One Moment

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   Lá estava eu, andando sozinho com meu rosto melancólico pela minha velha cidade, pensando como seria a melhor maneira de simplesmente desaparecer. Eu olhava para todos os lados e qualquer coisa me lembrava dela, lugares que íamos, coisas que fazíamos, o rosto dela, eu só queria não estar ali e não ver nada.
Eu namorava uma mulher, eu amava ela, ficamos juntos por 3 anos, mas ela simplesmente se enjoou de mim, disse que estava cansada de estar sempre com a mesma pessoa, talvez eu fosse um pouco grudento, mas nunca achei que isso aconteceria, e agora? Agora eu estou vagando sem rumo durante uma fria noite em minha cidade.

Continuo minha caminhada até chegar em um ponto de ônibus, ele era coberto, e uma vez me abriguei da chuva com ela nele, mesmo sem precisar de nenhum ônibus nós sentamos no ponto e ficamos juntos até a chuva passar, eu sento no banco e começo a lembrar de seus braços em volta de mim, mesmo naquele dia frio e chuvoso nós estávamos bem aquecidos nos braços um do outro, começo a chorar enquanto lembro disso e penso que nunca mais vou ter seus braços de volta para me segurar, mas eu estou frágil, triste e desesperado, queria qualquer braço para me segurar.
Um jovem que chega no ponto começa a me observar enquanto eu choro, eu percebo e logo paro, limpo meu rosto, me levanto e continuo andando. Passo por baixo de um viaduto, era caminho para minha casa, eu tinha que voltar para casa apesar de não ter outro lugar para ir, mas eu não queria, ela já ficou tanto tempo lá que aquele lugar é só mais um poço cheio de memórias para destruir meu psicológico, eu não quero ir para casa, começo a me divergir do caminho de casa, vou para casa de um antigo amigo, fazia tempo que eu não falava com ele, mas ele lembraria de mim, vou perguntar se posso dormir na casa dele por uma noite, contar o que aconteceu, talvez ele se sinta fragilizado por mim e me deixe ficar.
Caminho e caminho, pensando e pensando em milhões de coisas até finalmente chegar na casa 172, a casa do Michael meu amigo, mas algo parece estranho. Eu vou me aproximando do portão quando aparece um cachorro na garagem, eu fico surpreso pois não sabia que ele tinha um, talvez isso acontece quando não se fala muito com um amigo. As luzes da sala se acendem e uma mulher velha aparece para acalmar o cachorro que não parava de latir, ela chega perto do portão olha para mim e diz:
- Posso ajudar?
- Pode sim, eu sou amigo do Michael você pode chamar a mãe dele que ela me conhece e vai me deixar entrar – falo enquanto confuso após ver o rosto da mulher pois nunca tinha visto ela.
-Michael? – pergunta ela confusa
- É, Michael Figi, do cabelo espetado, usa muito gel.
- Ah! Figi, eu e meu marido compramos a casa deles, eles não devem ter te avisado.
- Eles venderam a casa?! Entendo, obrigado senhora, desculpe o incomodo.
-Relaxa meu garoto, incomodo nenhum, fique bem e ande com cuidado – disse a velha enquanto ia devagar para dentro de sua casa e fechava a porta.
Cansado, meu pé doía de usar aquele tênis, eu não gostava do tênis, mas ela gostava, eu usava só quando ia ver ela, e agora nós não existimos mais, não tinha mais porque usar aquele tênis, não ia conseguir voltar para casa, era uma distância considerável da casa do Michael até a minha, então eu ando até uma praça ali perto. Sento no banco e começo a pensar se seria aquilo o fundo do poço para mim, se nada mais fosse dar certo naquele momento, mas dentro de mim eu sabia que se aquilo era o fundo do poço as coisas iam ter que melhorar dali em diante, enquanto olho para os meus tênis com raiva, desamarro os cadarços, tiro um de cada vez e jogo eles para longe no parque, minha meia do pé direito está com uma mancha de sangue no dedão, isso explica a dor que eu estava sentido, eu tento não mexer, começo a considerar dormir no parque, não é o melhor lugar, mas era uma das minhas melhores opções se eu quisesse não sofrer mais por mim mesmo.
Enquanto tento organizar meus pensamentos de cabeça baixa, eu ouço passos chegando cada vez mais perto de mim até pararem na minha frente, eu olho para o chão e vejo uma bota preta com o final de um sobretudo cobrindo a perna, enquanto eu vou subindo meu olhar desenho em meu cérebro a imagem de uma mulher de curtos cabelos negros segurando meu par de tênis que eu tinha jogado longe, quando ela percebe que eu a vi ela fala:
- É um par de tênis bem bonito você não deveria jogar fora assim, pelo menos doe para alguém se você não quer mais, não jogue fora assim – termina de dizer ela esticando os braços com os tênis nas mãos.
- Obrigado moça, mas como pode ver o tênis está machucando meu pé, não quero mais ele.
- Só por causa disso você jogou ele longe como se fosse nada, você ainda desconsiderou a chance de doa-lo ou o tênis te fez algo muito errado ou tem coisa a mais na história.

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⏰ Last updated: Mar 21, 2019 ⏰

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