Alan começou a choramingar ao ver as imagens, seu estômago se embrulhando. Gael parou de falar quando viu Alan lhe dando as costas e caminhando o mais rápido que podia ao refeitório, com vontade de chorar.

CARALHO! Por que Gael tinha que mostrar os vídeos mais horrendos para ele? Alan se esforçava muito para permanecer firme, mas seu coração ainda permanecia como o de um ômega: sensível. Gael não sentia mesmo empatia pelas emoções que poderia causar nos outros.

– Alan! Espere! – Exclamou, correndo atrás de Alan que segurava seu estômago com força, seus choramingos chamando a atenção de outros alfas.

Aquilo destruiu Gael, ainda mais por saber que ele era o responsável. Será que aquilo era impactante demais? Ele assistiu aquilo diversas vezes quando era criança, quando sua mãe lhe mostrava, tentando fazê-lo sentir compaixão. Ele mesmo supunha que o humano ignorava a dor alheia e a carnificina, mas então por que ele estava choramingando?

– Eu passei tanto tempo preparando e experimentando até que estivesse perfeito. Eu fiz para você, mas... mas foi um erro. Desculpe, eu não vou fazer de novo – Grunhiu, sua voz se tornando cada vez mais frágil. Prestes a estilhaçar. – E depois você mostra a porra daqueles vídeos!

– Perdoe-me! Eu não desejava ser rude e...

Silêncio, antes de se perceber um baque. Alan olhou para trás, ouvindo grunhidos de Gael que estava no chão, os cotovelos apoiados no piso enquanto as mãos massageavam atrás da cabeça.

Gael não teria se jogado no chão propositalmente, e quando ouviu risinhos vindo ao lado, Alan confirmou suas suspeitas.

– Eu mal posso acreditar que esse autista nojento vai se formar antes da gente – Um garoto debochou. – Esse filho da puta deve ter chupado os profes...

– Algum problema? – Alan rosnou e os dois garotos deram um pulo, sem saber que mais alguém tinha visto.

– Ah, eu... eu...

– Bem, o autista aqui é bem mais inteligente que você e seu amigo estúpido juntos. Admita logo de uma vez que ele é melhor que você e é por isso que ele sempre estará na frente dos dois até mesmo na formatura – Alan se aproximou, exalando feromônios agressivos que eram antinaturais de ômegas. Mas ele conseguia ser intimidador quando queria. – Agora peça desculpas por ter sido tão inconveniente. AGORA.

O garoto ômega pediu perdão várias vezes, antes de correr para longe, mas o outro ainda continuava calado, seu corpo estremecendo sob os feromônios. Ele não daria o braço a torcer.

– Você quer que eu repita de outra forma? – Puxou o garoto para si, fazendo seu corpo se chocar com o do outro que cerrou os olhos; Alan rosnando perto demais de seu ouvido.

– D-desculpa...

– Mais alto! Ele não deve ter ouvido – Jogou o garoto no chão que por pouco não caiu em cima de Gael que ofegou, se afastando assustado.

Ele nunca tinha visto Alan assim: parecendo possuído pelo instinto de um alfa.

– Caralho, você é surdo ou só é um demente mesmo? – Alan chutou o garoto que gemeu, se curvando sob o chão, antes de olhos medrosos se voltarem para Gael que tremia tanto quanto ele.

– DESCULPA!

– O que acha, Gael? Deve-se perdoá-lo ou não? – Sua voz suavizou quando se voltou para o albino que engasgou, querendo acabar com aquilo o mais rápido que podia.

– O-ok...

Alan puxou o alfa para cima, fazendo-o ficar de pé antes de um sorriso estranho rasgar seus lábios e por fim socar o rosto do garoto que revirou os olhos de dor, rosnando baixinho enquanto sentia o gosto metálico do sangue.

– Se eu vê-lo irritado Gael novamente eu vou sentir tesão em quebrar cada osso da sua cara, filho da puta mesquinho. Agora vaza.

Soltou o garoto que quase cambaleou, a mão segurando o nariz com força, algumas gotas de sangue caindo no chão quando ele correu o mais rápido possível para o banheiro.

Alan se virou para Gael uma última vez, seus olhos ficando tristes subitamente; a agressividade o abandonando aos poucos enquanto ele caminhava lentamente até a saída, onde Judith e Elias o olhavam alarmado.

Tudo isso foi como o soco que o garoto recebeu só que em Gael, que tentava recuperar seus sentidos aos poucos. Pensou em chamar Alan e refletiu consigo mesmo em alguma coisa que poderia dizer para amenizar a situação.

– Alan! Espere!

Se levantou do chão e tentou ir até ele, mas Alan fez um sinal que fez Gael se paralisar; a voz do ômega parecendo cansada:

– Esqueça tudo isso, Gael. Essa merda toda foi um erro desde o início.

StrangerWhere stories live. Discover now