A cara da Julia é de desgosto ao pisar do lado de fora, sobre os maiores saltos que já vi na vida.

— Escuta, eu não quero ir parar na mídia, muito menos por ser a outra. Então me faça o favor de fingir que eu não existo. Se você teve coragem de trair ela uma vez, espero que fique bem longe de mim, caso contrário eu vou ignorar tudo que sei sobre a lei e... — um estagiário passa devagar por nós, e ela suspira — e fazer você chorar. Não no bom sentido, se é que há um bom sentido para isso.

— Nós estávamos separados, ela havia me traído, mas aí ela me pediu desculpas e nós voltamos e você surgiu.

O sorriso dela guarda um milhão de palavras não ditas.

— E que diferença isso faz no que eu falei? Sério, eu já me envolvo com gente bastante perigosa, não preciso de holofotes sobre a minha cabeça apontando onde estou a cada passo que dou. Isso pode significar a minha vida.

Esfrego a cabeça.

— Temos que entrar em um acordo quanto a isso. Alguém já vazou que eu me casei para a mídia. Ninguém sabe com quem, mas eles descobrirão, mais cedo ou mais tarde. Você pode precisar tomar cuidado.

— Eu não tenho tempo para precisar tomar cuidado, Dustin. Tenho um monte de clientes precisando de mim, um monte de inocentes presos injustamente.

O riso é inevitável.

— Que foi?

— Você e esse papo de inocentes novamente. Olha, eu juro que a última coisa que eu queria era que o mundo soubesse que estou casado com alguém que solta a escória do mundo para ele. Mas é o que é.

— Eu não... quer saber? Se você quer acreditar nisso, vá em frente. A escória do mundo, por Deus. — ela dá risada e um passo para trás — Como se uma mulher desse tamanho fosse capaz de lidar com a "escória". Eu estaria morta em dez segundos.

— Não se você oferecesse ajuda a eles, que é o que você faz.

Ela entorta a cabeça.

— A nossa definição de maldade é claramente diferente. Não posso ficar aqui discutindo com você, tenho que trabalhar para libertar "criminosos". Fique aí, se quiser. Mas cuidado, aparentemente estou envolvida com gente barra pesada. Ai que engraçado.

Acompanho os passos dela para longe de mim com atenção. Quanto ela deve medir pra usar saltos tão grandes? Não lembro dela, por isso não faço ideia se já a vi sem eles, mas não deve ser muito mais que um e meio. Se é que chega a tanto.

Não tenho muito o que fazer enquanto aqui em Atlanta, então fico no prédio mesmo e uso a desculpa de ser marido da Julia para quem pergunta. Vejo fotos dela nas paredes, assim como dos sócios. Alguém pigarreia atrás de mim e me viro.

— Quem é você e o que faz rondando o escritório da Julia?

— Dustin, marido dela, olhando.

Ele me encara por cinco segundos e explode em risos. Chega até a chorar de tanto rir. Não sei o que eu disse de engraçado.

— Ah, desculpa. Marido dela? Você é mais um dos loucos apaixonados, não é? Pobre rapaz.

O sotaque francês dele passa a me irritar depois disso.

— Eu não estou apaixonado por aquele pequeno demônio, e sim, nos casamos em Vegas. E você é...?

— Amigo, você quer que eu te leve a sério se não sabe nem quem sou? A Julia teria falado de mim, eu sou o melhor sócio, melhor ex, melhor tudo da vida dela. Apesar dela ser sim um pequeno...

Quando em VegasWo Geschichten leben. Entdecke jetzt