R e i g n i t e

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Acordei com a iluminação matutina resplandecendo nosso quarto por inteiro. Lalisa dormia calmamente, depois de uma noite salaz entre nós.
Eu a observava, em silêncio, resvalando o indicador em seu nariz.

Tudo estava tão sereno, uma primorosa manhã de sábado. Depois de ouvir o barulho do relógio continuamente, me espreguissei e beijei sua testa. Levantei, colocando água pra ferver, e depois, indo ao banheiro.

Preparei o café da manhã dela e me vesti, prendendo os cabelos e pegando minha bolsa.

-Bom dia!-a voz assonorentada de Lisa saiu baixa.

-Ah, você acordou! Bom dia! Vou na casa da Irene, suas torradas estão na mesa e o café, no bule! Volto daqui a pouco para irmos ao mercado, tudo bem?

-Sim!-respondeu, e devagar, andou até o banheiro.

Na maioria das vezes, nossas manhãs eram assim, isso se não tivéssemos desencontros por causa dos nossos trabalhos, até mesmo nos finais de semana, quando surgem imprevistos.

Depois de fechar a porta e descer as escadas, passei pela portaria e andei até o estacionamento. O vento leve dava um clima agradável e a luz fraca do sol, abastecia ainda mais meu bom humor.

O tráfego estava leve, e poucas vezes foi preciso parar no sinal, então eu diria que o dia estava tranquilo. Não foi difícil conseguir um lugar para estacionar, não demorei muito para chegar ao interfone e chamar por Irene.

-Já te liberei, pode subir!

A voz dela estava fraca, provavelmente, por causa de uma péssima noite de sono. No elevador, eu respirava fundo a cada sete segundos, pensando no que dizer para animá-la. Dei apenas duas batidas na porta e sorri, assim que ela girou a maçaneta.

Com um "olá" baixo, ela completou a minha chegada. Seu apartamento estava sem vida, como se tivessem levado toda a felicidade que ficava estampada logo na porta. Mesmo após me receber e ficarmos na cozinha, preparando algo para bebermos, ela permanecia em silêncio.

-Como você está?-perguntei a Irene, depois que ela preparou uma xícara de chá para mim.

-Com saudades!-ela respondeu.

Depois que Seulgi se alistou na formação de elite dos rangers, para força aérea, Irene se distanciou de todos e ficou com um olhar extremamente soturno.

-Ela te mandou alguma carta? Algum telefonema?-perguntei, a olhando.

Ela encarava o lado de fora, como se não estivesse me ouvindo, inerte em memórias com Seulgi. Me aproximei dela e me ajoelhei em sua frente, pegando em suas mãos.

-Olha, sua saudade e seu nervosismo são totalmente coerentes com a situação! Ela está longe, mas isso só serve pra que tenhamos mais orgulho dela! Seulgi é corajosa e quer deixar sua marca onde quer que esteja! Enquanto isso, dê orgulho a ela também! Reforme o apartamento, continue escrevendo seus livros e grave tudo isso, e quando ela voltar,  assista aos vídeos com ela!

Virando seu rosto para mim, ela sorriu de forma amável.

-Obrigada!-falou, e me abraçou.

Eu me questiono todos os dias sobre o que eu faria se um dia, Lisa também fosse para longe de mim. Depois desses anos juntas, não me imagino acordar sem vê-la descabelada do outro lado da cama.

Saber que ela jamais cogitou fazer o mesmo que Seulgi, de certa forma, me conforta, mesmo que talvez, nada seja para sempre.

Irene e Seulgi estão juntas a mais tempo que eu e ela, mas não meço sentimentos por dias, meses ou anos.

KILL THIS LOVE | jenlisaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora