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Kaiba acordou, espreguiçando-se longamente após mais uma noite sobre seus papeis. Era nessas horas que ele se perguntava por que ainda tinha uma cama no quarto sendo que praticamente não a usava. Ao olhar para seu laptop, que havia ficado ligado, pensou ter visto a luz da câmera acesa, mas foi um brilho tão rápido que pensou estar vendo coisas. Checou seu extrato mais uma vez para descargo de consciência, mas não havia mais nada além daquele desconto da noite anterior.

Desceu as escadas já completamente desperto e distribuindo ordens aqui e acolá via mensagens e telefonemas de seu celular. Apenas pegou uma xícara de café e depois seguiu para o centro da cidade checar pessoalmente a situação das vendas, que estavam indo melhor do que o esperado.

- E você pretende ficar me olhando até quando?

- Uau, seu radar é afiado, senhor Kaiba. Me desculpe, é que não pude deixar de perceber como as câmeras e os holofotes escondem o restante da sua beleza.

- Faz tempo que nenhuma garota se aproxima de mim para uma coisa dessas.

- Mesmo? Acho que sobra mais para mim, então. - a jovem de longos cabelos pretos piscou para ele.

- Não sei se fico perplexo pela sua esquisitice ou apenas te ignoro. Adoraria ficar para bater papo, mas tenho coisas infinitamente mais importantes para fazer.

- Eu vi a sua cara de quem estava gostando da conversa... Bem, acho que acertei quando coloquei meus olhos em você. 

Ela acompanhou Seto se retirando novamente para o carro com um sorriso tão contente quanto de uma criança que acabou de conhecer o Coelho da Páscoa ou o Papai Noel. No entanto, só naquela hora se lembrou de olhar o próprio reflexo.

- Oh céus, espero não tê-lo assustado com essas olheiras... Bem, como hacker não posso me dar ao luxo de dormir sempre, mas imagino que ele pode compreender isso. Acho que agora vou fazer mais algumas compras, espero que Seto não se importe.

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- E como estão as vendas, irmão?

- Excelentes. Com isso poderíamos até dar um bônus para os funcionários. - os irmãos se entreolharam por um instante e riram - Como se tal coisa fosse acontecer... E o orçamento, como está?

- Vamos ver...

Mokuba de repente franze a testa e passa a ler o que estava na tela do computador lenta e cuidadosamente.

- Seto, você por acaso fez alguma transferência pela manhã?

- Claro que não.

- Então veja por si próprio.

Kaiba teria um surto se fosse um trabalhador assalariado comum. Uma transferência de cinco mil de sua conta para outra que não fora identificada certamente estaria longe de ser uma taxa bancária. Não que aquela quantia o incomodasse, pois aquilo sequer lhe fazia cócegas, mas ninguém além dele tinha condições de fazer alguma transferência ou algo do tipo. Mesmo Mokuba estava limitado apenas a acessar o extrato, nada a mais.

- Só pode ser brincadeira. Tenho uma entrevista daqui três horas e terei que perder meu tempo no banco?

- Você é Seto Kaiba, irmão. É só chegar lá que todos vão te carregar no colo.

- Espero que tenha razão, Mokuba. Não estou com paciência e sequer espaço na agenda para besteiras daqueles incompetentes. 



Rosa NegraWhere stories live. Discover now