letter one (and last).

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antes de tudo kkk eu sei q a maioria vai pular mas, como eu sou movido a música e é dela q vem minha inspiração pra maioria das coisas q eu faço, eu queria deixar aqui uma música que eu já conhecia há um tempo mas, ao ouvir de novo esses dias, eu percebi q ela se encaixa um pouco com o conceito e a estória de riat. sinta-se a vontade pra ouvir kkk

só isso mesmo, coisa boba jfienwidf

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johnny inspirou fundo e com força, para depois expirar devagar, deixando todo o ar sair de seus pulmões de forma dolorosa e disse: - err... então é isso, né? - olhou para baixo, chutando algumas pedrinhas do chão com o seu pé direito, que estava calçado com seu all star branco padrão, porém cheio de desenhos que taeil um dia havia feito. sem falar dos rasgos e borrões pretos lá e cá.

- sim... é. - taeil acabou respondendo mais ríspido do que pretendia, mas não se arrependeu. era tarde demais para ambos para haver algum tipo de arrependimento. johnny se virou para o lado do grande córrego que passava de forma rápida por debaixo da ponte, sem parar. automaticamente pensou na quantidade de inícios e fins que aquele rio havia presenciado e achou engraçado o fato de estar sendo um dos responsáveis de mais um final, porém não conseguiu rir ou sorrir perante toda a situação.

moon, a mais ou menos um metro de distância de johnny, agora seu ex-namorado, também se apoiou no concreto que cercava a ponte. o som da água correndo mesclado com o som do vento acalmaria taeil, se ele estivesse em outro lugar, em outro dia, com outra pessoa... talvez a mesma pessoa, porém numa situação e dimensão diferente, onde tudo desse certo no final. já para o mais alto, todos esses sons juntamente com o barulho dos carros o davam náuseas e uma grande vontade de sair correndo dali, daquela ponte. de taeil, só para não estar tendo que passar por isso.

- o que vai ser de nós agora? - johnny perguntou, mais para si mesmo do que para taeil, mas o outro ouviu.

- não sei... - respondeu, apoiando um dos cotovelos no concreto, olhando para johnny, que continuava a olhar lá para baixo.

- será que seremos pelo menos amigos? - perguntou de novo. acontece que, bem no fundo, o mais novo queria manter moon por perto, de alguma forma, por mais que fosse o despedaçar inteiro o ter próximo e não poder o tratar da forma que o tratava antes.

- hm, acho que não. - respondeu o mais velho, depois de pensar bem e recebeu um olhar de receio de johnny, que continha um par de olhos marejados. - sabe, meio que precisamos passar por esse clichê de não nos falarmos mais pelos próximos dias, semanas, meses...

- ...anos? - concluiu o de cabelos escuros como a cor do céu naquela noite. a única diferença entre a cor do cabelo de johnny e a imensidão do céu eram as estrelas, que lá em cima cintilavam, enquanto o preto de seus fios parecia tão opaco quanto o brilho na cor de seus olhos.

- talvez. - moon sorriu fraco, sem mostrar os dentes, detestando ver o outro naquela forma, porém se mantendo firme.

o mais alto se reergueu, ajustando a postura e sacudindo a cabeça. verificou seu relógio de pulso, eram dez e meia da noite. sem pensar tão bem, johnny perguntou um "posso te abraçar uma última vez?" de uma forma um tanto desesperada.

- a-acho que sim... - moon respondeu gaguejando, apesar de serem os lábios de johnny que tremiam.

e o mais novo o fez. com o tantinho de força que existia nele, ele se jogou contra o corpo pequeno de taeil em frente ao seu, que cambaleou para trás. as braços foram direto ao redor do pescoço do menor, seu rosto, na direção do cabelo ruivo de taeil. inalou seu perfume pela última vez, tentando juntar todos os resquícios de moon antes de se soltarem... tão difícil como no dia em que ele teve que limpar todo o glitter que moon havia posto no rosto, no último halloween. taeil por sua vez, fechou com força os olhos, na tentativa de conter o choro que insistia em sair, enquanto suas mãos, pequenas em comparação as de johnny, foram para as costas do mais alto, agarrando o couro de sua jaqueta.

segundos depois, que mais pareciam horas, johnny foi o soltando devagar, levando rapidamente as mãos ao rosto vermelho pelo choro, na tentativa de escondê-lo. limpou rapidamente as lágrimas e taeil deixou escapar um suspiro sôfrego pela falta do calor que o corpo do outro o proporcionava.

fungando diversas vezes, johnny disse: - já está tarde, você quer que eu...

- eu posso pegar um táxi na próxima esquina, não se preocupe. - respondeu taeil, coçando a nuca.

- ah.

- eu acho que já vou indo, então...

- antes, - o ruivo foi interrompido quando virou-se na outra direção, voltando a ficar de frente para johnny - toma, leia isso em casa, por favor.

o mais novo o entregou o papel recém tirado do bolso de trás de seu jeans rasgado nas mãos de taeil.

- tá bom... - observou o pequeno pedaço de papel paltado dobrado em suas mãos trêmulas pelo frio.

- então...

- adeus, johnny.

- adeus, moonie... - johnny afundou as mãos no bolso de seu casaco, olhando para taeil uma última vez e partindo, na direção contrária do mesmo, lutando com tudo o que tinha para não olhar para trás e voltar correndo para ele. já moon, assim que viu o moreno virar a primeira esquina, desatou a chorar. e chorou muito, chorou tudo o que não havia chorado na frente dele e soluçou, sentido um aperto agonizante no peito. olhou para o papel, pensando se valia mesmo a pena ler aquilo. o amassou com força em sua mão esquerda e só parou quando sentiu suas unhas tocarem sua pele, jogando a bolinha lá em baixo, a vendo ser levada pelas águas. depois disso, seguiu seu caminho até o ponto de táxi mais próximo, indo para casa.

naquela noite, o céu também chorou, chovendo tudo o que podia ao presenciar mais um fim. e o rio, já acostumado, continuou correndo e correndo e levando consigo a última coisa que moon havia ganhado de johnny.

o que estava na carta provavelmente doeria ao ler, e mesmo tendo sido escrita com dor, já não importava mais. afinal, era só um pedacinho de papel.

𝗿𝗲𝗮𝗱 𝘁𝗵𝗶𝘀 𝗮𝘁 𝗵𝗼𝗺𝗲Where stories live. Discover now