XI - De volta pra casa

Mulai dari awal
                                    

Sentei na cadeira e Sam sentou em um banquinho ao meu lado. Chegou perto, pegou minhas mãos e só então começou a falar:

- Cait, tenho tanta coisa pra te dizer, tanta coisa, mas primeiro eu queria te pedir perdão, se algum dia eu falei algo que deu a entender que eu te culpava pela perda do nosso filho. - Ele dizia já com lágrimas escorrendo pelo seu rosto, resolveu ajoelhar para continuar a falar. - Eu sei que te pedi para não entrar naquele avião, eu sentia, sentia que não podia deixar você ir, parece que eu sabia que algo ruim ia acontecer. Juro pra você que eu quis ir correndo e pedir pessoalmente pra você esperar, mas eu não pude e eu me culpo demais por isso.

Não podia mais segurar o choro, o choro que segurei por tanto tempo vinha em forma de lágrimas e de alívio. Precisava colocar aquilo tudo pra fora. Deixar ir embora todo aquele sentimento de culpa que eu carregava desde aquele dia fatídico.

As coisas entre eu e Sam estavam um pouco complicadas, não por nossa causa, acho que se tivéssemos nos apaixonado em outras circunstâncias, as coisas teriam ido por outros rumos.

Nosso amor não era perfeito! Haviam discordâncias, desentendimentos, às vezes um excesso de ciúme daqui e dali, haviam pessoas que não eram para existir no meio do caminho, havia um contrato proibindo a divulgação do nosso relacionamento, eram muitas coisas, mas sempre havia amor e no final das contas, a gente sempre se respeitou muito e sempre se entendeu. Mas as coisas saíram totalmente do nosso controle no momento em que mais precisávamos estar em paz.

Eu havia recém descoberto a gravidez e estava muito feliz apesar de não saber como as coisas seriam dali pra frente. Sam parecia uma criança tamanha sua felicidade. Já havia carinho, cumplicidade, muitos planos e um amor indescritível por aquele ser que se formava em meu ventre, fruto do amor que a gente nutria um pelo outro desde aquele teste de química. Não tinha como ser diferente.

Um mês e três dias foi o tempo exato que tivemos para curtir a gestação. Mesmo com o tempo curto e mesmo com nosso relacionamento em segredo foram dias maravilhosos. O cuidado de Sam comigo e com o bebê era sensacional. Ele chorou muito no primeiro exame que fizemos, conversava com minha barriga em toda e qualquer oportunidade, havia planos com sua empresa e estava estudando novos negócios, pensando em nós, em nossa família.

Já estávamos juntos há mais de um ano, mas como a gente já previa o nosso relacionamento não foi bem recebido pela mesa diretora da TV, já sabíamos disso, nossos agentes já tinham nos alertado, mesmo assim a gente tinha tentado, colocamos as cartas em cima da mesa e recebemos um grande ultimato: enquanto a série estiver no ar não poderíamos fazer nenhum tipo de revelação do nosso relacionamento. Depois disso, Sam começou a ser escalado para entrevistas e eventos diferentes dos meus, foi difícil, complicado. Havia uma pessoa sempre presente nesses eventos que Sam ia sozinho: Mackenzie Mauzy e aquilo me incomodava de uma forma que eu não entendia o porquê.

Em uma dessas viagens, Sam foi flagrado em alguns momentos ao lado dessa mesma pessoa, conversando em um bar, assistindo a uma corrida e até tirando selfies juntos. Tínhamos tido uma pequena discussão aquela noite, acredito que os hormônios, a saudade dele e todas essas questões do trabalho interferiram na minha capacidade de julgamento e eu julguei Sam de estar me escondendo coisas, não seria possível a presença daquela mulher em tantos eventos em que ele ia sozinho, ser apenas uma coincidência.

Ele desligou o telefone rapidamente, precisava voltar para junto dos outros, haviam muitas pessoas importantes para um networking. Eu sozinha em Glasgow, resolvi ir visitar minha família, apenas informei Sam através de uma mensagem que estava indo para Dublin.

Mas, mais uma vez Sam sabia que havia algo, mesmo sem eu dizer. Ele sabia que eu estava incomodada com a presença de Mackenzie nos últimos locais em que ele estava, sabia que o início da gestação era incômodo, que eu estava enjoada e enfrentando algum mal estar. Ele não queria que eu viajasse assim antes de uma boa conversa entre nós e tentou me pedir para ficar, mas eu fui. E nessa viagem eu perdi nosso filho.

A culpa me consumiu, eu acreditava que eu havia causado aquilo. E apesar de Sam nunca ter me culpado eu acreditava que de alguma forma, ele me responsabilizasse por isso. Foi confuso, eu estava muito machucada. Ele chegou em Dublin no dia seguinte quando eu já estava hospitalizada, mas eu não tinha coragem de olhar em seus olhos, não havia forças para encará-lo e então pedi que fosse embora.

Sam agora estava quase soluçando, o choro vinha compulsivo, eu o vendo assim só partia ainda mais meu coração. Eu o abracei, deixei que meu corpo falasse por mim, dizer que eu não o perdoava porque não havia nada a que perdoar, dizer que eu o amava demais e que em nenhum segundo desse tempo eu deixei de amá-lo.

Nossos rostos foram se aproximando e sem a gente perceber um beijo surgiu entre lágrimas.

Seus lábios, aqueles que eu beijei a primeira vez como Claire, os lábios que eu sempre encontrei refúgio, a boca que eu já conhecia tão bem, seus beijos eram sempre firmes, eróticos, ali estavam trêmulos, inseguros, mas era o mesmo Sam e beijá-lo era como reencontrar meu lar, era como ir de volta pra casa.

Quando nasce o amor? - Sam & Cait (Outlander)Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang