Quem nunca teve medo de montanha russa?

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Difícil imaginar alguém que já fosse capaz de caminhar com as próprias pernas nos anos 80 e, principalmente nos 90, morando próximo de São Paulo e entrado em um ônibus cheio de adolescentes energizados com achocolatado e muito açúcar e seguir para o parque passar um dia de correria e diversão no PlayCenter.

Talvez a galera que nasceu depois dos anos dois mil não tenha passado por essa experiência, mas a verdade é que, muito antes de se sonhar com a Disney ou mesmo passar frio em algum parque aquático, o PlayCenter era o centro de diversões mais cobiçado por essas bandas.

Lembro que a primeira vez que coloquei os pés lá eu tinha ainda meus doze anos e mal podia suportar a ansiedade. A primeira excursão – porque ninguém ia sozinho, a gente ia de excursão – havia sido adiada, o que só aumentara a minha ânsia por conhecer os tão famosos brinquedos.

A expectativa, claro, só foi superada pelo medo, admito. Já tentou olhar para uma montanha russa do chão aos doze anos? Pois é, quando me deparei com aquele amontoado de ferro suspendendo um carrinho todo aberto em uma altura que eu, com certeza, morreria várias vezes se caísse, arreguei. Para não dizer que foi uma covardia completa, desisti dos brinquedos depois de ir no Enterprise, que era uma cabine que girava muito rápido em 360 graus. A experiência me fez abandonar qualquer coragem que pudesse restar em mim.

Mas tudo mudou na segunda visita. Meus melhores amigos não foram nessa excursão, o que, naquela idade – uns 13 anos – poderia significar a morte, mas encontrei alguns conhecidos e acabei obrigado a enfrentar alguns brinquedos mais assustadores. E até que levei de boa. Não a ponto de evitar hiperventilar enquanto esperava na fila, perguntando a mim mesmo a razão de nunca ter aprendido a rezar corretamente, mas o suficiente para não desistir no caminho e virar chacota eterna.

Nas visitas seguintes – que foram várias – eu já encarava o parque como um velho amigo. Mesmo os brinquedos mais novos e radicais eram vistos com animação. Principalmente depois que eu comecei a pagar com meu próprio dinheiro os passeios e me dei conta que pagar para ir em um parque e não aproveitar os brinquedos era um desperdício e não há nada que eu tema mais do que gastar dinheiro à toa.

Infelizmente, o parque "morreu" já há muitos anos, eu conheci outros parques, tive o privilégio de conhecer a Disney e Universal, que são incomparáveis, é verdade, mas sem dúvida, na minha "Divertida Mente", sempre haverá um espaço especial reservado para lembrar dos dias de correria, diversão, refrigerante quente, salgadinho com forte cheiro de queijo e, claro, um medo quase incontrolável de montanha russa nos dias de PlayCenter. Mas quem é que nunca teve medo de montanha de russa. 

Quem nunca teve medo de montanha russa?Where stories live. Discover now