entra, filho.

Assim que entrei, minha mãe me olhou sem jeito e na mesma hora senti que interrompi alguma coisa, porém disfarcei e como se não percebesse nada, falei:

— Me ajuda com o nó desse troço. — Apontei para a gravata azul em minha mão.

Meu pai pegou a gravata, e rapidamente o nó estava pronto.

— Aqui está. — Meu pai me entregou a peça e eu a coloquei. Minha mãe veio em minha direção e me auxiliou.

— Como você está lindo, meu amor! — Ela beijou meu rosto repetidas vezes.

— Você também está linda, mãe.

Minha mãe era linda e eu morria de ciúmes dela. Quando andava ao seu lado, ficava puto com os olhares que a via receber e quando a chamava de mãe, as pessoas nos olhavam impressionados, pois eu puxara ao meu pai e minha estatura era alta e eu aparentava ser mais velho do que verdadeiramente era. Meus amigos viviam me enchendo, contudo, assim que eu falava o nome do Dr. Marcelo Medina, as brincadeiras cessavam.

— Está lindíssima — meu pai completou todo bobo.

Eu achava bonito o amor deles. Os olhos do meu pai brilhavam quando se direcionavam à minha mãe. E ela era a rainha daquela casa e fazia da vida da nossa família uma alegria só. A Aline, não era minha mãe biológica, contudo eu a amava tanto quanto à minha mãe biológica, Carla. Eu era um cara de sorte, pois tinha dois pais e duas mães e imaginem como foi para eu crescer rodeado por todo aquele amor e em uma família grande, pois do lado do meu pai Marcelo e da minha mãe Aline tenho dois irmãos: Luca com quase 18 e a Alice que hoje faz 15 anos e da minha mãe Carla e do Marcos, a Livy com 17 e o caçulinha Davi com 12 anos.

Para os meus irmãos, eu era o "mimadinho" da família. Se me perguntassem onde era minha casa, eu não saberia responder, pois acabava vivendo nas duas. Minhas mães sempre se deram bem, então eu nunca tive um lugar fixo, eu sempre estava onde desejava estar. Claro que, para que isso funcionasse, todos estudávamos no mesmo colégio. Sempre notei um distanciamento maior entre meus pais, mas eles se respeitavam, e em tudo que era referente à minha educação, eles chegavam a um acordo, sempre tomando o cuidado de escolher o que fosse melhor para mim.

— Filho, você pode buscar sua irmã e suas primas? E de lá você já pode ir direto para o salão de festas. Preciso buscar sua avó, e sua mãe ainda tem alguns detalhes para resolver.

— Claro! Agora sou um cara que tem carro. — Pisquei para meu pai. Assim que eu completara 18 anos, ganhara dos meus pais um Jeep Renegade preto. Eles disseram que eu merecia, pois tinha conseguido entrar na USP entre os primeiros para a faculdade de Medicina. Eu seguiria os passos do meu pai e um dia esperava ser um grande neurocirurgião.

— Thur, dirija com cuidado, por favor — minha mãe pediu com olhos preocupados.

— Pode deixar, mãe.

Desci as escadas e encontrei meu irmão digitando algo no celular.

— Ainda bem que você pagará esse mico comigo — Luca disse, revirando os olhos.

— Pela nossa irmãzinha fazemos tudo.

— Ainda bem que ela desistiu da gravata rosa. Eu não usaria aquilo de jeito nenhum.

Espera-me (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora