Capítulo 1

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Áthiss - Norte de Whintermoon

Os cavaleiros saíram pelos portões do castelo numa procissão silenciosa, juntamente com os soldados juramentados, os escudeiros e toda a Guarda Real. As bandeiras brancas e douradas estampavam o brasão e o nome de Áthiss. Logo atrás, os homens carregavam o corpo do rei Bolraac, enrolado num pano branco, numa cama de madeira forrada de palha e junco. Fergus, filho do rei e o primeiro na linha de sucessão, caminhava desolado ao lado de seus irmãos Gawin, Sibilly e Ronar. A morte repentina do rei do Norte abalou a todos.

Fergus caminhou ao lado da irmã de cabeça erguida. Em sua mente, as últimas palavras do pai ecoavam como marteladas em sua mente: "Eu fui envenenado". Será? Pensou o jovem príncipe. Ele tentou lembrar da ceia na noite anterior. Sabia que a aliança feita com Edwin meses atrás, era no mínimo questionável. Porém não percebeu nenhum indício de que houve traição. Edwin era um rei inteligente demais para atentar contra a vida de seu pai. Embora todos os outros reinos o odiassem por sua malevolência, Fergus não tinha nada contra ele, mas também não nutria sentimentos bons.

A procissão seguiu até o alto da montanha. Ele já havia perdido sua mãe, há alguns anos, morrera no parto de Ronar. Seu pai não havia se casado novamente, mas dispunha de várias meretrizes para o aquecer nas noites frias. Tal prática era comum nos reinos, e não era condenável, não para os homens.

— O aviso sobre a morte do rei foi expedido agora pouco por um de nossos homens. Logo, toda Whintermoon saberá de nossa perda — Lord Willian disse. Ele era o melhor amigo de Fergus, uma amizade vinda de longa data.

— Obrigado, Will.

— Acha que pode ser verdade? — perguntou enquanto cavalgava lentamente ao lado do amigo.

Fergus o encarou.

— Não sei. Mas vou colocar os meus melhores homens para investigar. Meu pai não teria dito aquilo se não soubesse de algo.

— Acha que Edwin tem algo a ver com isso?

Ele colocou uma máscara impassível no rosto.

— Para o próprio bem dele, espero que não.

— Sua coroação será daqui alguns dias, assim que passar o luto. Todos esperam que se case logo com a princesa Rhannya. O norte anseia por uma Rainha.

Fergus sorriu, mesmo em meio a tristeza. Pensar em Rhannya deixava seu coração mais calmo. Ele a amava. Já teria marcado a data do casamento se o pai não estivesse tão disposto a manda-lo para a guerra que se formara no Sul. Com a aliança formada com Edwin, todos teriam que lutar. Mas, agora que seu pai morrera, ele não mais precisava honrar as palavras do pai.

— Preciso de mais um favor, Will.

— Diga, meu príncipe.

— Envie um mensageiro para o Sul. Quero que diga ao Rei que nossa aliança está desfeita.

— Mas Fergus, o rei deu a sua palavra.

— O Rei está morto, querido amigo. Agora eu tomo as decisões. Não quero uma aliança e muito menos uma guerra contra os reinos.

— O norte poderá sofrer retaliação, meu senhor.

— Edwin não será tão idiota. Sabe que podemos esmagá-lo, além disso, não vejo como conseguirá se aliar a mais ninguém. Ele é astuto, claro, mas sua arrogância o impede de ver o que está bem diante de seu nariz; jamais conseguirá usurpar o trono de Demétrius. Também não posso me aliar a um homem que quer destruir o reino de minha futura esposa. Meu pai tinha seus interesses, era contra meu casamento. Só que ele não está mais aqui. Agora as regras são minhas.

Lord Willian não ousou protestar.

— Acha que Demétrius concederá a mão da princesa ao futuro rei do Norte?

Fergus deu um sorriso presunçoso.

— Claro que sim.

O rei Bolraac foi enterrado com todos os rituais ao lado de sua esposa falecida. E, naquela noite, foi dada uma grande festa em homenagem a ele. Todos vestidos de preto em respeito ao luto que durou sete dias. O reino estava esperançoso após as palavras de Fergus. Eles não duvidavam de que o filho do rei seria tão bom quanto o pai fora em todos os anos de reinado.

Quando passou o luto, Fergus foi coroado com toda a pompa de um verdadeiro rei. Estavam presentes quase todos do vilarejo próximo ao castelo, lords, príncipes e princesas, inclusive sua amada, Rhannya que fora na companhia de seu pai, o rei do Oeste. Eles formaram uma aliança de sempre se proteger, e então, Demétrius concedeu a mão de sua única filha a ele.

E, após sua coroação, Fergus fez um anúncio real sobre o casamento que aconteceria dali há um mês. Porém, Edwin não ficou satisfeito com o término da aliança nem tampouco com o anúncio do casamento, que selaria de vez a paz entre os dois reinos. Ele achou uma afronta. Logo, ele achara um jeito de fazer com que Fergus não se unisse a Demétrius, pois isso colocaria toda a sua estratégia em risco. O Norte já era o reino mais forte, seguido pelo Leste, governado pelo temível rei Draccon, o qual ele nutria um ódio mortal. Se Demétrius e Fergus se tornassem aliados, ele jamais conseguiria se vingar de Draccon, e Edwin precisava da antiga aliança que tinha com o Norte. Precisava da força, dos soldados e de toda a estratégia.

Uma semana antes do casamento, Edwin ordenou uma emboscada na floresta entre o reino de Zagoth e Áthiss. Claro que ele não a mataria nas terras de Fergus, pois seria um erro. Uma declaração aberta de guerra. Porém, o rei insano agiu com tamanha esperteza. Dois dias antes ele havia mandado seus homens sequestrarem quatro soldados do leste. Seus homens os mataram e usaram suas vestes para saquear a carruagem que levava a princesa Rhannya até o Norte. Ele pediu para que não matassem a todos. Queria garantir que Fergus soubesse que quem matara sua querida e linda futura rainha, foram os homens de Draccon.

Ele sorriu com o sabor da vingança. Sabia que era uma questão de tempo até se aliar novamente a Fergus e incitar uma invasão nas terras de seu inimigo.

Os preparativos para o casamento estavam indo de vento em popa. Fergus se sentia o homem mais afortunado do mundo por se unir a mulher que amava, que havia tomado o seu coração. Mas, sua alegria não durou muito.

Lord William lhe trouxera naquela noite, a pior notícia de sua vida.

Sua amada Rhannya Whaldbard estava morta.

Fergus achou que não aguentaria tamanha dor. Porém, juntou toda a sua fúria para punir os responsáveis. Poucos dias depois, ele ordenou aos seus homens uma chacina no vilarejo do Leste, e pediu para que os sobreviventes levassem um recado a Draccon: Ele pagaria pela morte de Rhannya e o Leste sucumbiria na dor e no sangue que ele faria jorrar de cada herdeiro de sua linha de sucessão. Foi então que Draccon percebeu que ambos caíram em uma cilada, e não precisava ser muito inteligente para saber quem estava por detrás disso, só que Fergus estava cego pela fúria. Nada do que dissessem a ele, o faria mudar de ideia. Ele iria aniquilar o Leste e não pouparia esforços para isso.

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Logo logo eu volto com um capítulo extra :)

bom dia :)

A RAINHA DO NORTE  Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang